Prevê-se que em 2050 a quantidade de lixo seja superior ao número de peixes nos oceanos. Foi com uma ideia que pretende solucionar este grave problema dos nossos oceanos que a equipa da JUNITEC- Júnior Empresa do Instituto Superior Técnico, os Inovatecos, venceram a maratona tecnológica, Inovathon Ocean Edition 2019. O evento organizado pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA) e pela plataforma Global Compact das Nações Unidas decorreu na semana passada, entre os dias 7 e 8 de junho, na vila de Cascais, e desafiou os cerca de 120 jovens que participaram a apresentarem ideias para salvar os oceanos.
Uma aplicação que ajuda as pessoas a perceber “quantos quilos de plástico poupam” ou “quantos animais marinhos conseguem salvar” através de uma escolha consciente nos supermercados foi a ideia que valeu o primeiro lugar aos Inovatecos. “Em vez de penalizar apenas as ações que não são sustentáveis (taxar ou proibir produtos) sugerimos reduzir o plástico nos oceanos através de um incentivo ao consumo sustentável”, explica Gil Coelho, porta-voz da equipa. “Para isto, propusemos que os produtos tivessem um score de sustentabilidade mediante o impacto que iriam ter”, adianta ainda. Trocando isto em miúdos ou neste caso por “oceanos”, a moeda virtual da aplicação, se levar um produto com embalagem de papel ganha, mas se por sua vez optar por um produto em embalagem de plástico fica “a ver navios”. Além de somar “oceanos”, a aplicação permite acompanhar o impacto positivo que as nossas compras já tiveram, podendo “os oceanos ser trocados por benefícios como descontos ou doações à nossa fundação preferida”, destaca Gil Coelho. “A proposta de valor é a de consciencializar e informar o consumidor e diferenciar a superfície que está a vender”, salienta ainda o porta-voz da equipa. A ferramenta por detrás desta aplicação é a gamificação, cada vez mais na moda e usada em importantes áreas como a educação ou a saúde. “Pode ser, sem dúvida, uma forte aliada. Temos de tirar proveito da sua forte capacidade em fidelizar os utilizadores – muitas vezes com baixo custo”, assinala Gil Coelho.
Quando a equipa decidiu participar não tinha nenhuma ideia em mente, e o projeto começou a ganhar contornos depois “de cerca de 5 horas de brainstorming”, recorda Gil Coelho. Empenhados em criar valor com a ideia e absorver todos os conhecimentos, desfrutando da ajuda dos mentores, a equipa da JUNITEC não criou expetativas em torno da vitória, olhando “para o evento mais como uma aprendizagem do que como uma competição”, reitera o porta-voz dos Inovatecos. Agora, perante a vitória da importante competição, a equipa não esconde o “grande privilégio e felicidade” com a conquista, interpretando-a como “uma confirmação e continuação do trabalho que desenvolvemos diariamente na JUNITEC e no Técnico”.
“No contexto da JUNITEC estamos sempre à procura de projetos interessantes que sejam disruptivos e tirem proveito da tecnologia”, evidencia Gil Coelho. Por isso mesmo e por entenderem as hackatons como “excelentes oportunidades para num curto espaço de tempo se conseguir aprender muito ao mesmo tempo que se produz valor”, a equipa encarou esta maratona como uma boa maneira de investir tempo com um retorno significativo. “Não só tinha um foco no tópico crucial do presente e do futuro – resolver os problemas que afetam os nossos oceanos – como contava com uma rede de mentores e local ótimos”, justifica o porta-voz dos Inovatecos.
Os três grupos que apresentaram as melhores soluções na maratona tecnológica ficaram qualificados para a competição internacional do Innovathon, que acontecerá em Lisboa no próximo ano. Com esta distinção surge também a oportunidade de verem as suas ideias tornadas realidade, uma vez que a CEiiA, irá, nos próximos 12 meses, em conjunto com os jovens vencedores estudar estratégias para implementar os seus projetos. Um apoio que Gil Coelho qualifica como essencial para perceber “até onde isto pode ir”, uma vez que “é necessária muito mais validação, do que aquela que é possível em 24 horas, antes de se avançar com um projeto”, aponta o porta-voz da equipa.
A ideia, a criatividade e o sentido estratégico que lhe estão inerentes “transparecem bem a nossa vontade de aprender, inovar e empreender”, aponta o aluno do Técnico fazendo referência ao ecossistema de inovação que se vive na JUNITEC. “Não é a primeira vez que temos uma equipa a participar com sucesso em iniciativas do género e desconfio que não será também a última”, salienta de seguida. Enfatizando a “imensa vontade de fazer”, a “paixão por tecnologia e empreendedorismo” transversais à equipa da júnior empresa, Gil Coelho, também presidente da JUNITEC, conclui afirmando que quando estão reunidas estas caraterísticas “e com muito trabalho se pode atingir muito”. Este prémio é um bom indicativo disso.