Quando a atual presidente do Institute of Electrical and Eletronic Engineers (IEEE) telefonou ao professor José Moura, no dia 6 de outubro, informando-o de que tinha ganho a votação para presidente-eleito do IEEE, em tom de brincadeira “disse-lhe primeiro que não acreditava que ela era quem dizia ser e segundo que se fosse quem dizia ser, devia estar a brincar comigo”. Não estava, era de facto verdade que o antigo aluno e docente do Técnico tinha sido escolhido para ocupar o cargo na maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia para benefício da humanidade.
A eleição foi feita através do voto direto dos quatro centos e vinte mil membros da organização. A competir com o professor José Moura estavam mais dois candidatos. “Eu fui candidato por petição e não escolhido pelo Board of Directors do IEEE, por isso houve uma fase inicial que durou alguns meses de recolha de assinaturas de apoio para eu poder ser incluído no boletim de voto”, partilha o professor. Quando finalmente se confirmou a sua candidatura em junho de 2017 tinha seis meses de atraso em relação aos seus adversários. “Porém, o processo de petição levou a que muitos colegas em muitos países do mundo se empenhassem no processo, criando entusiasmo e apoio em torno da candidatura”, explica o agora presidente-eleito do IEEE.
Sobre os motivos que o levaram a ser eleito, o professor gosta de “pensar que terá sido a minha experiência profissional, não apenas como professor, mas também pelo impacto direto em tecnologias de uso comum do meu trabalho, considerando também o meu envolvimento como voluntário na organização”. A juntar a isso com certeza deve ter sido tida em consideração a sua mensagem “muito curta e focada em apenas dois pontos que certamente geram interesse em membros menos envolvidos com a organização”, como o próprio a define. Aumentar significativamente o número de associados do IEEE, criando serviços e produtos que levem os profissionais das nossas áreas a quererem ser membros da organização, e controlar os défices operacionais crónicos da instituição, são os pontos basilares do seu programa de ação.
O alumnus do Técnico assume já as funções “Presidente Eleito” em janeiro de 2018, coadjuvando o Presidente em exercício e preparando o plano de atividades para 2019, ano em que assumirá o papel de Presidente. “Para além da tarefa de representação institucional, pretendo trabalhar estreitamente com os voluntários e funcionários da instituição para pôr em prática os dois pontos fundamentais da minha plataforma”, adianta o professor José Moura. Repensar o que significa no século XXI “ser membro” de uma organização profissional que se estende a todo o mundo e energizar os membros voluntários e alma do IEEE através de uma gestão transparente e aberta são mais do que objetivos do professor, são ideias que irão nortear o seu mandato.
Apesar de estar a quilómetros de distância e a exercer novas funções, o professor José Moura não esquece o Técnico, que qualifica como a sua “alma mater”. Uma lembrança que reflete sempre no seu perfil. “O Técnico possibilitou-me ser o que sempre quis ser – engenheiro eletrotécnico e professor”. Foi nesta escola que o próximo presidente eleito da IEEE se graduou, e onde exerceu durante diversos anos a sua carreira de professor. “Seguramente o Técnico pesa na minha carreira”, conclui.