“O delegado tem que conseguir pôr os problemas da maioria dos alunos à frente dos seus, e podemos nem concordar com a opinião geral, no entanto, temos de a saber defender”, a frase de Mágui Lage uma das alunas que no anterior ano letivo desempenhou as funções de delegada diz muito sobre a generosidade que o cargo exige. Enquanto mediadores da relação entre alunos e o corpo docente, os delegados envolvem-se, dão voz às interrogações e dificuldades dos seus colegas, tentam fazer parte da solução. Ainda que conscientes de que esta não é uma tarefa fácil, munem-se de resiliência, adquirem “jogo de cintura” e com o trabalho que desenvolvem contribuem para a resolução de muitos dos problemas pedagógicos do Técnico.
Ao relato de Mágui, aluna do mestrado em Engenharia e Gestão da Energia (MEGE), junta-se o de Leonor Carvalho, que também desempenhou o cargo no ano passado, sendo delegada do 3.º ano e da licenciatura de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Desde o seu ingresso no Técnico que o cargo lhe despertou curiosidade, porém, a exigência e carga de trabalhos do curso foram melindrando a sua vontade. “Tinha interesse no trabalho de delegado, fui pesquisar um pouco mais sobre tudo o que teria que fazer, achei muito interessante e fui em frente”, lembra. O seu gosto por ajudar pessoas influenciou a decisão, e rapidamente perceberia que no exercício destas funções iria inevitavelmente fazê-lo. Volvido um ano desde que assumiu esta responsabilidade, o balanço da aluna não podia ser mais positivo, e a sensação é que impactou o percurso académico dos seus colegas. “Somos uma ponte, somos porta-vozes dos alunos não só com a coordenação, mas também com todos os outros docentes do curso e os órgãos da escola”, destaca.
A má impressão que teve do trabalho desempenhado pelo delegado do seu ano podia perfeitamente ter levado Mágui a desvalorizar o cargo, mas teve exatamente o efeito oposto. “Quando entrei no MEGE quis tentar mudar um bocadinho as coisas, ser uma delegada presente, que ouve os meus colegas, que tem como objetivo cumprir o interesse comum e não só o interesse próprio”, explica. Avançou para a candidatura, não porque queria acrescentar mais um título ao seu currículo, mas porque queria ir para além disso. “Quis fazer uma mudança que fosse visível aos olhos de toda a gente, e a verdade é que tenho um bom feedback dos meus colegas o que me leva a acreditar que estou a fazer um bom trabalho”, assume.
A lista de tarefas de um delegado depende mais da proatividade de cada um do que da lista de competências delimitadas, no entanto, existem determinados momentos onde o contributo destes alunos é imprescindível, nomeadamente: no preenchimento dos relatórios de discência no âmbito do Subsistema para a Garantia da Qualidade das Unidades Curriculares (QUC), o envolvimento na calendarização dos exames, e a presença em reuniões de curso marcadas pontualmente.
Um ano pode parecer pouco para dar voz a tudo aquilo que a função representa, mas a verdade é que o último ano letivo foi exigente o suficiente e por isso a experiência das duas legadas não podia ter sido mais desafiante e completa. Além da pandemia e do ensino remoto, coube-lhes dar voz às muitas dúvidas normais num período de mudança como foi a transição para o novo Modelo de Ensino e Práticas Pedagógicas. “Foi um período em que tivemos que lidar com muitas situações novas, problemas às quais não tínhamos logo a resposta, e isso exigiu um grande esforço de comunicação da nossa parte para mantermos os alunos sempre informados”, recorda Leonor Carvalho que aponta estas questões como as mais desafiantes do seu mandato.
Ao longo deste caminho nunca lhes falhou o apoio, e sempre que lhes faltava a informação para sossegarem as muitas inquietações dos colegas sabiam onde a procurar. “O apoio dos nossos colegas mais velhos que já exerciam funções e da comissão foi fundamental, a resolução de qualquer dúvida estava à distância de um telefonema e embora tenhamos iniciado funções num ano muito complicado não ficamos sozinhas”, realça Mágui.
As duas alunas não têm dúvidas de que também o plano de formações promovido pela Comissão para o Corpo de Delegados é crucial na aquisição de competências, ferramentas, fornecendo-lhes acesso a todas as informações essenciais para desempenhar da melhor forma estas funções. “Sensibilizaram-se e ajudaram-nos a aperfeiçoar a forma como falamos com os professores, como expomos uma situação aos docentes, deram-nos um maior conhecimento da estrutura do Técnico, e funções dos órgãos, e muito mais”, evidencia Leonor.
Ainda que aquilo que mova os delegados seja o interesse coletivo, Mágui salienta que há um retorno pessoal imenso, e começa por lembrar o mais óbvio: “também acabamos por usufruir de todas as mudanças positivas que consigamos levar a cabo”. Além da sensação que podem fazer parte da mudança, as duas alunas realçam que o cargo estreitou laços com os colegas e aumentou a sua capacidade de negociação, de oratória e de gestão de tempo. “Acima de tudo, penso que há uma maior organização, há uma maior confiança e segurança por parte dos alunos por terem alguém a quem recorrer e penso que isso traz uma maior estrutura ao Técnico”, colmata aluna de MEGE.
As eleições dos Delegados para o ano letivo de 2021/2022 terão lugar já na próxima semana – entre dia 12 às 17h até dia 14 às 16h59. O processo de candidaturas está já a decorrer e estende-se até ao dia 11 de outubro. As candidaturas deverão ser realizadas através de um formulário que pode ser preenchido pelo próprio candidato ou por qualquer aluna/ aluno que identifique num colega as características certas para assumir o cargo. A votação decorrerá através da plataforma Helios, e os links de votação serão individuais. Cada aluno receberá um e-mail com o respetivo link e com todos os passos a seguir para exercer o seu direito de voto.