Adepta de desafios, Sofia Vaz Pires é uma líder nata ciente de que o sucesso das organizações está no equilíbrio entre as prioridades de negócio e o lado humano da organização. Formada em Engenharia Eletrotécnica no Técnico, acabou por cedo enveredar por uma carreira ligada à vertente comercial, uma escolha de que não se arrepende e uma área pela qual acabou por se fascinar. Com uma carreira internacional repleta de experiências e conquistas, a antiga aluna do Técnico está agora de regresso a Portugal, e ambiciona poder contribuir para o desenvolvimento do setor tecnológico em Portugal com todo o conhecimento que adquiriu. Em 2017, o seu nome constava do “Top 40 Under 40 Futuros Líderes Empresariais de Portugal”, uma lista que anuncia os nomes que prometem marcar a agenda empresarial. Três anos depois confirma o pronúncio da listagem, e dá cartas numa empresa japonesa líder mundial de tecnologia onde assume uma dupla função de liderança.
Desde criança que Sofia Vaz Pires percebeu o talento especial que tinha para tudo o que era relacionado com ciências, matemática, física, química, biologia. Em vez de brinquedos, “colecionava livros e documentários de ciência e sonhava em explorar o mundo”. Quem a conhece sabe que sempre teve “uma curiosidade incessante” em perceber a lógica por detrás de tudo. Confessa que até aos dias de hoje é perseguida, “por vezes até demais”, por este raciocínio lógico. Por tudo isto, pareceu-lhe ser o caminho da Engenharia o certo para si. O Técnico “sendo a principal referência de engenharia a nível nacional e uma das melhores escolas da Europa e do Mundo” tornou-se uma meta desde cedo, e aquela pergunta que tantas vezes se faz aos mais jovens sobre o que querem ser no futuro tinha de Sofia Vaz Pires uma resposta completa: “engenheira do Técnico”.
O ingresso na escola foi por isso o cumprir de um sonho, mas Sofia Vaz Pires não recorda os tempos de estudante como fáceis, e tem bem presente a exigência do curso de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Outra memória que tem bem presente é acerca da forma como sempre ouviu os antigos alunos falar da marca Técnico. “Todos falavam da exigência e da qualidade característica do ensino do Técnico, mas também o quão recompensador essa experiência tinha sido determinante para o sucesso do resto das suas vidas”, partilha. Hoje sente o mesmo na pele e faz questão de transportar nas palavras esse orgulho, não esquecendo a aprendizagem de vida que trouxe junto com o diploma: “o Técnico ensinou-me para vida características como a autodisciplina, definição de prioridades, foco e sobretudo método de análise de problemas complexos para a elaboração de plano de ação que seja concreto e eficiente”. “Aprendi que muito se alcança com perseverança e determinação”, adiciona a antiga aluna.
Cumpriu a meta que estabeleceu e acabaria o curso em 5 anos. Antes de encerrar este capítulo outros já se abriam: “tive o privilégio de ter à escolha duas alternativas que não poderiam ser mais distintas, mas ambas igualmente prestigiantes”, recorda a antiga aluna. Uma das opções passaria por continuar para doutoramento, em parceria com a Nokia Siemens – atualmente Nokia- com quem desenvolveu o trabalho final de curso; a outra permitir-lhe-ia ingressar numa nova equipa de vendas da Ericsson, que estava a ser formada para desenvolver negócio com novos Operadores e qualquer entidade empresarial fora do setor dos Operadores de Telecomunicações. Das duas, a alumna escolheu a mais desafiante, aquela que lhe permitiria “experimentar uma carreira profissional com a oportunidade de construir um negócio a partir do zero, dentro de uma multinacional de referência como a Ericsson”, explica a própria.
A decisão não poderia ter sido mais acertada, e esta primeira experiência profissional foi para Sofia Vaz Pires aquilo que deve sempre ser: inspiradora, intensa, desafiante e repleta de mais-valias. “Foi uma experiência fabulosa, uma grande oportunidade de aprendizagem e de crescimento profissional e pessoal, onde aprendi o poder de uma cultura organizacional com valores humanos, éticos e profissionais verdadeiramente únicos e excecionais, e o verdadeiro sentido de ‘walk an extra mile’ pelo cliente”, afirma. Exigiu muito de si, nomeadamente a capacidade de interagir com os clientes, a habilidade para ler e “traduzir a complexidade técnica de um amplo portefólio de soluções em benefícios estratégicos, que melhor respondessem aos requisitos de uma grande amplitude de clientes”. Rapidamente a alumna perceberia que com esta descoberta do mundo profissional, acabaria por esbarrar numa “paixão pela vertente comercial”.
Ainda hoje, e passados mais de quinze anos e sucessivos cargos de liderança em gestão regional e mundial em quatro multinacionais de Tecnologia, em geografias e continentes diferentes, Sofia Vaz Pires recorda o início do seu percurso como o motor do que se seguiu. “Sempre referi o Técnico e a Ericsson como as minhas referências, respetivamente do ponto de vista académico e profissional”. “A característica comum entre estas entidades é que ambas são uma referência no setor da Tecnologia e tanto a nível pessoal como profissional ambas foram uma ‘escola’ para mim”, sublinha a alumna. A formação que adquiriu foi sempre uma mais-valia na sua carreira: “A minha formação em engenharia do Técnico permite-me perceber qualquer complexidade do ponto de vista técnico de requisitos do cliente o que sempre foi uma clara vantagem numa área comercial, no sentido em que me dá as ferramentas necessárias para conseguir adaptar o conteúdo da forma mais adequada”.
