A energia que dominou o XI Dia da Graduação, no passado sábado, 18 de janeiro de 2020, foi esplêndida . Mais do que o encerramento do capítulo, o dia permitiu abrir o livro das memórias, sorrir com as mesmas e celebrar a aprendizagem que se retirou delas. Nem todos o viveram da mesma forma, mas houve um sentimento que uniu cada um dos finalistas: a conquista. Estava-lhes no semblante, nas passadas, nas palavras, no erguer do diploma. O sucesso brindou-se com palavras, mas também com abraços- entre as famílias, os colegas de aventura, com os professores. Conjugaram-se sorrisos, e espreitou-se o futuro, ainda que alguns já o tenham orgulhosamente como presente. O sonho concretizou-se e abriu a portas a tantos outros.
Depois da entrega dos cerca de 290 diplomas, os finalistas ocupariam as primeiras filas da Aula Magna para ouvir as congratulações do presidente do Técnico, o professor Rogério Colaço. Lembrando o simbolismo inerente a este dia, o presidente do Técnico referia que este novo capítulo se inicia no “seio de uma sociedade em grande mudança”. “A mudança não é boa nem má. É aquilo que quisermos fazer dela. Será boa se a soubermos aproveitar em prol do desenvolvimento da nossa sociedade, criando melhores condições de vida, mais saúde, mais esperança para todos. Será má se não lhe dermos atenção, se não aceitarmos que existe”, vincava o professor Rogério Colaço.
Enumerando alguns dos desafios atuais que se impõem a esta geração, e salientando que as respostas para os mesmos “só podem ser científicas e tecnológicas”, o presidente do Técnico sublinhou que a responsabilidade de as criar estará a cargo desta geração de graduados. “Tenho a certeza que cada um de vocês pela formação que tiveram, por aquilo que são e que sabem, estarão à altura desses desafios e de encontrar estas respostas”, vincou o professor Rogério Colaço. Para terminar, o docente adiantava algo que os novos graduados irão sentir nas próximas décadas: “mesmo quando saímos do Técnico, o Técnico nunca sai de nós”, lançando-lhes por isso o desafio “de regressarem sempre à vossa casa”, que “estará sempre aberta ao vosso regresso”.
“Creio que concordam comigo quando digo que esta experiência nem sempre foi fácil, exigiu muito de nós, mas deixou-nos a todos mais fortes”
Filipa Guimarães, graduada em Engenharia Biológica, subiria depois a palco, para ser a porta-voz do orgulho e das particularidades que caraterizam uma passagem pelo Técnico. Voltando atrás no tempo- aquele que tantas vezes foi escasso e que a determinada altura deixou de se contar- a aluna finalista lembrou as adversidades que pautaram o seu percurso, e a aprendizagem que retirou de cada uma delas. “Ser aluno do Técnico é ser resiliente e trabalhador, é nunca baixar os braços, é ser curioso e autodidata, é ter espírito crítico, é ser pragmático e rápido a tomar decisões como, por exemplo, quando temos que decidir qual o exame que vamos deixar para a segunda fase”, soltou, despertando as gargalhadas anuentes dos colegas. “Creio que concordam comigo quando digo que esta experiência nem sempre foi fácil, exigiu muito de nós, mas deixou-nos a todos mais fortes e acredito que isso será muito útil num mercado de trabalho cada vez mais competitivo”, destacava, com convicção, a graduada.
Relativamente ao futuro, e ciente de que integra a geração que o criará, Filipa Guimarães reforçaria a sua convicção de que “estamos equipados com as ferramentas e as competências técnicas suficientes para conseguir fazer a diferença nas áreas da Engenharia, da Ciência e da Tecnologia, quer seja no nosso país ou lá fora”. Por isso mesmo, as suas últimas palavras foram de incentivo à audácia e à coragem para prosseguir tudo o que foi adquirido ao longo da passagem por esta escola. “Não tenham medo de arriscar e de enfrentar novos desafios, porque se há coisa que o Técnico nos ensinou a todos foi que desistir à primeira dificuldade não é de um aluno do Técnico”, rematou.
