O contexto de pandemia podia ter melindrado ou adiado a ideia de começar do zero uma nova semana das carreiras, mas não foi nada disso que aconteceu. O Núcleo de Estudantes de Engenharia Biomédica (NEBM) do Instituto Superior Técnico arregaçou mangas e decidiu dar vida à “JOB2BE- Semana de Engenharia Biomédica”, que entre 6 e 7 de abril apresentou aos alunos oportunidades de carreira e fomentou o contacto com as empresas. Esta foi apenas a 1.ª edição, mas o feedback recebido e a adesão registada já permitem sonhar com as próximas.
Carolina Bento, coordenadora da JOB2BE explica o porquê do NEBM decidir organizar este evento, mesmo depois de mais uma edição bem-sucedida da Semana da Bioengenharia (SBE), direcionada também aos alunos do curso de Engenharia Biomédica. “A SBE é um evento de enorme relevância para toda a comunidade do Departamento de Bioengenharia. Nesse evento, temos a oportunidade de conhecer os temas emergentes no nosso contexto, bem como falar com investigadores, docentes e profissionais de áreas de expertise bastante abrangentes. No entanto, sentimos que o contacto com o mundo empresarial, especialmente para a Engenharia Biomédica, podia ser complementado com uma feira de emprego”, justifica a aluna. “O foco da Job2BE é aproximar alunos e empresas e dar a conhecer todas as oportunidades que podemos explorar em Engenharia Biomédica”, complementa.
Para promover esta aproximação dos alunos ao mercado de trabalho, a organização convidou várias empresas que integraram a feira virtual de empresas, mas também as sessões de networking, e ainda desenvolveram workshops que rechearam o programa do evento. “Sendo uma feira de emprego de Engenharia Biomédica, convidámos empresas presentes na área, que normalmente não frequentam as outras feiras de emprego. Além disso, tentámos que cada perfil de mestrado tivesse pelo menos uma empresa representante e este objetivo foi cumprido”, vinca Susana Afonso, também coordenadora da JOB2BE. “Estamos particularmente orgulhosos da participação da Kinetikos, já que representa uma área com a qual a maioria dos alunos tem pouco contacto, a Biomecânica”, adiciona.
Para além da Kinetikos, os alunos puderam visitar as bancas virtuais de várias entidades na plataforma Easy Virtual Fair, tais como: a CUF, Noesis, everis, iBET, Celfocus, Medtronic, entre outras.
Porque o empreendedorismo é também uma hipótese de peso no caminho profissional dos alunos, a organização organizou uma mesa redonda com as representantes de duas startups da área, a PLUX e a Nevaro. A sessão, marcada pela partilha dos percursos das duas empresas até aos dias de hoje, onde ecoaram as aprendizagens retiradas, cativou dezenas de participantes.
Ao longo de mais de uma hora, Sara Gonçalves, Innovation Manager na PLUX, Francisca Canais e Rita Maçorano, as cofundadoras da Nevaro, deram a conhecer um pouco melhor as suas empresas, contando como tudo começou e o caminho feito desde então. As três convidadas não camuflaram os diversos desafios que encontraram, e ao longo da conversa evidenciaram a importância do networking e da conquista de financiamento no crescimento da empresa. Dos dois lados foi sendo exaltada a importância de haver “flexibilidade”, “de ter jogo de cintura” e “capacidade de pensar fora da caixa”, para contornar os obstáculos que surgem.
Desafiadas por Carolina Bento, moderadora do debate, a deixarem um conselho aos futuros empreendedores, as oradoras não divergiram ao vincar o peso da resiliência em todo o processo. “É preciso muita resiliência, acho que é mesmo a coisa mais importante. Há momentos muito complicados. É preciso saber ouvir, lidar com a crítica e saber pedir ajuda, porque é isso que vai fazer a empresa crescer”, disse Sara Gonçalves. “É também importante rodearmo-nos de pessoas que nos ajudem, não desperdiçar pontes e saber cultivar as nossas redes de contactos. Não há mal em falhar porque há sempre uma possibilidade de melhorar a seguir”, destacou, por sua vez, Rita Maçorano. Concordando com que as colegas de painel disseram, Francisca Canais complementou: “Acho importante saber encontrar, aproveitar, e sabermos adaptar-nos às oportunidades. Na Nevaro aproveitamos muito a nossa formação, a Engenharia Biomédica está muito presente naquilo que fazemos, usamos a Ciência e a parte dos sinais fisiológicos para trazermos valor para esta área da saúde mental”.
Terminado o evento, a organização não hesita em declarar que correu “tudo incrivelmente bem”. “Tivemos uma participação que se enquadra perfeitamente nos nossos objetivos e previsão. O feedback que temos recebido da parte dos alunos tem sido bastante positivo. Para além disso, os representantes das empresas também se têm demonstrado satisfeitos com a sua participação neste evento”, partilha Carolina Bento.
Este sucesso leva a organização a acreditar que “este evento não vai ficar por uma edição”. “Temos a certeza que com este ano de aprendizagem, a próxima edição trará ainda mais interesse por parte dos nossos colegas e por parte das empresas”, vinca a coordenadora da JOB2BE.