A interação com equipas de outros mercados que pautava o seu quotidiano nos primeiros anos de carreira despertaria o seu interesse por uma experiência internacional que começaria com um MBA, que optou por fazer para desenvolver as competências essenciais de gestão empresarial e liderança de equipas, e que lhe abriria as portas para o mundo. “Durante a minha trajetória profissional tenho assumido diversas funções de sucessiva responsabilidade a nível nacional, regional e mundial”, partilha. Além de desempenhar cargos de desenvolvimento de negócio a nível nacional, a engenheira do Técnico assumiu cargos de Estratégia e Operações na abertura de novos mercados e lançamento de novos produtos em Operadores de Telecomunicações a nível regional e mundial. Atualmente ocupa um cargo executivo numa empresa japonesa líder mundial de tecnologia, a Ricoh, “com responsabilidade por todo o departamento de vendas internacionais da EMEA e em simultâneo, a responsabilidade a nível mundial por áreas tão transversais com a unidade de Estratégia, Marketing, Parcerias e Consultoria de Vendas para o crescimento de contas globais com novos produtos e serviços IT”, refere a alumna do Técnico.
Sobre os desafios inerentes aos cargos de liderança que tem desempenhado, Sofia Vaz Pires destaca a capacidade que é preciso ter para “manter o equilíbrio certo entre as diferentes prioridades de negócio e o lado humano das organizações”. “Como líder da chamada geração ‘Millennials’, sinto especial responsabilidade em marcar um novo estilo de liderança e , com autenticidade, confiança e espírito colaborativo nos que me rodeiam, tento conciliar o lado humano com a gestão do negócio”, partilha a antiga aluna. Nem sempre é tarefa fácil, mas a alumna considera que “esta abordagem dicotómica entre gestão do negócio e pessoas é fundamental para garantir o desempenho das empresas no curto-prazo”.
A perseverança, o desempenho excecional e o sucesso a que conduziu os seus projetos foram-se espelhando em prémios de mérito atribuídos pelas várias organizações onde trabalhou. Contudo, a distinção de que Sofia Vaz Pires mais se orgulha tem rubrica lusa, e chegou em 2017, sendo a alumna um dos nomes que figura no “Top 40 Under 40 Futuros Líderes Empresariais de Portugal”, uma iniciativa da revista Exame e do Ministério da Economia em parceria com o Fórum de Administradores de Empresas, e que dava a conhecer a nova geração de líderes em vários sectores da economia portuguesa.
Apesar do espírito de descoberta, da vontade de explorar novos contextos profissionais, Sofia Vaz Pires nunca teve intenção de emigrar definitivamente, e por isso mesmo recentemente chegou a hora de regressar a terras lusas, trazendo consigo tudo o que aprendeu lá fora e muita vontade de poder fazer a diferença em Portugal. “Considero que agora é o momento ideal para regressar e contribuir para o desenvolvimento do setor tecnológico em Portugal com toda a experiência que adquiri em sucessivos cargos de liderança na gestão de várias funções e equipas”, garante.
Por cá, e mesmo nestes tempos anómalos trazidos pela pandemia, a antiga aluna consegue vislumbrar oportunidades “para impulsionar a transformação digital das empresas e da sociedade no renascimento de uma economia mais saudável e sustentável, com novos hábitos de trabalho que promovem a qualidade de vida”. “Estes tempos de enorme mudança requerem uma resposta adequada das empresas tecnológicas, pois são elas que vão definir os novos standards de trabalho a serem adotados por todos nós num ‘novo Mundo’ após COVID-19”, acrescenta.
A constante mudança e diversidade de experiências a que a antiga aluna do Técnico tem estado exposta de forma muito acelerada ao longo do seu caminho, aliadas ao seu estilo de liderança, que define como “colaborativo consciente”, tornam-na uma mais valia neste momento para o país. “Acredito que, poderão ser um contributo interessante em resposta aos novos desafios e na criação de novas oportunidades”, vinca.
Se pudesse regressar no tempo, e dar um conselho à jovem cheia de sonhos que entrou no Técnico em 1999, Sofia Vaz Pires dir-lhe-ia “para aproveitar qualquer experiência, académica, profissional ou pessoal, como uma oportunidade de crescimento”. “Durante a nossa viagem de vida há sempre muitos obstáculos, que depois de superados, nos tornam mais fortes para enfrentarmos o futuro. Mais que tudo, em qualquer viagem, é importante saber desfrutar da caminhada e não apenas da chegada ao destino final”, adiciona a alumna. Ainda falta certamente muito caminho nesta carreira de sucesso, mas olhando para o percurso desta líder não há dúvida de que o conselho, sem ser dado, foi seguido à risca.