“Vocês têm aqui uma oportunidade de ouro para questionar”, dizia, logo de ínicio, o professor Luís Caldas de Oliveira, vice-presidente do Técnico para o Empreendedorismo e as Ligações Empresariais, dirigindo-se aos alunos presentes na 11ª edição das Alumni Talks, que se realizou esta quarta-feira, 9 de maio. O docente adiantaria e bem o que se ia passar nas duas horas seguintes: muitas dúvidas, troca de conhecimento, partilha de experiências, a extinção de algumas angústias e o alicerçar de algumas ambições.
O cenário seguia os padrões habituais, e embora a cada edição o entusiasmo e as expectativas dos alunos que participam revelem patamares mais elevados, a principal diferença foi a delimitação do tema central das conversas e por sua vez da área de atuação dos alumni convidados: a consultoria. António Castel-Branco (Mercer), Bárbara Simões (A.T. Kearney), Bruno Martinho (Accenture), Marcos Ribeiro (Santander Universidades), João Bargiel Pestana (KPMG), Nuno Catarino (McKinsey), Ricardo Constantino (Everis), Sérgio Carvalho (Deloitte) e Tiago Godinho (EY) foram os antigos alunos convidados para ilucidar os participantes da sessão acerca da diversidade da área pela qual acabaram por enveredar.
E se às 8h30 a vontade de devorar o pequeno almoço que acompanha a atividade podia ser voraz, foi muito mais insaciável a vontade de questionar. O pontapé de saída da conversa é quase sempre dado pelos alumni, tal como a timidez inicial dos alunos o solicita. Com mais ou menos detalhes, cada um dos consultores ia percorrendo os distintos currículos que construíram, até chegar ao ponto onde estão hoje. “A determinada altura queria ir para medicina, depois mudei de ideias e decidi arriscar o Técnico, e entrei em Eletrotécnica, e hoje apesar de não exercer Engenharia continuo a resolver problemas, que é aquilo que nos ensinam a fazer aqui”, conta na sua mesa Bruno Martinho. Abrem-se, depois, caminho às perguntas e a pouco e pouco, elas chegam, inicialmente muito centradas na essência das funções de consultoria, as várias vertentes da área, o que leva um engenheiro a seguir este caminho, e passa-se depois para as rotinas de trabalho, o funcionamento das equipas, a exigência das funções. “Fazer coisas diferentes constantemente, em áreas distintas, com pessoas diferentes, torna a experiência profissional diversificada, torna as coisas mais divertidas e aliciantes”, narrava Nuno Catarino.
Apesar da demarcação da temática, há conversas que se repetem. A entrada no mercado de trabalho, o processo de recrutamento ou como enriquecer os currículos são algumas das temáticas recorrentes no alinhamento dos diálogos e desta vez não foi exceção. “A aprendizagem da persistência é uma coisa muito boa que levamos do Técnico e isso vai sempre ajudar-nos”, realçava Tiago Godinho. “As entrevistas a que vocês forem nunca são sobre o que vocês sabem, mas sim sobre a vossa capacidade e vontade de aprender o que não sabem”, dizia de seguida o alumnus. Tomás Silva, aluno do 3º ano de Engenharia Aeroespacial era um dos mais atentos ao conhecimento que Tiago Godinho e Barbara Simões iam partilhando naquela mesa. Tomás “não sabia ao certo” o que vinha fazer ao evento, ainda assim a curiosidade pela área convenceu-o a inscrever-se. “E ainda bem que vim, porque além de ficar a perceber exatamente o que se faz nesta área, levo outros conhecimentos muito importantes”, declara o aluno. Mesmo que não seja uma opção inicial de carreira, confessa que talvez fosse algo que gostasse de experimentar daqui a uns anos. “Acima de tudo retirei que independentemente da área que decida escolher devo enriquecer o meu currículo o mais cedo e o melhor que conseguir”, referia Tomás Silva.
“Estou a terminar o meu doutoramento em Bioengenharia e talvez seja estranho estar aqui”, começava por dizer Vanessa Cunha, outra das alunas participantes, quando a questionamos acerca do porquê de ter vindo. “Não quero cingir o meu leque de escolhas profissionais ao mundo académico, não quero impor limites ao meu futuro e por isso vim tentar perceber se consultoria é uma opção para mim”, refere a aluna. De “toda esta partilha muito esclarecedora”, ficou-lhe no ouvido a ideia de que “devemos estar sempre a pensar nos nossos investimentos futuros, e não a deixar-nos condicionar pelos investimentos passados”, recordou a estudante de Doutoramento.
A partilha destes conselhos é uma das mais valias que os próprios alumni vislumbram, tal como refere António Castel-Branco: “os desafios que estes futuros engenheiros estão aqui a passar, foram aqueles que eu também passei e é muito gratificante poder partilhar com eles essa experiência, fazê-los pensar e ajudar a esclarecer dúvidas que têm sobre o futuro deles”. “Ao fim de 3 anos de experiência profissional é mais fácil para mim hoje reconhecer o valor que a instituição me trouxe e fiz questão de partilhar também isso com eles”, acrescenta o consultor da Mercer. Para além disto, o convite torna-se “irresistível” tendo em conta que contempla um regresso à escola que os formou, como frisa Bruno Martinho: “o Técnico marca-nos e sempre que nos pede ajuda, pelo menos da minha parte nunca terão um ‘não’, é aquilo que se chama o poder de atração da marca Técnico”. Relativamente à captura destes talentos para a área de consultoria deixou no ar o desafio: “se por acaso a resolução dos problemas é algo que os cativa, acho que podem vir a dar uma oportunidade à consultoria”.