O Departamento de Física do Técnico deu as boas-vindas a três novos Eméritos no Departamento. A sessão de homenagem aos docentes decorreu esta terça-feira no Centro de Congressos do Instituto Superior Técnico.
No arranque da sessão, o Presidente do Técnico, professor Rogério Colaço, agradeceu aos homenageados e fez questão de referir que os três tiraram o curso de Engenharia Eletrotécnica no Técnico, doutorando-se depois em Física. Rogério Colaço terminaria a sua intervenção inicial afirmando que “não deixo de me emocionar um pouco quando vejo este Centro de Congressos praticamente cheio para esta homenagem”.
O Presidente do Departamento de Física, professor Vítor Cardoso, começaria a sua intervenção referindo que “é uma honra estar aqui”. Na sua intervenção falou sobre as vicissitudes da investigação e agradeceu a colaboração de décadas dos homenageados com o Departamento de Física. Vítor Cardoso terminaria a sua intervenção afirmando que “um bom cientista força-nos a olhar sempre com um olhar crítico” e que “as nações que abraçam o conhecimento são sempre as mais ricas”.
Coube ao professor João Paulo Silva fazer a apresentação do primeiro homenageado da tarde, o professor Gustavo Castelo-Branco. João Paulo Silva começaria por referir que “ele (professor Gustavo Castelo-Branco) representa o ideal de professor Emérito”, abordando os requisitos para tal e a forma como o professor Gustavo Castelo-Branco os cumpria. Ao longo da sua intervenção, referiu que o professor foi Presidente do Departamento, apoiou a entrada de Portugal no CERN e que foi pioneiro na Física de Partículas.
Após a entrega do Diploma de Professor Emérito, Gustavo Castelo-Branco começaria a sua alucoção dizendo que “contar a minha história em 15m é uma missão impossível, mas vou tentar”. E assim foi. Ao longo da sua intervenção referiu a importância que o Doutoramento na City College, em Nova Iorque, teve na sua carreira, bem como a experiência de vida na cidade. A este respeito, disse ainda que fez o seu Doutoramento durante a ditadura em Portugal e a guerra colonial. A sua carreira passaria depois por um pós-doutoramento na Universidade de Bonn, na Alemanha, tendo seguido depois para a Carnegie Mellon University.
Em 1981 regressaria a Portugal e começaria a dar aulas no Técnico. Sobre o seu percurso no Técnico havia ainda de referir que “o sucesso da Licenciatura e Mestrado em Física Tecnológica suplantou todas as expectativas”.
O professor João Seixas fez a apresentação do segundo homenageado, o investigador Doutor Emílio Ribeiro. Logo no arranque da sua intervenção fez questão de afirmar que “a apresentação do Emílio Ribeiro é difícil porque ele é um investigador da Universidade”. A este respeito, referiu que o investigador foi um dos responsáveis pela organização da estratégia da Universidade, um dos responsáveis pela elaboração dos Estatutos do Técnico e da Universidade Técnica de Lisboa e, ainda, Presidente do Grupo de Avaliação da Universidade de Lisboa. Ao nível do Técnico, havia ainda de dizer que o investigador Emílio Ribeiro co-projetou e promoveu, com o Arquiteto Nuno Leónidas, o novo edifício do Instituto de Física e Matemática, que atualmente integra o Complexo Interdisciplinar.
A nível académico, João Seixas referiu-se ao Doutoramento de Emílio Ribeiro na Universidade de Oxford e à sua área de investigação – a Física Hadrónica.
No arranque da sua alocução, o investigador Emílio Ribeiro referia que quando entrou para o Técnico enquanto estudante este “era muito retrógada, vivíamos numa ditadura, mas havia alguns professores que escapavam”. “O Brotas (António) foi uma lufada de ar fresco numa universidade retrógrada”, havia ainda de complementar.
O investigador falou sobre o seu percurso académico, sobre a construção do segundo edifício do Instituto de Física e Matemática e sobre o seu envolvimento e contributo para a Universidade de Lisboa, terminando com “a Universidade é nossa”.
A intervenção do professor Mário Pimenta, que faria a apresentação do terceiro homenageado do dia, o professor Jorge Romão, foi centrada em três partes. A primeira referia-se ao “cientista”, abordando as áreas científicas desenvolvidas por Jorge Romão, nomeadamente a Gravidade Quântica, a Física de Neutrinos e a Supersimetria. A segunda parte sobre o “professor”, falando sobre a referência de qualidade e disponibilidade para os alunos que Jorge Romão tinha, afirmando que “a sua porta esteve sempre aberta para todos os alunos”. A terceira e última parte da sua intervenção centrou-se no “integrador de pessoas e comunidades”. A este respeito, Mário Pimenta falou sobre o papel de Jorge Romão na Física, em particular em Portugal e no Técnico, referindo-se ainda ao papel que o professor teve na ligação de Portugal ao CERN.
Jorge Romão começaria a sua alocução dizendo que “vou falar-vos sobre a sorte e os acasos”. Ao longo da sua intervenção o professor falaria sobre a sua infância em Alcanena, sobre a sua entrada no Técnico, que foi feita dispensando o exame de admissão, sobre a influência que, também, o professor António Brotas teve no seu percurso. A nível académico, Jorge Romão falou sobre o seu Doutoramento na Universidade de Chicago, com uma tese sobre Supersimetria, e à sua entrada no Instituto Superior Técnico como docente em 1981.
O agora Professor Emérito terminaria a sua intervenção afirmando que “a melhor coisa de ser professor é que os alunos têm sempre a mesma idade, nunca envelhecem” e que “espero ter-vos convencido da importância do acaso a ajudar o mérito”.
No encerramento da sessão de homenagem o Reitor da Universidade de Lisboa, professor Luís Ferreira, referiu-se aos dez anos da Universidade de Lisboa e ao papel dos docentes na mesma, afirmando que “são criadores (os homenageados) de Escola, não ficaram no seu Departamento, são exemplos de dedicação e trabalho”.
Veja aqui o programa da sessão e as biografias dos homenageados.