Lutam todos os dias pelo sucesso das suas empresas, pelas conquistas das equipas que integram ou lideram, para que a realização profissional faça o casamento perfeito com a vida pessoal. Acreditam que o talento tem que “ser sempre mais sonante que o género”, não se deixaram condicionar pelos estereótipos, e foram sempre mais fortes que qualquer tipo de discriminação que lhes passou pelo caminho. Batalham diariamente pelo sucesso e para mostrarem que a engenharia é cada vez mais um mundo também de mulheres. No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, aceitaram o convite para regressar à escola que as formou e participar em mais uma edição das “Alumni Talks”, celebrando a data da melhor forma: através do sucesso e inspirando outras mulheres.
As cerca de duas horas em que decorreu o evento foram repletas de muita partilha, onde o apetrechado pequeno-almoço se tornou um mero detalhe tendo em conta que o menu mais apetecido pelas jovens alunas era nada mais do que a experiência das alumnae. Por sua vez, as convidadas Isabel Vaz (Luz Saúde), Constança Coimbra (Mckinsey & Company), Sofia Lufinha (Pingo Doce), Beatriz Jorge (Feedzai) e Sara Oom de Sousa (Openbook) não podiam estar mais recetivas a saciar dúvidas, acalmar receios e desmistificar etapas.
Depois de uma breve apresentação rapidamente se passa para a experiência académica que une antigas e atuais alunas. É uma boa forma de quebrar o gelo e aproximar as gerações, e ainda que em alguns casos muito tempo tenha decorrido, “a forma de pensar dos alunos do Técnico” trata de fazer o seu papel. As vantagens de estudar nesta instituição vão sendo enumeradas e apesar de os testemunhos se alterarem ligeiramente de mesa para mesa, “a capacidade de resolução de problemas” e “a vontade de aprender” vão sendo presenças assíduas nas listagens de valência das alumnae. Aos poucos – e sempre com muitas histórias para o ilustrar – lá se vai narrando um percurso profissional que mais curto ou mais longo tem sempre um detalhe no qual as alunas se identificam. É neste encadeamento, com tons descontraídos, e com muita diversão à mistura, que as conversas se vão construindo e algumas ânsias anuladas.
“Decidi que além de ser uma ótima oportunidade para conhecer e contactar com estas profissionais, era uma boa forma de comemorar o dia da mulher”, explica Sofia Carreira, aluna de Engenharia Mecânica e uma das mais curiosas da sua mesa. De tudo o que ouviu e assimilou, houve algo que foi bastante importante e que não se coíbe de o partilhar:“O conselho que mais me marcou foi que é muito importante que o nosso primeiro emprego seja alguma coisa que nós queremos aprender”. “A alumna da minha mesa explicou que devemos olhar para o mesmo não como um fim, mas o início de um caminho que nos dá acesso a outras experiências e competências que podem ser importantes no futuro”, recorda, visivelmente satisfeita com os efeitos que a conversa gerou em si.
A data e o facto de só haver mulheres “à mesa”, convidava a uma reflexão sobre a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, mas rapidamente e recorrendo ao argumento da “supremacia do talento”, as alumnae foram desmistificando a hipotética desvantagem masculina na chegada ao mundo do trabalho. “Nós somos igualmente boas naquilo que fazemos, tão boas como eles, e é nisso que temos que nos focar”, vincava Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da Luz Saúde. “A diversidade como princípio é muito importante em qualquer empresa. E quando falamos de diversidade não é apenas de género, é a todos os níveis.O sucesso das equipas reside aí”, advogava de seguida a alumna. Desvalorizando limitações de carreira que possam surgir pela vontade de ter filhos, enaltecendo o papel da resiliência e da dedicação, e claro “a diferença que qualquer engenheiro faz nas equipas”, as convidadas iam provocando suspiros de alívio, sorrisos e destruindo balizas ao futuro. “Numa empresa, nós temos que ter coragem e à-vontade para assumir aquilo que queremos ser”, ia frisando com toda a convicção a líder da Luz Saúde.
Com raros momentos de silêncio, tornava-se óbvia a ligação que se ia consolidando e a desinibição em questionar. Não se perde tempo nem se deixam escapar conselhos, quer seja acerca de opções de carreira ou de como ultrapassar determinados desafios no mercado de trabalho. “Não deixem que a vossa aversão ao risco limite o vosso potencial”, reiterava a antiga aluna de Engenharia e Gestão industrial, Constança Coimbra, na sua mesa. Este foi aliás um conselho que não se cansou de repetir, e explica porquê: “Acho que nós mulheres, particularmente, não arriscamos porque temos medo. O que eu as aconselhei foi a não desistirem à partida, tentarem primeiro, se não correr bem mudam”. “E isto é um conselho para usarem tanto no contexto profissional, como em tudo o resto”, concluía e bem a alumna, afinal é também para esta resiliência que este dia nos remete.