Antes de entrarmos na sala já se ouviam gargalhadas, um indício claro de que o professor Paulo Mateus estava a reunir atenções, com a ajuda da simpatia que o carateriza, mas também do amplo conhecimento que detém em criptografia quântica- tema de um dos mini-cursos da Escola de Inverno de Matemática. E foi assim, entre uma e outra fórmula, num vai e vem entre uma aplicação prática ou um exemplo dos desafios na comunicação quântica, que o docente do Departamento de Matemática, descodificou, esta quarta-feira, 7 de fevereiro, a criptografia quântica aos cerca de 40 alunos que atentamente o iam seguindo de trás para a frente.
Colocando no centro da exploração a computação quântica, nomeadamente o algoritmo de Shor, que o professor Paulo Mateus define como “tramado”, foram questionados os vários desafios que a criptografia moderna coloca a cada um de nós, quer através das assinaturas digitais do cartão do cidadão ou cada vez que recorremos a transações de moedas Bitcoin. As duas soluções para este problema -a criptografia pós-quântica e a criptografia quântica- foram também exploradas na palestra. “Pode nem ser necessário um computador quântico se nós conseguirmos fatorizar”, assinala o professor Paulo Mateus.
Carlos Carteiro e Leila Suleman estiveram sempre atentos durante a palestra do professor. Iam parando ocasionalmente para trocar impressões sobre o que ouviam entre eles ou com outros colegas do lado. São ambos do segundo ano da Licenciatura em Matemática Aplicada e Computação(LMAC) e viram na escola de inverno uma maneira de não abrandar o ritmo frenético do Técnico e ao mesmo tempo de aprofundar alguns temas mais específicos. “Tivemos tanto trabalho nos últimos tempos que é estranho agora não estarmos a fazer ou aprender algo, e por isso resolvi vir”, esclarece Leila. Carlos completa: “Os temas das palestras são muito interessantes, e servem para conhecermos algumas áreas mais especificas do nosso curso que ainda não abordamos”. “Serve essencialmente para começarmos a ver o que queremos fazer a seguir”, sublinha o aluno.
Relatividade e geometria, a decomposição em valores singulares ou as equações integrais e aplicações à mecânica foram e continuarão a ser até esta sexta-feira, dia 8 de fevereiro, algumas das temáticas dominantes dos mini-cursos disponibilizados. A plateia diversificada, composta por alunos do ensino superior, pode assim aprofundar a matemática nas suas mais variadas aplicações, numa retórica entre o que une a investigação ao mundo real, conduzida por professores, investigadores e antigos alunos.