Campus e Comunidade

108 anos a formar e reconhecer talento

A sessão solene deu início às comemorações do aniversário do Técnico e contou com a presença de vários intervenientes com ligação à escola.

“Estamos todos de parabéns”, dizia Gonçalo Azevedo, presidente da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) na sua intervenção na sessão solene do Dia do Técnico, desta quinta-feira, 23 de maio. Assim era e assim todos o sentiam.  A cerimónia é, ano após ano – e este não foi exceção – um ponto de encontro de pessoas, objetivos, histórias e reconhecimento. Os 108 anos, celebrados ao longo de todo o dia, são uma marca que inevitavelmente gera a responsabilidade e o orgulho, que eleva a exigência enquanto se constroem lições, mas que não atenua a vontade de inovação. Tudo isto ficou bem expresso nas várias intervenções que pautaram a cerimónia. A excelência, essa, é um ponto de ordem e de ação, de sempre e de todos.

A abertura da sessão ficou a cargo do presidente do Técnico, professor Arlindo Oliveira, que através das suas palavras e de uma seleção dos momentos mais marcantes permitiu à audiência uma retrospetiva do último ano. Os prémios, o reforço dos quadros da escola, o aumento da rede de parceiros, o crescimento exponencial de algumas startups que surgiram no Técnico, o investimento feito na melhoria da eficiência energética, e o lançamento do “Técnico+” foram apenas algumas das iniciativas elencadas pelo presidente do Técnico. “Não vos nego que tivemos desafios extremamente relevantes e difíceis”, apontava a determinada altura. As dificuldades identificadas em processos como a implementação do novo sistema de gestão financeira da Escola, a questão do emprego científico, ou ainda do reduzido financiamento das instituições de ensino superior eram algumas das dificuldades que referia e que acabou por explorar depois de forma breve. “Considero excecional que o Técnico, assim como outras escolas portuguesas, consigam desempenhar a missão que desempenham e formar engenheiros e outros graduados de grande qualidade com recursos que são muito limitados”, acentuava.

Detalhes obrigatórios no alinhamento desta cerimónia, os momentos de distinção repetiram-se este ano e ao longo da sessão, mudando-se apenas os protagonistas. Os docentes Fernando Branco e Mário Figueiredo, escolhidos para receber o título de “Professor distinto do Instituto Superior Técnico”, seriam os primeiros a subir ao palco. Depois da entrega do notável diploma foi altura de ambos transformarem em palavras a emoção de o receber.

“Um colega meu especialista em expressão oral costuma dizer que quando falamos para um público devemos começar com uma frase que prenda a atenção”, dizia o professor Fernando Branco. Com um “era uma vez”- que agarrou a audiência – o docente introduzia uma viagem pelos muitos e assinaláveis feitos profissionais da sua carreira. O professor distinto aproveitava depois o momento para deixar duas mensagens importantes na sua ótica: “a primeira de agradecimento a todos os meus colegas e colaboradores que ao longo destes anos me ajudaram muito e permitiram-me fazer tudo aquilo que fiz; e a segunda é a ideia de que continuo a achar muito importante que haja professores no Técnico que também são engenheiros”.

Bem avisaram o professor Mário Figueiredo de que seria “muito mais difícil receber esta distinção do que dar uma aula” e no decorrer do seu breve, mas intenso discurso, perceberíamos como já o estava a sentir. “O enorme orgulho e satisfação”, que começava por frisar ficou bem expresso na emoção que caraterizou toda a sua intervenção. “Esta distinção coloca-me num grupo de colegas que muito admiro e recebê-la da escola onde ingressei com 18 anos em 1980, e da qual não voltei a sair enche-me de uma enorme satisfação”, justificava. A sua intervenção foi pautada por um leque de sentidos agradecimentos a todas as pessoas que marcaram o seu percurso, e para terminar o docente deixou algumas palavras sobre o papel mais importante a desempenhar por um professor: “o da motivação e o estímulo da curiosidade”. “É essa curiosidade que coloca as pessoas em estado de absorver conhecimento”, enfatizava o professor Mário Figueiredo. “Nada me dá mais a sensação de dever cumprido como professor do que um aluno dizer no fim da aula que aquele assunto é mesmo interessante”, garantia.

