Já deu mais de 5500 voltas à Terra, mas esta foi a primeira volta completa em torno do Sol – 9 de julho marcou o primeiro aniversário do lançamento do ISTSat-1 para o Espaço, a bordo do foguetão Ariane 6. Com apenas 10 centímetros de aresta, o primeiro satélite completamente construído em Portugal resultou de um esforço conjunto de investigadores do Instituto Superior Técnico e de empresas do setor do espaço e orbita a uma altitude de 580 quilómetros, trocando informações com a Estação de Rastreio de Satélites (ERS-IST) instalada no campus Oeiras da Escola sempre que sobrevoa esta região.
A comunidade escolar reuniu-se nesse dia para celebrar o primeiro ano de atividade do terceiro satélite português a ser colocado em órbita. Rogério Colaço, presidente do Técnico, defendeu que a construção do ISTSat-1 “serviu para desbloquear uma coisa que não existia há alguns anos – o enquadramento que nos permite colocar objetos instrumentais no espaço”. Para além disso, argumentou o docente, serviu também “para formar pessoas, para criar conhecimento” e para a Escola “[se relacionar] com os seus parceiros na área do espaço”. O presidente do Técnico terminou o seu discurso confiante de que Portugal pode ser um interveniente importante a nível internacional nesta área.
O projeto teve o suporte financeiro do Instituto Superior Técnico, do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), do Instituto de Telecomunicações (IT) e do Instituto de Engenharia Mecânica (idMEC). Contou também com a participação de elementos do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR-Lisboa), bem como com o apoio de várias empresas ligadas ao sector.
Rui Rocha é coordenador do projeto e um dos fundadores do NanoSat Lab, consórcio que agregou investigadores e estudantes envolvidos nas atividades em torno do ISTSat-1. O investigador do IT e professor do Técnico defendeu, numa apresentação em que partilhou o trabalho de monitorização desenvolvido ao longo deste primeiro ano, que o lançamento do nanossatélite “foi um marco extremamente importante para o Técnico e, seguramente, para o setor do Espaço em Portugal”. Já para a equipa do NanoSat Lab, o sucesso do projeto “representou o culminar de um longo caminho de desafios”.
Para assinalar a data, a zona central do edifício do Técnico no Taguspark acolheu ainda uma sessão de debate, onde Joana Mendonça, vice-presidente para este campus, comparou o momento aos primeiros passos de um bebé – “o primeiro passo é fundamental, mas nós sabemos que é apenas o início daquilo que se espera ser uma grande caminhada”, afirmou. João Paulo Monteiro, professor do Técnico e investigador do ISR-Lisboa a quem coube moderar o debate, partilhou projetos contemporâneos e futuros do NanoSat Lab, onde também se insere. Tiago Peres, alumnus do Técnico e membro da Agência Espacial Portuguesa, e Daniel Reis, da empresa aeroespacial LUSOSPACE, também intervieram na discussão.
“Da parte de Oeiras, senhor professor, tudo” – esta foi a garantia de Pedro Patacho, vereador da Câmara Municipal de Oeiras que, tomando a palavra após o debate, defendeu que o objetivo do município “é trabalhar com o Técnico”, sendo que “a área do espaço é algo prioritário” onde é “necessário investir mais”. O Presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, deixou uma saudação aos envolvidos no projeto do ISTSat-1 e garantiu que “Portugal vai ter acesso ao espaço” graças em parte às consequências desta iniciativa, por se ter aberto “legislação que nos vai permitir faz[ê-lo]”.