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Starkdata: a startup que ajuda as empresas a conhecer melhor os clientes

A empresa que tem no seu ADN dois antigos alunos do Técnico ajuda as empresas a cruzar as várias fases do ciclo de vida de um cliente, ajudando a estender e aprimorar a relação com o mesmo.

A Starkdata foi desenhada à medida da capacidade de impactar e de empreender que carateriza os graduados do Técnico, não tivesse esta startup na génese dois antigos alunos da escola: João Ramos e Miguel Reis.  Através de Data Science e Machine Learning a empresa pretende ajudar as empresas a aprimorar o ciclo de vida dos clientes nas empresas, nas três fases em que o mesmo se decompõe: a captação de novos clientes, maximização de vendas e retenção de clientes. Apesar de recente, a empresa já tem trabalho desenvolvido no sector do retalho, já venceu um programa de aceleração de startups e numa altura em que o mundo empresarial está a ultrapassar um momento difícil apresenta-se como uma solução com muito potencial no mercado para ajudar as empresas a reconfigurarem-se.

O contacto de João Ramos, co-fundador da Starkdata e antigo aluno do Técnico, com a área de Machine Learning começou no decorrer do seu mestrado, particularmente no trabalho de tese, em que teve a oportunidade utilizar a aprendizagem automática no âmbito da atividade de um banco online português. “Comecei a aperceber-me que este setor enfrenta um grande desafio, nomeadamente ao nível do conhecimento dos seus clientes, mais especificamente em relação aos seus padrões de consumo”, começa por explicar o alumnus. “As empresas necessitam de saber colocar os produtos certos junto dos clientes com maior probabilidade de os adquirirem, mas também precisam de estar atentas aos clientes que se encontram em risco de deixar a empresa por uma concorrente”, reitera de seguida o jovem empreendedor. Com esta perceção presente, a ideia de criar a Starkdata acabaria por surgir de forma natural, e no seguimento de várias conversas com os seus orientadores da tese – que se tornariam conselheiros nesta aventura do empreendedorismo, e um entrou como business angel  da empresa e parte do grupo de fundadores da startup.

Antes de avançarem para a criação da empresa, e cientes de que precisavam de testar a ideia, a equipa de empreendedores decidiu participar no programa de aceleração organizado pelo Grupo Nabeiro, o Disruption. Neste desafio competiram contra 115 startups, metade delas com origem internacional. “Fomos selecionados no primeiro batch de 30 startups, o que nos levou a fazer um pitch da nossa solução para um júri, que era essencialmente constituído pelo Board do Grupo Nabeiro. Recebemos feedback importantíssimo que nos ajudou ainda mais a melhorar o nosso produto”, lembra o alumnus. O sucesso do pitch levaria a equipa ao grupo de 6 finalistas, e pelo meio e cientes do valor da ideia acabariam por avançar para a constituição da empresa. Depois de 2 meses em colaboração intensa com o Grupo Nabeiro, num projeto-piloto em que tiveram que adaptar a solução às necessidades específicas da empresa, a equipa recebeu a notícia se tinha sagrado vencedora do desafio.

A solução da Starkdata acompanha todo o processo de Analítica Preditiva que vai desde a recolha, seleção e normalização de dados das empresas, à criação dos modelos de Machine Learning culminando com a geração de indicadores de gestão disponíveis em dashboards. “A maior parte dos nossos dados são séries temporais, visto que analisamos padrões comportamentais que se revelam ao longo do tempo, nas interações que os clientes têm com as empresas. Os modelos state of the art para trabalhar este tipo de dados são as redes neuronais, mais concretamente um tipo redes chamado LSTM – Long Short-Term Memory”, explica o alumnus do Técnico.

O fator de diferenciação da startup assenta desde logo, e como explica João Ramos,  “na forma integrada como gerimos a relação cliente-empresa desde a captação do cliente, a sua segmentação, padrões de consumo e retenção”.  “A nossa solução é integrada, ou seja, utilizamos o outuput da segmentação comportamental para melhorar a análise de retenção. Os diferentes módulos são em si unidades inteligentes que se alimentam mutuamente por forma a gerar insights que não se conseguem obter doutra forma”, assinala o co-fundador da startup.  “O problema, maximizar o valor de um cliente ao longo do seu ciclo de vida, é só um, mas dividido em várias frentes. Resolver este problema de forma individual é mais difícil e obtém-se menos valor do que se for endereçado de forma conjunta”, sublinha ainda o alumnus do Técnico.

Atualmente, o maior cliente da Starkdata é – e no seguimento da relação criada durante o programa de aceleração- o Grupo Nabeiro. “Estamos a preparar pilotos no setor financeiro, mas o foco e a excelência de execução é fundamental para nós, pelo que não nos queremos dispersar”, reitera o alumnus.  A equipa de jovens empreendedores- constituída hoje em dia por mestres e mestrandos em Engenharia Informática, Finanças e Biotecnologia da Universidade Nova e do Técnico- espera aumentar substancialmente o grupo de trabalho até ao final do ano, e então partir em auxílio de mais empresas, estando presente no retalho e no setor financeiro em simultâneo. “O nosso produto é algo que é transversal a várias indústrias até porque são raras as empresas que não precisam de conhecer melhor os seus clientes”, aponta João Ramos assumindo, no entanto, que há módulos do produto da Starkdata mais importantes para umas indústrias do que para outras.

A curto, médio prazo, a Starkdata pretende ir ainda mais além na análise de todo o tipo de dados dos clientes.  “Queremos, por exemplo, fazer Sentiment Analysis em texto e em voz, o que permitirá às empresas aferir melhor a satisfação dos seus clientes com base nos contactos que recebem ”, adianta João Ramos. Cientes de que têm ainda um longo caminho pela frente, e acreditando que “os próximos 3 anos vão ser decisivos para garantir o nosso sucesso”, a startup quer começar a olhar para a internacionalização. “Queremos posicionar-nos no mercado como a empresa de referência no que diz respeito à Analítica de Clientes, tanto na vertente preditiva como na de análise de valor do cliente”, partilha o alumnus. “E, acima de tudo, queremos ser uma empresa onde as pessoas gostem de trabalhar. Com a cultura certa de cooperação, participação, rigor e excelência no que fazemos. É das coisas mais importantes hoje em dia para garantir a captação e retenção de talento”, vinca. “A Starkdata vive do talento da nossa equipa, dos desafios dos nossos clientes e da enorme satisfação em estarmos a criar algo de novo e inovador”, colmata João Ramos.