De membros da plateia e aplaudidores ativos, os docentes excelentes passaram a ser o foco do momento que se seguia. Dos mais de 200 docentes excelentes do ano letivo de 2017/2018, cerca de cem recebiam o diploma que resulta de um reconhecimento dos próprios alunos do Técnico, apurado através do conhecido sistema de garantia da Qualidade das Unidades Curriculares (QUC). Também com base nas respostas dos QUC são apurados os vencedores do “Prémio IST Excelência” no ensino, entregues, desta feita, aos professores Aleksandar Ilic e Nuno Mamede.

Com um “nervosismo” confesso e “muita satisfação” a funcionária não docente, Cecília Moreira, subia a palco para representar aquela que também é uma fração importante da comunidade do Técnico.  Gratidão e resiliência foram as palavras de ordem do discurso da coordenadora para a Área de Qualidade e Auditoria Interna (AQAI) que já soma 33 anos ao serviço da instituição. A aprendizagem, o crescimento pessoal e profissional, as memórias dos primeiros tempos e o privilégio “de fazer parte desta família” foram sendo elencados como motivos para o tamanho orgulho que exprimia. “Pela sua dimensão e exigência, o Técnico dá-nos a extraordinária habilidade de saber lidar com as adversidades e de as enfrentar, de superar os desafios mais exigentes, não sucumbindo à negatividade, teimando em ter sempre o copo meio cheio, confiando sempre que cada obstáculo é uma fonte de aprendizagem e cada superação uma batalha ganha”, salientava. Depois de explicar importância e o papel da AQAI, a funcionária destacava que “o Técnico foi uma das primeiras instituições a nível nacional a ter os seus sistemas de garantia de qualidade acreditados pela A3ES”. E muito mais havia para dizer, mas “falar desta grande instituição que é o Técnico é como falar de uma cidade: um organismo rico e complexo, com vida própria e onde tanta coisa está sempre a acontecer”, afirmou.

A transversalidade do Técnico e o ecletismo dos graduados da escola foram bem representados pelo engenheiro José Bento dos Santos, antigo aluno de Engenharia Química e Industrial do Técnico, mas também vitivinicultor e gastrónomo. Num discurso repleto de histórias o antigo aluno falou da sua paixão de sempre pela cozinha, dos desafios que enfrentou como engenheiro, dos convites que foram surgindo dentro e fora da sua área de formação, temperando tudo com uma boa dose de humor. “Sabedoria é a conjugação do conhecimento e da experiência”, vincava a determinava altura, enfatizando sempre toda a aprendizagem que levou da escola e que tentou sempre conjugar em tudo aquilo em que se envolveu.

Começando por felicitar os 108 anos do Técnico, o professor Eduardo Pereira, vice-reitor da Universidade de Lisboa (ULisboa), ficou responsável por encerrar a cerimónia. Lembrando que “o Técnico é muito conhecido e falado pela sua investigação de qualidade”, denotava que há “muito mais para além disso”. “Nos últimos anos, e como tão bem transparece nesta cerimónia, o Técnico tem demonstrado uma extrema preocupação com o ensino e pedagogia”. “Não é por acaso que grande parte desta cerimónia em que comemora o aniversário é para premiar os docentes que se distinguiram”, destacava ainda. Fazendo referência a alguns dos desafios que o Técnico tem enfrentado e os que se lhe impõem a curto e médio prazo, o professor Eduardo Pereira referia também que “o maior desafio é continuarmos a fazer o que fazemos ou até fazermos melhor com os mesmos recursos”. E é exatamente nos recursos humanos que o vice-reitor acredita que está a resposta para o sucesso. “Uma das caraterísticas fundamentais para esse sucesso é a riqueza dos recursos humanos que temos no Técnico, não só no corpo docente, como no corpo não docente, mas acima de tudo os alunos”, realçava. “Estou certo de que daqui a um ano a maioria estará cá de novo, e espero que estejamos a celebrar termos conseguido manter e melhorar a posição do Técnico”, rematava o vice-reitor.

Depois de muitas felicitações e selfies que eternizariam o momento, prosseguia-se a história da celebração no evento Keep In Touch.

Galeria de Fotografias da cerimónia.