O campus do Taguspark do Técnico comemora, esta sexta-feira, 6 de novembro, o seu 20.º aniversário. Se os tempos assim o permitissem a comunidade reunir-se-ia ao longo do dia para celebrar a data e o crescimento deste polo, lembrando a sua importância dentro da Escola e definindo metas para o futuro. A pandemia impede que se faça a festa, mas não que se assinale o momento através de um vídeo comemorativo e com o lançamento de um concurso literário aberto a toda a comunidade do Técnico. Através de pequenos contos, os participantes são desafiados construir e a partilhar histórias inspirando-se nas vivências que têm ou tiveram neste polo.
Tal como habitual, quisemos também dar a palavra a alguns elementos da comunidade do campus, que nos guiaram numa viagem pelo passado, pelas caraterísticas diferenciadoras, partilhando o orgulho e deixando votos de sucesso para as próximas décadas.
A vice-presidente do Técnico para a Gestão do Campus do Taguspark, professora Helena Galhardas, faz questão que a primeira mensagem de todas, neste dia de aniversário, transmitisse alento e ânimo. A docente expôs a sua “esperança que esta situação de pandemia irá melhorar e que vamos poder voltar todos a ir presencialmente ao Técnico, em particular ao campus do Taguspark”.
As datas especiais instigam sempre a uma reflexão sobre o caminho percorrido, e por isso mesmo, a docente recorda que este projeto foi “durante alguns anos, o sonho de alguns que depois se concretizou”. “Uma parte do edifício foi construída, depois as outras aos poucos, a residência mais tarde, a garagem finalmente! Nem sempre os tempos foram fáceis para se navegar e alguns projetos no campus ficaram, até agora, apenas em maquete”, lembra ainda. A professora Helena Galhardas faz também questão de agradecer “a todos os que acreditaram no projeto do Técnico no Taguspark ao longo destes 20 anos”.
A criação de um campus do Técnico no Parque de Ciência e Tecnologia do Taguspark refletiu um sonho de aproximação de duas realidades tão próximas nas suas interdependências: o ensino da engenharia às empresas. Na opinião da vice-presidente do Técnico esse objetivo tem sido cumprido ao longo destas duas décadas: “têm existido colaborações entre o Técnico e as empresas do Taguspark, tanto ao nível de estágios, teses de mestrado realizadas no contexto empresarial, projetos conjuntos de investigação e desenvolvimento, e startups criadas por alumni”. “Algumas destas startups fixaram-se no Parque Tecnológico e aí continuam. Estou convencida de que conseguiremos manter este registo de colaboração e ainda encetar fortes relações de parceria”, afirma a docente.
A vice-presidente revela que uma das intenções da nova direção do Técnico era “apresentar a Escola por dentro às empresas do Parque, em particular o que se faz no campus do Taguspark em termos de Engenharia. Depois, compreendendo quais os problemas por elas identificados, estabeleceríamos laços para, em colaboração, encontrarmos as soluções”. Este seria um dos planos que a pandemia viria atrasar, mas a docente acredita que este pode ser prosseguido agora num formato online. “Com a aposta que tem vindo a ser feita no crescimento e rejuvenescimento de todo o Parque Tecnológico e na forte componente da área de Parcerias Empresariais da Escola, estaremos certamente em posição para prosseguir a missão de estabelecer uma ligação ainda mais forte do ensino e investigação em engenharia às empresas do Parque e envolvente”, refere a professora Helena Galhardas.
Apesar de todos os constrangimentos impostos pela nova realidade mundial, este é um ano de viragem para o campus, nomeadamente pela assinatura do memorando de entendimento com a Câmara Municipal de Oeiras, que promete trazer transformações. “A ligação do campus do Técnico no Taguspark ao Município de Oeiras foi sempre, para mim, algo natural, pois o campus está aí localizado. Além disso, sempre se observou, em particular nalguns períodos de tempo, um forte interesse da Câmara na Ciência e nas Tecnologias”, destaca a vice-presidente do Técnico. Em setembro deste ano, “alinharam-se os ventos” e muitas estratégias neste acordo, e o futuro adivinha-se mutuamente benéfico. “O Técnico tem muito a oferecer a Oeiras, aliás, a outros municípios também”, vinca, ainda, docente.
