Foi num tom de proximidade, recorrendo ao seu próprio exemplo de vida, que esta segunda-feira, 2 de outubro, Kim Sawyer, ex-embaixatriz, advogada e empreendedora, falou aos alunos do Técnico. A plateia maioritariamente composta por mulheres deixou-se fascinar pela forma como a oradora desarma o falhanço ou os percalços que podem surgir ao longo de uma carreira profissional. O evento foi o primeiro da sessão do ciclo “Women in Science and Engineering”, organizado pelo grupo Gender Balance do Técnico, e que promete trazer ao Técnico mulheres desafiantes.
A ex-embaixatriz falou de forma aberta sobre a dificuldade de aprendizagem que a levou a ter certezas de que tinha que ser ela a criar o seu próprio negócio, uma certeza que se solidificou com alguns episódios de desigualdade de género e o assédio sexual que foi sofrendo nos primeiros anos de carreira. “Eu vejo os obstáculos como oportunidades e tive muitos pelo caminho. Mas ao invés de lamentar por esses obstáculos que poderiam ter tornado a minha vida mais difícil, incluindo os que apareceram por eu ser uma mulher, acredito que eles me tornaram mais forte e no fim de contas me ajudaram no caminho para o sucesso”, frisou Kim Sawyer.
A criadora do programa Connect to Success, um projeto destinado a mulheres empreendedoras que queiram lançar ou fazer crescer os seus negócios, lembrou o que a inspirou a lançar o programa, os resultados alcançados com o mesmo, mas acima de tudo a “ótima sensação de poder ajudar mulheres a alcançarem o sucesso”. Fez ainda referência a outro projeto que tem em mãos relacionado com a violência doméstica, um dos problemas que mais a sensibilizou na passagem por Portugal. “Vamos fazer uma passeata de motas para chamar a atenção para o problema da violência doméstica”, anunciou Kim Sawyer.
Foi nos atalhos que acha essenciais no caminho para o sucesso que a empreendedora mais se demorou, indo ao encontro de muitas das perguntas que lhe iam sendo colocadas pela audiência. “O networking é uma das ferramentas que podem ditar o sucesso na carreira ou nos negócios e que o fracasso é o primeiro passo para o êxito, desde que se aprenda com ele”, destacou. Uma ferramenta a que mais mulheres terão acesso se houver “uma maior compreensão de igualdade a nível familiar”, explica Kim Sawyer. “Um dos maiores problemas para uma mulher ao subir na carreira é que quando acaba o turno de trabalho, ela não pode sair o final do dia para fazer contactos e network e não pode ficar até mais tarde no trabalho para acabar um projeto”, acrescenta.
A conversa fazia-se longa mas a ex-embaixatriz continuava a não deixar ninguém indiferente à postura decidida com que evocava um dos seus lemas de vida: “Se não fizermos nada, nada vai mudar”. Uma autoconfiança que lhe estava bem marcada nas palavras e que aponta como fulcral: “o mais importante para ser confiante é acreditar no que tu és e não perder tempo a pensar no que os outros pensam daquilo que escolheste fazer, o que esperam de ti ou no que vão pensar sobre o que fizeste”. Fórmulas para crescer profissionalmente, para nunca desistir, para trabalhar de forma apaixonada e para vencer estereótipos que nunca se cansou de repetir, porque como também foi dizendo “é da persistência que se faz o sucesso”.