De edição para edição deste que é o maior encontro de tecnologia e empreendedorismo do mundo há algumas coisas que se mantêm, uma delas é a facilidade com que se encontram elementos da comunidade Técnico pelos corredores da FIL, comprovada logo neste segundo dia do evento. A agenda do evento conta com vários nomes com ligação à escola, os alunos encontram-se a exercer as funções de voluntários da organização e alguns casos apenas como participantes, mas muito ativos e curiosos, e os empreendedores “made in Técnico” apesar de muitas vezes não serem conhecidos rapidamente se fazem reconhecer pela vontade de inovar e pela ousadia do que criam.
No palco da Startup University, um dos mais concorridos do dia, o painel “What they don’t teach you at business school” juntaria dois nomes bem conhecidos da comunidade do Técnico: Carlos Moedas, comissário europeu para a Ciência e Inovação, e antigo aluno do Técnico, a Vasco Pedro, co-fundador e CEO da Unbabel, uma spin-off do Técnico. Num debate que também contou com o cantor Akon e foi moderado por Anne Gaviola, editora da revista VICE. Depois de uma breve apresentação dos nada desconhecidos oradores, e perante uma apoteótica plateia, os oradores falaram sobre liderança, networking, a importância da diversidade e sobretudo realçaram a importância de não ter medo de falhar.
Mais do que aquilo que se aprende numa escola de Gestão, o painel permitiu desfrutar de três perspetivas de carreiras diferentes e perceber os pilares e a aprendizagem que suportaram as mesmas. Enfatizando a importância da diversidade nas equipas e sobretudo da diversidade de disciplinas, o comissário europeu sublinhava o quanto a existência de mentores se revela importante e de como o medo de falhar pode condicionar grandes vitórias. “Estejam dispostos a falhar”, vincou por várias vezes o alumnus do Técnico. Vasco Pedro seguiu uma linha de argumentação muito similar, afirmando que a sua experiência na Unbabel lhe ensinou que “a liderança é algo que pode ser promovido ou encorajado”. “Sigam a vossa paixão, não tenham medo de falhar”, aconselhava aos futuros empreendedores o CEO.
Uns minutos antes deste painel falamos com outro dos fundadores da Unbabel e antigo aluno do Técnico, João Graça, e revertemos a pergunta, querendo saber o que se aprende numa escola de Engenharia e se revela útil numa carreira de empreendedor. “No mundo da Engenharia aprendemos a resolver problemas e numa startup encontramos muitos problemas. Basicamente uma formação em Engenharia ajuda-nos a olhar para esses problemas e arranjar soluções pragmáticas para eles”, declarou o alumnus.
Aproveitamos que estava dado o mote para a conversa e quisemos saber mais sobre mais uma participação na Web Summit nesta fase de crescimento exponencial da empresa. “O objetivo desta participação tem sido comum ao longo de todas as edições e passa por ganhar mais visibilidade e depois através dos eventos paralelos que há e do fórum chegar a potenciais clientes e fazer ligações interessantes”, referiu João Graça. Esta participação tem por detrás, porém, uma ótima notícia com o dedo da spin-off do Técnico: o 500K AI Moonshot Challenge, uma nova competição global que alia tecnologias de computação, Inteligência Artificial e diversas fontes de dados de satélite e cujo objetivo é encontrar soluções para detetar os resíduos nos oceanos. “Além de sermos um dos parceiros da iniciativa, vamos colaborar com as nossas ferramentas de machine learning e gerir parte do projeto”, adiantou João Graça.
No meio de muita inovação, ideias disruptivas e muita simpatia junto a um dos muitos espaços reservados às startups, encontramos Ivo Lucas e Gonçalo Abreu, antigos alunos da Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores, e muito orgulhoso por ter pertencido à escola. Interromperam as muitas solicitações “só porque era para falar para o Técnico”, diziam entre risos. “O que fazemos é otimizar operações do dia a dia das empresas recorrendo à inteligência artificial e visão por computador”, explicava inicialmente Gonçalo Abreu acerca da Makewise, startup de que os dois alumni são fundadores. Enquanto falava, a demo interativa à sua frente não deixava margens para dúvidas sobre a diversidade de áreas em que os serviços da empresa são aplicáveis. “Trabalhamos tipicamente com empresas grandes como a The Navigator, a BP ou a Brisa. “Começamos a investir a sério nesta área da Inteligência Artificial há uns anos, um pouco antes de haver este alarido em torno da mesma. No Técnico ensinam-nos sempre a estar na crista da onda”, faz questão de salientar.
Esta não é a primeira participação da Makewise na Web Summit, e o objetivo este ano vai de encontro aos objetivos de crescimento da empresa. “Queremos abrir novas oportunidades de negócio não só em Portugal mas também lá fora, encontrar parcerias e contactar com investidores”, refere o antigo aluno. Para Gonçalo Abreu nesta vida de empreendedor a aprendizagem que reiterou da sua passagem pelo Técnico foi crucial. “É uma preparação muito boa aquela que recebemos, e que nos permite adquirir as ferramentas necessárias para conseguirmos agarrar em qualquer problema e superá-lo”, disse o empreendedor. “Adquiri as ferramentas necessárias para aprender sobre gestão, recursos humanos, marketing, comunicação e um pouco de tudo o que é necessário para quando estamos a criar uma startup”, declarou ainda o alumnus.
Neste dia 5 de novembro foi também inaugurado o stand do Técnico. Ao longo do dia foram muitos os antigos alunos, atuais estudantes, parceiros e curiosos que passaram pelo pavilhão 3, onde o mesmo se situa, fazendo questão de o visitar e descobrir mais sobre a informação e empatia que por lá se encontra. As perguntas foram muitas, a surpresa por ver a Escola representada era notória e rapidamente ultrapassada pela felicidade de ver o mesmo acontecer. Entre conversas, trocas de contactos e fotografias para mais tarde recordar, o balanço não podia ser mais do que positivo. Pedro Rodrigues, é aluno de Engenharia Informática e está a fazer voluntariado na Web Summit, e fez questão de passar pelo stand para felicitar a sua escola por esta presença. “Acho muito importante e até impressionante o Técnico estar num evento desta dimensão. Estão aqui muitos alunos de todo o mundo da área das áreas ligadas com a Ciência e Tecnologia , muitos empreendedores e é importante que eles conheçam o Técnico”, aponta Pedro Abreu. “Por outro lado, considero que é muito importante a instituição estar em contacto direto com este mundo de tecnologia, percebendo o que é que se está a fazer e como se pode acompanhar essas tendências”, colmata o aluno do Técnico.