No início, sonhavam com os 50 metros; este ano ultrapassaram os 5600. É um lugar-comum, mas já nem o céu parece ser limite para os estudantes do Instituto Superior Técnico inseridos no Rocket Experiment Division (RED), um ramo do Núcleo de Estudantes de Engenharia Aeroespacial do Técnico (AeroTéc) que, a 19 de dezembro, passou em revista as conquistas do ano de 2024, numa cerimónia decorrida no Pavilhão do Conhecimento.
Falou-se muito do ano que agora finda, mas os ocupantes do palco contavam uma história mais longa – dez rockets dispostos nas laterais ilustravam as missões e veículos lançados pelo RED desde a sua fundação, incluindo Blimunda, Baltasar e Camões. Em particular destaque estiveram as missões mais recentes, com vários modelos a servir de teste ao porto espacial instalado na ilha de Santa Maria, nos Açores, em setembro deste ano.
Para além de se debruçar sobre o passado, o evento aludiu ainda ao que a equipa tem reservado para o futuro. Com trilha sonora e efeitos de luz sobre o palco, o projeto RED anunciou, no fim da sessão, o próximo passo nas suas atividades – o grupo dará entrada na European Rocketry Challenge (EuRoC) de 2025 na categoria híbrida (contrariamente à propulsão sólida que caracterizou participações como a de 2024). Tornar-se-ão, assim, a primeira equipa estudantil portuguesa com um rocket nesta tipologia, “onde se encontram apenas as melhores equipas europeias”, segundo o coordenador do RED, Gonçalo Machado.
“Têm um projeto absolutamente fantástico com desafios já reais e vamos continuar a apoiar e propagar [esta iniciativa]” afirmou Pedro Amaral, Vice-Presidente para a Interface Empresarial, Inovação e Empreendedorismo, para quem o facto da criação dos Núcleos de Estudantes surgir da vontade dos próprios “faz toda a diferença”.
A cerimónia contou também com a presença do presidente da Agência Espacial Portuguesa, Ricardo Conde, que disse ser “um enorme orgulho estar no meio de tantas pessoas com uma cabeça absolutamente impressionante para a inovação”. “Se há alguém que consegue fazer estas coisas em Portugal e trazer inovação, tem de ser através das universidades. Se os estudantes se mobilizam, forma-se uma corrente e todo o setor se mobiliza também”, acrescentou.