Campus e Comunidade

A montra online que ajuda o comércio local

Drogarias, padarias, pequenos cafés e restaurantes de bairro são apenas alguns dos negócios promovidos pela plataforma Comerciantes.pt criada por um antigo aluno do Técnico.

O isolamento social ditado pela pandemia fez aumentar a necessidade de fazer compras online por parte do público, exigindo aos comerciantes locais e independentes uma adaptação veloz à nova realidade de consumo. Por outro lado, o forte impacto económico da COVID-19 colocou e continua a colocar em causa a sobrevivência a curto prazo dos pequenos negócios de bairro que lutam diariamente para não fechar definitivamente portas. A comerciantes.pt nasce, assim, como uma resposta a estas necessidades do cliente e do comerciante, e é impulsionada diariamente pela vontade de ajudar dos seus fundadores, um deles o antigo aluno do Técnico, Fernando Amaral.

“A ideia de criar uma plataforma para fomentar um consumo mais sustentável já existia, mas não sabíamos bem como seria materializada”, relembra o alumnus. Ao antigo aluno  do Técnico e a Julie Belião, outra das fundadoras do projeto, rapidamente se juntaria uma equipa de voluntários, entre os quais estão mais antigos alunos do Técnico. “Neste momento, há 15 pessoas a trabalhar ativamente no projeto”, partilha Fernando Amaral.  A unir o grupo e trabalho está a vontade de auxiliar os comerciantes locais a digitalizar os seus negócios e a vender online, de forma rápida e sem custos.

“A diferença em relação às plataformas de e-commerce e entregas mais populares é que a comerciantes.pt se dedica exclusivamente a promover os comerciantes tradicionais”, evidencia Fernando Amaral.  A grande diferença em relação a outros projetos de divulgação do comércio local, é exposta pelo antigo aluno: “somos um marketplace completamente funcional, onde se pode ver e adicionar os produtos de vários comerciantes ao carrinho de compras e fazer um único check-out no fim”. Além disso, e conscientes de que este comércio é feito de histórias cheias de vida, a plataforma aposta em contá-las “mostrando o que está por trás do comércio tradicional e dos seus bairros”, e fazendo “uma aposta forte em conteúdos originais”.

A equipa liderada por Fernando Amaral oferece consultoria e apoio técnico necessário aos comerciantes neste processo de transição para o online. Um processo que o antigo aluno do Técnico afirma que “tem sido relativamente fácil, muito por força da crise que os comerciantes atravessam e que os obrigou a criar serviços de entregas e a reinventar os seus modelos de negócio”. “Neste momento, há muita recetividade a canais alternativos de vendas para ultrapassar as dificuldades que enfrentam”, adiciona o fundador da comerciantes.pt.

Nesta primeira fase, o projeto arrancou apenas com comerciantes das freguesias do concelho de Lisboa que tenham capacidade de entrega própria ou possibilidade de fazer parcerias com serviços de entrega, mas a equipa quer chegar rapidamente a outros concelhos do país. “A ideia é criar uma plataforma, processos e documentação que podem ser usados facilmente para replicar o sistema em qualquer cidade do país e mesmo lá fora”, explica Fernando Amaral.  “É assim que aprendemos a pensar no Técnico”, vinca, imediatamente de seguida.

Através da plataforma pode facilmente dar-se um salto até Campo de Ourique e deixar-nos perder no mundo de especiarias, chás e frutos secos da “Casa a Granel”, e no clique a seguir passarmos por Arroios onde a “Flor de Lúpulo” tem uma escolha diversa de cerveja artesanal que tem alma de bairro.  Entre talhos, peixarias, padarias, drogarias, garrafeiras, e outros, já são 12 as lojas ativas.

“O público tem reagido muito bem à ideia com mensagens de apoio, mas a verdade é que ainda temos poucas encomendas”, afirma Fernando Amaral.  Se o foco inicial da equipa passava por construir o marketplace e trazer os vendedores, atualmente o objetivo é atrair mais clientes, de modo a conseguir ajudar ao máximo os comerciantes. Fernando Amaral sabe que para que este projeto possa ter o impacto desejado “vamos precisar de um modelo de negócio sustentável também para a nossa equipa” e, por isso mesmo, “os planos passam por criar uma empresa e captar algum investimento pre-seed para nos podermos dedicar a 100% ao projeto”, adianta.

Não dando espaço a desculpas a quem teme retomar as compras presencialmente, esta plataforma aproxima e ajuda os portugueses a cumprir o repto que lhes tem sido lançado de ajudar o comércio local. Fazem-no porque lhes é difícil imaginar os nossos bairros sem a presença da singularidade dos comerciantes independentes, por não querer sentir a ausência do cheiro a pão da pequena padaria de rua a dois passos de casa, ou perder de vista as bancas coloridas da frutaria da esquina. “Não queremos que os comerciantes locais desapareçam dos nossos bairros e que a diversidade dos seus produtos e conhecimentos se perca para sempre. Como consumidores e como sociedade, achamos importante apoiar este tipo de comércio”, conclui o alumnus do Técnico.