Além das atividades de divulgação de Engenharia junto dos mais jovens patente neste memorando e que o Técnico levará a cabo, a docente acredita que esta aliança renovada se poderá também refletir na componente de investigação que se faz no campus do Taguspark. “Estou plenamente convicta que vamos poder também colaborar, em particular nas áreas de tecnologia de satélites, engenharia de células estaminais, desenho de jogos, inovação social, logística, entre outras”, frisa.
A professora Helena Galhardas considera que um dos pontos fulcrais do memorando de entendimento é o facto de que “Oeiras pode ajudar o Técnico a cumprir o sonho de há 20 anos”. Através da melhoria substancial da acessibilidade ao polo do Taguspark apagará aquela imagem do campus que ‘é para lá do sol posto’. E, com a concretização de um projeto conjunto de requalificação paisagística, conseguiremos finalmente ter, na sua plenitude, um campus universitário”, aponta. “Acredito veementemente que este é um projeto que traz vantagens para ambos os lados: o Técnico terá um campus universitário com enquadramento paisagístico e aproveitamento do espaço exterior em Oeiras, e Oeiras terá um espaço e conhecimento em Ciência e Tecnologia a oferecer à sua população”, declara.
As saudades que pautam as memórias de um antigo aluno
Passou apenas um ano desde que Tomás Jacob terminou o mestrado em Engenharia Informática e de Computadores, no Taguspark. Do pouco tempo que passou, já existem saudades do muito que por lá viveu: “recordo-me sempre de uma forma positiva, no fundo, são muitos mais os momentos bons que os chatos”. “Por muitas noitadas e serões que tenha feito a estudar e a fazer projetos, e ainda foram algumas, não são essas as memórias que guardo”, começa por afirmar. Por entre as recordações que sela com mais carinho estão “os momentos de pausa nos puffs, as pessoas, as celebrações de passar às cadeiras, os eventos e os convívios”. “Diz-se muito que as faculdades são as segundas casas dos alunos, mas no meu caso posso dizer que foi mesmo a minha casa. Durante 6 anos a porta esteve sempre aberta e sempre me recebeu de braços abertos”, declara o antigo aluno.
Desde o seu 1.º ano que Tomás Jacob sentiu o “grande espírito de comunidade no campus”. “Toda a gente se ajuda no que é preciso, e especialmente os que participam mais ativamente no campus partilham um objetivo comum de o tornar melhor e contribuir para o desenvolvimento dos seus alunos”, enfatiza Tomás Jacob.
O “ambiente familiar” que carateriza o campus
Helena Nobre Rogério trabalha há 18 anos no campus do Taguspark. “Tem sido uma verdadeira Escola no meu desenvolvimento pessoal e profissional”, declara. “Cultivar a confiança, gerir com equilíbrio o bem-estar no trabalho e servir com alegria toda a comunidade tem sido a minha postura”, adiciona a funcionária não docente.
A forma como fala do campus evidencia o carinho que sente pelo seu local de trabalho. Enaltecendo “o ambiente familiar de proximidade”, a funcionária elogia a “estrutura pós-moderna e singular do edifício, com um jardim interior, de corredores espaçosos e longos e de pessoas disponíveis para aprender, ensinar e servir a Escola”. “A satisfação é geral pelas boas condições de estudo e trabalho disponíveis”, complementa, frisando a forma fácil como se constroem relacionamentos no campus, e a “cooperação e interajuda como reflexo da proximidade”, assinala.
De acordo com a colaboradora do Técnico, “a interação e valorização no atendimento de qualidade e a eficiência em resolver e ajudar os utilizadores” são dois dos fatores diferenciados do Taguspark. “Estar no campo, apreciar a natureza que me cerca e vir com prazer trabalhar traz qualidade de vida e é um antidepressivo”, salienta ainda.
