Aparentemente não é mais do que uma placa gráfica que cabe na palma da mão, com uns modestos trinta gramas e dez centímetros de comprimento, porém a sua simplicidade esconde bem as múltiplas funcionalidades que possui. O BITalino nasceu no Instituto de Telecomunicações(IT), em 2012, e tem vindo desde então a conquistar o mundo. Consiste num kit eletrónico que disponibiliza sensores fisiológicos com aplicação em áreas tão diversificadas como a eletrocardiografia, a eletromiografia, a atividade eletrodermal ou o desporto. Os sinais recolhidos podem ser consultados e armazenados numa aplicação desenvolvida para o efeito – OpenSignals.
A ideia da equipa do Instituto de Telecomunicações, em parceria com a empresa tecnológica Plux, surgiu das necessidades decorrentes de uma investigação em curso. O custo deste tipo de hardware fez despoletar a vontade de criar algo de código aberto. A plataforma não podia ter sido mais bem conseguida e está a ser um sucesso, desde 2013, altura em que foi licenciado à Plux e colocado no mercado.
Desde então até aos dias de hoje, aplicações para o BITalino não faltaram, desde a utilização em drones e robôs, sistemas de controlo de portas através da contração muscular do investigador, ou numa planta que “tuita” as condições atmosféricas. Basta um pouco de imaginação para conseguir criar algo através dos seus sensores fisiológicos, pois tal como afirma a professora Ana Fred, uma das investigadoras responsáveis pelo projeto, o que o destaca é o facto de ser “o primeiro sistema a ser realizado no mundo com esta completude de aquisição e visualização de bio-sinais de forma muito simples, podendo ser utilizado por pessoas sem qualquer conhecimento em eletrónica nem em programação”.
A sua arquitetura em estilo “Lego”, foi estrategicamente pensada “para que os vários módulos de sensores se possam organizar de acordo com as necessidades / objetivos de cada tipo de utilizador”, explica a professora Ana Fred, referindo ainda que “tanto quanto sei, continua a ser o único sistema com estas características de baixo custo e flexibilidade, tendo sido adotado quer por universidades em todo o mundo”, e também por muito criadores o que explica a utilização do mesmo em várias aplicações dos mesmos na internet.
O projeto tem evoluído ao longo dos tempos, quer em termos de processamento e análise de sinais quer a nível de desenvolvimento de sistemas embebidos. O projeto inicial teve continuação em outros projetos internos do IT, nomeadamente o HeartBit. Do conceito e das várias aplicações já resultou uma patente, diversos prémios e uma start up: a CardioID.
Apesar da versatilidade da plataforma, o objetivo central do BITalino passará sempre por contribuir para a saúde e o bem-estar numa perspetiva personalizada. Em alguns casos pode mesmo fazer a diferença numa vida, e se não acredita imagine um tetraplégico a abrir uma porta apenas com um piscar de olho.