Campus e Comunidade

Alunos do Técnico arrasam em hackathon internacional de computação quântica

Três alunos de Engenharia Informática integram a equipa que venceu o Quantum Information for Developers (QuID 2019).

“Os alunos do Técnico não param de nos surpreender com a sua qualidade”, frisa o professor Yasser Omar, docente do Técnico e líder do Grupo de Física da Informação e Tecnologias Quânticas do Instituto de Telecomunicações (IT) ao partilhar a notícia de que um grupo de alunos da escola venceu a competição de Programação/Computação Quântica que se realizou na ETH Zurich , o Quantum Information for Developers (QuID 2019). Os alunos do Técnico que conquistaram o feito são Diogo Soares, Pedro Ramos e Miguel Bastos, estudantes de Engenharia Informática e de Computadores.

A ideia de participar nesta competição tem uma história muito singular por trás, feita de muita curiosidade e autodidatismo. Diogo Soares começou a ter contacto com Computação Quântica no verão de 2018 ao aceder à plataforma Cloud da IBM que permite a interação em tempo real com computadores quânticos! “Após entrar no curso de Engenharia Informática e de Computadores comecei a conversar com o Pedro [colega de curso e equipa] sobre este assunto e foi curiosamente ele que ao pesquisar sobre Computação Quântica se deparou com um website da ETH Zurich onde havia imenso material digital sobre a área”, recorda Diogo Soares. Os dois alunos começaram a assistir a aulas virtuais e “após longos dias de dificuldades e muita pesquisa”, lá conseguiram “formular conhecimento sólido sobre a matéria”, lembra Diogo Soares. Nesta história, Miguel Bastos acaba por ser o elemento influenciado pelo novo interesse dos outros dois amigos do grupo. “Quando começamos a aprender sobre esta matéria, o Miguel também se revelou interessado em aprender, e como tal, a partir do momento em que soubemos que ia haver uma edição este ano do curso percebemos que tínhamos de participar”, partilha Diogo Soares.

Tomados pela curiosidade e entusiasmo o grupo de três alunos rumou a Zurich para o curso que incluía a hackathon que acabaram por vencer. A equipa de alunos do Técnico – a que se juntou um jovem da República Checa que conheceram por lá, Viktor Fukala –  competiu contra 12 equipas de todo o mundo.  A equipa escolheu um dos temas propostos que consistia num problema exposto por um dos professores numa das primeiras aulas, superando o desafio sem grande dificuldade – demorando apenas 2 horas a resolver o mesmo. “Questionámo-nos se faria sentido mudar de tema por este ser acessível, no entanto, decidimos criar variações mais complicadas do problema, tornando o enunciado mais original e interessante. Algo de que estamos muito orgulhosos”, partilha Diogo Soares.

A equipa dos alunos do Técnico era a mais jovem em competição, o que por si só poderia ter aumentado o grau de dificuldade do desafio, não estivessem eles a competir com alunos de mestrado e doutoramento. Ainda assim, como confessa Diogo Soares os principais desafios foram: “os poucos conteúdos que se encontram disponíveis para Cirq [ferramenta da Google para computação quântica] e a gestão do pouco tempo disponibilizado”.  Para vencer a equipa acredita ter sido crucial o facto de terem “uma boa ideia, bom trabalho de equipa e termos conseguido potenciar os pontos fortes de cada um de nós”, sublinha Diogo Soares.

Questionado sobre o interesse por esta área que tem absorvido cada vez mais entusiastas nos últimos anos, Diogo Soares responde prontamente: “A Computação Quântica é uma tecnologia fundamentalmente disruptiva, com grande potencial de arrebatamento em áreas como a Criptografia, a Química, Finanças e até mesmo Inteligência Artificial, como tal e como somos jovens naturalmente curiosos não conseguimos resistir à tentação de compreender este mundo novo”. Além disso, o aluno do Técnico acrescenta que “com o rápido crescimento das iniciativas quânticas, ou até mesmo a evidência de que a Computação Quântica é o próximo passo lógico da Humanidade, torna obviamente esta área financeiramente cativante”. Ainda que ainda faltem alguns anos até que esta área se torne uma realidade palpável, esta é para a equipa “uma área extremamente desafiante dum ponto de vista intelectual”. “Nunca aprendemos nada tão difícil como os fundamentos quânticos e o funcionamento dos algoritmos quânticos, por isso diria que é bastante atrativo e desafiante aprender e trabalhar com sistemas quânticos”, frisa Diogo Soares em nome da equipa.

Nesta história revelou-se também crucial a “influência positiva do Professor Yasser e do seu grupo de Computação Quântica”, revela Diogo Soares, “em particular no Encontro da Ciência onde tivemos a possibilidade de o ouvir discursar sobre computação quântica e onde também tivemos o prazer de assistir à primeira comunicação com tecnologia quântica efetuada pelo IT”, recorda Diogo. É caso para dizer que é uma história que ainda agora começou, mas na qual não faltam motes para continuar.