O companheirismo e as oportunidades encontradas pelos alunos
Quando há 5 anos teve que escolher o seu rumo no ensino superior, Tiago Fernandes não teve dúvidas ao optar por Engenharia Informática e de Computadores no Taguspark. “Primeiramente porque o Técnico é uma faculdade de prestígio, com um ensino bastante rigoroso e sabia que me ia trazer muitas capacidades importantes para o meu futuro como, por exemplo, a capacidade de resolução de problemas. E segundo, porque é uma zona muito tranquila, de fácil acesso e conseguimos sentir-nos facilmente em casa”, justifica o aluno.
Ao longo do seu percurso tem sentido de diversas formas as mais-valias de fazer parte de um campus mais pequeno, e destaca o companheirismo que o rodeia. “Uma coisa que me encantou desde o início do meu percurso na faculdade é que nunca me senti desamparado, nunca me senti desacompanhado, e quando tínhamos problemas ou dúvidas tínhamos sempre bastante apoio e um sentido de companheirismo enorme”, sublinha. Tudo isto, leva-o a afirmar, sem hesitar, que esta “foi claramente a escolha certa” para a sua formação.
Para Tiago Fernandes o ecossistema empresarial em que o campus está inserido acaba por ser inspirador para quem lá estuda. “O facto de estarmos rodeados de empresas vistas como referências no mercado e como possíveis oportunidades para o nosso futuro, é sem dúvida apelativo do ponto de vista dos alunos”, assume o estudante. “Sabemos que se mostrarmos trabalho e serviço seremos recompensados por isso”, acrescenta.
O aluno aproveita para lembrar e destacar a importância daquele que considera “o maior evento da faculdade”, a Semana Empresarial e Tecnológica (SET), da qual é coordenador. O estudante garante que estas atividades são muito importantes na melhoria das soft skills dos alunos e por isso “gostaria de ver o campus do Taguspark apostar mais nas atividades e ver uma equipa a trabalhar em conjunto nas mesmas”.
Os desejos para os próximos anos
Em dia aniversário torna-se também inevitável não pensar no futuro e nas metas que se querem ver cumprir nos próximos anos. O primeiro dos desejos partilhado pela professora Helena Galhardas está, pois, relacionado com a situação pandémica que alterou as dinâmicas do campus, e do Técnico em geral. “Espero que voltemos rapidamente a um normal sem grandes percalços, mesmo que tenhamos que andar todos de máscara por mais uns tempos, mas que possamos ver-nos fisicamente de forma contínua”, partilha, apelando ao cumprimento das regras para diminuir a probabilidade de contágio. “Desejo que a colaboração com a Câmara de Oeiras seja duradoura e frutífera para ambas as partes e que nos possamos orgulhar ainda mais do espaço que ali temos e que viremos a melhorar”, adiciona de seguida.
Vencido o obstáculo da acessibilidade, e construído um campus capaz de acolher pessoas que aí possam viver, além de trabalhar, a docente espera “que a distância da cidade já não seja um fator desfavorável. “Antes pelo contrário, desejo que atraia cada vez mais alunos, docentes e investigadores”, aponta. Por fim, mas não menos importante a vice-presidente ambiciona “que nos possamos abrir ao mundo e internacionalizar o campus. Trazer investigadores e alunos desse mundo fora para estadias de média e longa duração, para escolas de verão/inverno, para eventos científicos/tecnológicos de larga escala”. “Vontade, espaço, conhecimento e pessoas temos; agora é transformar o Taguspark num campus universitário ainda melhor”, colmata.
Consciente de que os anos trazem a inevitabilidade da mudança e do progresso, Tomás Jacob torce para “que por muito que o campus mude, não deixe de ser sempre a casa dos alunos, funcionários e professores, que não seja só o sítio onde vêm ter aulas ou trabalhar, mas sim o local onde crescemos enquanto pessoas e profissionais”. Na lista de desejo para o futuro acrescenta ainda: “espero que continue a haver um investimento ativo para atrair mais alunos e cursos para o Taguspark, para que seja sempre uma parte integral e indistinguível de todo o Instituto Superior Técnico”.