Campus e Comunidade

“Isto de ser empreendedor é tão duro que no mínimo tem que acabar por ser divertido”

Esta foi uma das várias lições partilhadas pelos dois antigos alunos que marcaram presença na primeira edição das Alumni E. Stories

Quem esperava assistir a uma monótona palestra foi completamente enganado. A primeira edição das Alumni E. Stories, que esta quarta-feira, 25 de outubro  foi um “sapateado” de gargalhadas, um diálogo entre dois empreendedores, onde se informou, entreteve e se espicaçou vontades. O evento é organizado pelo Núcleo de Apoio ao Estudante do Técnico (NAPE-IST) em parceria com o Técnico Alumni Network, e teve como convidados os alumni Rodrigo Carvalho e Pedro Oliveira, que não podiam ter propiciado uma melhor estreia. Sem guião, mas com muito para contar, os dois empreendedores, num espírito descontraído refletia a personalidade de ambos, partilharam vivências, histórias e as lições aprendidas. A ouvi-los, muito compenetrados, estavam vários potenciais empreendedores que no final continuavam a querer sê-lo.

Rodrigo e Pedro formaram-se em épocas diferentes, tiveram percursos distintos e não se conheciam antes do evento, porém os ideais comuns a qualquer empreendedor fizeram a conversa fluir. Interesse, loucura, paixão e  sentido de missão são palavras que encaixam perfeitamente na opinião dos dois alumni no sentido do empreendedorismo. O ponto onde mais vezes se encontraram durante a conversa foi na vontade de serem felizes a fazerem o que fazem. “Isto de ser empreendedor é tão duro que no mínimo tem que acabar por ser divertido”, afirmou várias vezes Rodrigo, levando Pedro a concordar.

Rodrigo Carvalho, aluno da primeira turma de Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico, queria trabalhar no mundo da Formula 1. “Queria muito essa área, mas uns anos mais tarde percebi que não era esse o meu caminho”. Depois de dois empregos bem-sucedidos mas que não o realizavam, e já a fazer empreendedorismo em part-time, percebeu que queria fazer algo relacionado com a consciência social que sempre o pautou. Por isso em 2010 cofundou a Nutri Ventures Corporation AS, a primeira marca mundial de entretenimento infantil que promove exclusivamente a alimentação saudável. Atualmente, é sócio-gerente desta, bem como da Watermelon. Apesar disso, está já está a pensar numa nova ideia de negócio. “O empreendedor é aquele que gere a ausência de recursos para criar valor”, salienta.  E isto foi algo que aprendeu com os “nãos” que ouviu, com a procura árdua de capital, com a “frustração que muitas vezes nos invade, mas que temos que saber ultrapassar em minutos” partilha. “Não há tempo para choradinhos”, solta o alumnus.

Pedro Oliveira encontrou as mesmas pedras no caminho. Estudou engenharia informática no Técnico, passou pela EDP, mas queria mais. As coisas foram surgindo, e mesmo depois de uma startup falhada, não desistiu. Pelo meio colocou ótimas propostas de lado, para seguir o sonho de criar algo seu. Hoje é cofundador da plataforma onde as empresas tecnológicas de cinco mercados europeus procuram os melhores profissionais para contratar, a Landing.jobs. “Todos os dias mudamos a vida de várias pessoas. Se é tudo bom? “Não, não é de todo”, salienta Pedro.  Mas têm mudado a vida de muitas pessoas. “Quando as coisas estiverem mal, pensem que vai ficar ainda pior”, aconselha.  Um aspeto crucial para o sucesso é a escolha dos parceiros, defende. “Encontrar o parceiro certo é fundamental, e deve ser alguém com um alinhamento de valores muito semelhante ao nosso, e com competências complementares.”

Os alumni nunca simplificaram as coisas, mas toda a gente percebeu o tamanho da realização que tem pautado o percurso profissional de ambos. Rodrigo Carvalho no início da sessão havia dito em tom de brincadeira que era objetivo deles “fazer com que todos desistissem de ser empreendedores”. Com a lição que passaram, pela satisfação que se refletia em cada palavra e pelos sorrisos que causaram não devem ter tido grande sucesso.