A gratidão e o orgulho neste percurso foram prosseguidos na intervenção de Nuno Guerreiro, graduado em Engenharia Mecânica. Convocando a audiência a um exercício de retrospetiva aos primeiros tempos do Técnico, o graduado partilhava as suas primeiras sensações: um sentimento de pertença e de muito orgulho por ter o privilégio de estudar nesta escola. “A experiência do Técnico não é só fenomenal do ponto de vista científico e académico, é uma experiência pessoal, é uma fonte de riqueza que não conseguimos medir, que se reflete na matriz de valores que temos hoje”, realçava Nuno Guerreiro. “O sentido de imensa responsabilidade e a enorme resiliência que o Técnico nos incute tornam-nos quase imbatíveis”, complementou.
Expondo “as saudades” que o invadiram depois de ouvir estas intervenções, o reitor da Universidade de Lisboa, professor António Cruz Serra, usaria a sua breve alocução para manifestar a concordância com as mensagens transmitidas. “O Técnico mudou-vos e moldou-vos, e o mínimo que esperamos é que vocês façam o mesmo à sociedade”, disse o reitor. “Esperamos que façam progredir o país, a Europa, e o mundo, que contribuam para os avanços científicos e tecnológicos, que criem as nossas grandes empresas, que contribuam para que o mundo seja melhor amanhã do que é hoje”, adicionou. Ainda que muito se especule sobre as novas profissões, o reitor realçaria, por fim, que não há motivos para estes jovens temerem o futuro, “porque vocês têm uma formação de base muito forte e estão preparados para vencer todos os desafios que aí vêm”.
Após a atuação da Tuna Feminina do Instituto Superior Técnico (TFIST), os finalistas retornariam à escadaria do Salão Nobre- de onde desceram para receber o diploma- para a memorável foto de grupo. Tornou-se prescindível a dica que roga pelo sorriso e todos adivinhavam o gesto que lhes seria pedido de seguida: o desejado e orgulhoso erguer do diploma.
Depois do final da cerimónia, André Rodrigues e Rúben Cardoso, graduados em Engenharia Física Tecnológica, deixaram-se ficar no palco a desfrutar um pouco mais do momento, antecipando o futuro que estava agora mais perto. Ainda que este Dia da Graduação represente para ambos apenas um momento simbólico, que não se sobrepõe ao dia em que defenderam a tese, os dois alunos salientam a sua importância como uma forma “de encerrar a jornada e celebrar com a família”. Sobre este percurso e o balanço dos mesmos, o saldo das pessoas que conheceram no Técnico é extremamente positivo. “De facto, encontramos gente no Técnico, em particular no nosso curso, com uma inteligência e uma mentalidade extraordinárias”, vinca André Rodrigues. “As pessoas acham que no Técnico há muita rivalidade, mas é um mito, porque existe de facto uma imensa entreajuda e um ótimo ambiente”, salienta de seguida. Nem todas as memórias são boas, e a maioria delas vêm carimbadas pela adrenalina, mas os dois amigos concordam que esta resiliência que adquiriram os prepara melhor para o mundo profissional. “Depois de 5 anos no Técnico, tudo o que aprendemos e toda a resiliência que obtivemos, sinto-me muito mais bem preparado para o mercado de trabalho”, destaca Rúben Cardoso.
Inês d’Ávila, graduada de Engenharia Aeroespacial, quase cedeu às dúvidas que a invadiram, relacionada com a importância de vir a esta cerimónia. No momento que a encontrámos, enquanto retribuía felicitações, não podia estar mais satisfeita por ter optado por ir. Quem reparou na forma como desceu a escadaria e recebeu o diploma percebe porquê, mas ainda assim a agora a antiga aluna do Técnico faz questão de o explicar: “Estar aqui hoje, fazer este caminho, cumprimentar os professores, ter o diploma na mão, é assoberbante”. A sensação de capítulo fechado e de missão cumprida está-lhe no tom e no sorriso; as muitas recordações e a bagagem adquirida vão segui-la sempre. “O Técnico não é só uma escola. Não nos dão apenas aulas, ou este diploma, a escola dá-nos uma bagagem gigantesca que nos faz sentir que tudo o que vier agora será mais fácil”, vinca. E é assim- sem medos- que olha para o futuro. “Há muitos antigos alunos do Técnico que me dizem que efetivamente estou preparada para tudo. Mas melhor do que o ouvir, é senti-lo, saber que perante qualquer desafio eu tenho capacidades para o enfrentar e superar”, colmata.