“Para que serve um doutoramento em Física de Partículas?” A pergunta funcionou como mote para a primeira sessão da palestra “ Carreiras e Tecnologia na Física de Partículas” realizada no âmbito das Jornadas da Física, a decorrer entre 1 e 2 de março no Instituto Superior Técnico. Os testemunhos ouvidos nunca foram idênticos, mas todos, sem exceção, destacaram o papel que a Física assumiu no percurso profissionalde cada um.
A pertinência da questão despertou um burburinho de curiosidade que encheu a sala. Foram seis os doutorados que marcaram presença para contar a história que os liga à área da física. Entre eles têm em comum a passagem pelo LIP e um doutoramento em física de partículas.
A abrir a sessão esteve Marcus Nordberg, co-coordenador da Unidade de Desenvolvimento e Inovação do CERN, e membro de relevantes projetos de inovação e transferência de conhecimento do CERN , ATTRACT e IdeaSquare. O investigador partilhou a convicção de que a carreira da física das partículas se pode traduzir numa oportunidade sucesso, aliando perseverança com sentido de oportunidade, importando o conhecimento adquirido na Física da Partículas para várias áreas da indústria.
Foi essa mesma ideia, que o testemunho de Teresa Monteiro, atual gestora de produto da Coriant, veio corroborar. “A multidisciplinariedade que adquiri na física, permitiu adaptar-me muito bem ao mundo da programação. Nunca foi um problema não ser licenciada na área, pois era, o sentido critico, a abordagem diferenciada, o que a Siemens procurava”. É nos conhecimentos adquiridos durante o seu percurso académico que encontra a justificação para o sucesso profissional que alcançou. “É possível fazer a ponte para outras carreiras, quando levamos esta aprendizagem”, concluiu.
Um percurso ligeiramente diferente teve Patrick Sousa, criador da GyRad, uma empresa de controlo de qualidade e proteção radiológica. Foi no decorrer do seu doutoramento que identificou um nicho de mercado promissor que transformou na sua empresa. “O curso de Física, traz-nos tantas competências que às vezes nem as sabemos identificar”, explicou. A sua empresa, agora com dez anos de atividade, e com filiais em vários pontos do país, tem-se destacado no mercado da proteção radiológica. A equipa de trabalho que lidera é composta por quatro físicos, além dele e do sócio, e “provavelmente haverá muitos mais”, deixa escapar.
A segunda parte da conferência decorrerá esta quinta-feira, nas instalações da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), e as perguntas, desta feita, serão sobre tecnologia.