Quinze edições “já é um número simpático” – quem o diz é Mário Figueiredo, professor do Instituto Superior Técnico e um dos organizadores da Lisbon Machine Learning School (LxMLS). A escola de Verão atingiu a sua 15.ª edição e, de 19 a 25 de julho, voltou a acolher 150 estudantes oriundos de vários pontos do globo, unidos no campus Alameda do Técnico para estudar tópicos como aprendizagem automática e inteligência artificial.
As aulas da manhã são em ambiente de tutorial, para assimilação de conceitos. À tarde, há sessões de laboratório para os estudantes implementarem de forma prática o que aprenderam, seguidas de palestras que incidem sobre temas mais avançados. Não obstante, Mário Figueiredo defende que “a parte mais importante é que [os participantes] vêm e conhecem-se uns aos outros” – ao chegarem, os estudantes constatam “que o Técnico é uma escola de qualidade com pessoas de qualidade”. O docente destacou ainda os vários casos de monitores que, em edições anteriores, foram estudantes da LxMLS, acabando por voluntariar-se subsequentemente para apoiar as atividades. A par disso, recordou ainda os participantes da LxMLS que se tornaram professores um pouco por todo o mundo e que, anos mais tarde, voltam a este evento para dar palestras. “Criaram-se laços”, resume.
Rámon Astudillo, por exemplo, já foi estudante, monitor e líder de atividades laboratoriais da LxMLS. Há dez anos que faz parte da organização do evento. Durante parte desse período, passou pelo Técnico ao fazer um pós-doutoramento no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID). Para si, “ter um impacto positivo na vida das pessoas” é o objetivo do evento, cuja organização envolve patrocínios, apoio logístico aos oradores, coordenação da competição de pósteres… muitas ‘frentes para atacar’, no fundo.
Uma das palestras do programa preencheu a plateia do Centro de Congressos do Técnico para uma discussão em torno do uso responsável da inteligência artificial (IA). Entre os assuntos abordados nessa tarde (com direito a comentários e questões da parte dos espectadores), debateu-se a forma como os cientistas comunicam a sua investigação, discutiu-se como garantir a confiança nas fontes de informação creditadas (e como garantir que a informação que emana dessas fontes possui um ‘selo’ que prove a sua qualidade), como combater a desinformação e ‘conteúdo-lixo’ criado por IA, o risco que esta pode representar para alguns postos de trabalho, como reduzir a ansiedade que as pessoas sentem em relação às consequências da IA e como tornar esta tecnologia mais acessível a populações com menor literacia digital.
Uma pausa para beber café, dezenas de conversas para ter
Com a brisa quente que se sente no Jardim Norte naquela tarde de julho, os participantes convivem num lanche ao ar livre entre atividades.
“Sempre quis visitar Portugal, mas também queria passar um verão produtivo”, explica Dilan Kiran. A aluna turca está a estudar na Alemanha e aproveitou a LxMLS para fazer umas “férias-que-não-são-bem-férias para conhecer pessoas novas e relembrar algumas matérias”, descrevendo Portugal como “um tesouro escondido” do Mediterrâneo. As aulas que frequenta na Alemanha são “muito teóricas” e dedicadas aos fundamentos da engenharia informática, o que por vezes implica palestras muito complexas. “Já aqui, as palestras são muito bem conduzidas e tenho gostado muito delas”, partilha, mostrando-se “entusiasmada para as restantes atividades”. “É a primeira vez que me junto a um evento social de engenharia informática e gosto muito – vim sozinha e é fácil conhecer pessoas novas e expandir a rede de pessoas que conheço na comunidade académica”, acrescenta.
Mesmo já não sendo monitora (tarefa que executou em três edições da LxMLS), Joana Correia fez questão de visitar o evento este ano. “Sempre gostei muito da experiência de estar cá – é uma iniciativa excelente para introduzir os alunos à inteligência artificial”, afirma a alumna de Engenharia Física Tecnológica. A experiência de frequentar o Técnico “foi sempre super positiva”, confessando-se com “a sorte de ter acesso a professores extremamente dedicados”.