Campus e Comunidade

À descoberta da história e dos espaços do Técnico

Na sétima edição do Open House Lisboa o campus da Alameda integrou o roteiro de espaços a visitar.

O Open House Lisboa dá literalmente a chave a quem queira conhecer com mais detalhe locais de referência da arquitetura da capital, públicos e privados. Além de permitir a entrada gratuita, o evento organizado pela Trienal de Arquitetura oferece visitas guiadas, recheadas de pormenores e histórias paralelas, por teatros, igrejas, museus, casas privadas, escolas, palácios, e hospitais. Por entre os 84 espaços públicos que a 7.ª edição do Open House Lisboa permitiu visitar durante este fim-de-semana, 22 e 23 de setembro, estava o Instituto Superior Técnico. O Docomomo International (Comité Internacional para a Documentação e Conservação de Edifícios, Sítios e Bairros do Movimento Moderno), parceiro institucional da Trienal de Arquitetura, assumiu as visitas guiadas dadas por especialistas, na voz da professora Ana Tostões, docente do Técnico e presidente do Docomomo International, e da arquiteta Mafalda Pacheco, também colaboradora do comité.

Acompanhamos uma das visitas feitas por um especialista, sendo que outras orientadas por voluntários já se tinham sucedido.  No domingo, 23 de setembro, Mafalda Pacheco, alumna de arquitetura da instituição, substituía e bem a professora Ana Tostões que no dia anterior oferecera aos visitantes uma visita repleta de detalhes e pintada com muito conhecimento, bem ao seu jeito. Em frente ao Pavilhão Central o grupo com cerca de 30 pessoas, composto por famílias, casais de namorados ou grupos de amigos e que tinham em comum a curiosidade pela área ou em alguns casos apenas interesse pelos vários detalhes que compuseram a edificação do Técnico, ouviam atentamente as primeiras deixas de uma visita pintada com inúmeras curiosidades e pormenores que fizeram a obra.

“A ideia de fazer o Técnico neste sítio passa por cozer as linhas de eixos viários que compunham a cidade até então”, começava por explicar Mafalda Pacheco, mas não sem antes fazer uma pequena paragem pela história arquitetónica da cidade até ao século XX. Dando o devido destaque a figuras icónicas como Alfredo Bensaúde e Duarte Pacheco na prossecução “desta nova ideia de campus universitário que o Técnico representa”, a especialista ia adiantando alguns detalhes sobre a organização do campus. “A ideia de Duarte Pacheco na organização do espaço era que o Técnico fosse crescendo ao mesmo ritmo do seu ensino”, afirmava a alumna do Técnico cativando o interesse da plateia.  Na narrativa não podia, claro, faltar Porfírio Pardal Monteiro, o arquiteto escolhido para a projeção do campus e “que recorreu a uma linguagem muito funcional na construção do mesmo, tendo um imenso cuidado no uso e escolha de materiais”, como explicava Mafalda Pacheco.

Depois da introdução indispensável parte-se para a exploração do edifício, passando primeiro pelo átrio do Pavilhão Central, os caraterísticos anfiteatros, o Salão Nobre, e os Museus Décio Thadeu e Alfredo Bensaude. Pelo meio ainda a possibilidade de vislumbrar alguns retratos dos primórdios do Técnico e uma passagem por uma das salas de aula  que conserva o mobiliário e  alguns traços originais daquilo que eram os espaços de ensino nos anos  40 . “O campus do Técnico mudou a cidade de Lisboa, e depois da sua construção tudo foi feito a partir daqui”, assinalava o professor Manuel Francisco, responsável pelos Museus de Geociências, e um dos elementos que conduziu a parte final da visita. O périplo terminou no terraço da Torre Sul, onde os visitantes tiveram o privilégio de desfrutar de uma vista panorâmica sobre Lisboa. “É só o local que permite a melhor e mais abrangente vista sobre a cidade”, ouvia-se de forma repetida. E há lá melhor forma de fechar com chave de ouro um evento que pretende expor Lisboa?