José Ferreira, antigo aluno de Engenharia Aeroespacial, foi outro dos engenheiros contemplados pela ordem dos engenheiros- região sul no âmbito do Prémio Inovação Jovem Engenheiro, vencendo uma das menções honrosas desta 29.ª edição. A distinção entregue ao alumnus tem por base uma investigação desenvolvida enquanto esteve a estagiar NASA, agência espacial dos Estados Unidos, e intitula-se “Análise de Imagens por inteligência artificial para medições angulares em túneis de vento”. José Ferreira frisa que esta é uma distinção importante, “pois relembra o investigador que os passos que trilhou foram os corretos, mas, acima de tudo, motiva para alcançar ainda mais e melhor”.
O júri do galardão reconheceu o mérito técnico-científico, bem como o carácter inovador e a aplicabilidade do trabalho do antigo aluno do Técnico, desenvolvido aquando da sua estadia no Ames Research Center da NASA, na Califórnia. “Trata-se, muito sinteticamente, de uma ferramenta baseada em inteligência artificial que permite determinar grandezas de interesse aquando de testes em túnel de vento”, explica o distinguido. “Estes testes são, por natureza, de elevada complexidade, sendo toda a instrumentação associada e operação envolvida de elevado custo”, complementa.
A solução apresentada por José Ferreira permite o acesso com custos reduzidos a um método de medição consideravelmente preciso para ensaios em túneis de vento. “Com o recurso a uma simples câmara fotográfica e um computador portátil, esta metodologia permite calcular parâmetros cruciais através de um algoritmo de inteligência artificial”, sublinha o alumnus.
Segundo o autor do trabalho esta é uma solução que tem especial interesse para “instituições de ensino superior com atividades de investigação no domínio técnico-científico da mecânica de fluidos experimental, onde poderão ter acesso a uma solução bastante económica, de complexidade reduzida e baseada em software open source”. Adicionalmente, ao nível da indústria, estas aplicações são também possíveis no que concerne à identificação de fenómenos dinâmicos de vibração, e podem ser complementares às estratégias atuais, “aumentando a fiabilidade destes métodos e permitindo uma solução menos intrusiva na fase de teste”, como esclarece o engenheiro.
O facto de este trabalho consistir “numa aplicação inovadora de um tópico tão atual, como a inteligência artificial, a uma área do conhecimento com elevada dependência do experimentalismo” terá, na opinião de José Ferreira, distinguido este trabalho aos olhos do júri do concurso. “Adicionalmente, o facto de se apresentar como uma solução simples e de baixo custo abre várias portas para possíveis aplicações educacionais”, acrescenta.
Salientando a importância do galardão para os contemplados, o antigo aluno de Engenharia Aeroespacial destaca ainda o relevo do mesmo “para a comunidade em geral, que tem a oportunidade de conhecer os novos valores portugueses, os quais constituirão a força motriz do país a curto prazo. “O estabelecimento desta relação de conhecimento e confiança, com a curadoria de instituições de alto reconhecimento, é de elevada importância para o avanço das competências nacionais em diversos domínios, e em particular na área das ciências da engenharia”, vinca o engenheiro.
José Ferreira encontra-se atualmente a trabalhar na sua área de formação estando envolvido no desenvolvimento do primeiro micro-satélite português ao abrigo do projeto “Infante”. Paralelamente, exerce também funções de docência no Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) e coordena o grupo de trabalho internacional em Commercial Space, da organização Space Generation Advisory Council.
Nesta 29.ª edição do Prémio Inovação Jovem Engenheiro, lançado em 1990, além de José Ferreira foram mais três os premiados com ligação ao Técnico: Madalena Ponte, vencedora do 2.º Prémio e Ana Sousa e Tiago Ribeiro, distinguidos com uma menção honrosa.