Quem viu chegar os alunos e quem os vê sair denota-lhes ligeiras diferenças. Ao nervosismo sucedeu a confiança, levam certezas quando traziam muitos receios, o semblante mais leve denuncia-o e os relatos confirmam-no. Tudo isto ao fim dos dois dias de Pitch BootCamp no Instituto Superior Técnico, o maior de sempre organizado pela SparkAgency. O salão nobre encheu-se com o talento dos 225 alunos, exclusivamente do Técnico, num evento que treinou ferramentas de procura de trabalho e a abordagem ao mercado, ajudando os alunos a perceberem melhor as suas valências.
O primeiro dia do evento, 31 de março, foi dedicado essencialmente a uma perceção individual do percurso, das mais valias, dos fatores diferenciais de cada um. Os post-its coloridos que iam enchendo o placard mostravam não só o percurso académico dos alunos, mas também as mais aleatórias caraterísticas que “vos vão fazer marcar a diferença, e que mesmo que vocês não imaginem vão falar muito sobre vocês”, dizia Miguel Goncalves, responsável pela Spark, que trabalhou diretamente com os alunos durante os dois dias, motivando-os, dando-lhes conselhos, sempre num tom de proximidade e de entusiasmo.
Um dos momentos altos do primeiro dia foi o painel das “Lessons Learned” que contou com a presença de Patrícia Espírito Santo da Jerónimo Martins, Pedro Oliveira da BP e Rui Teixeira da EDP, todos eles com cargos de destaque. Facilmente se percebe porque foram convidados, pois além da passagem pelo Técnico de dois deles, e das carreiras de sucesso que alcançaram, em cada testemunho denota-se-lhes a personalidade forte de quem agarrou todas as oportunidades que iam surgindo. Deixaram relatos intensos dos caminhos a seguir, do discernimento necessário para tomar decisões certas em alturas inesperadas e das caraterísticas das pessoas que procuram para trabalhar consigo. No final da sessão, os conselhos dos três convidados passaram por: “sejam iguais a vocês próprios” “nunca deixem de se desafiar a vocês e às vossas empresas” e “sejam sempre os melhores que conseguirem naquilo que fazem. Patrícia Espírito Santo frisou que: “na vida é sempre possível dar tudo menos no que toca a dar sangue”.
O derradeiro desafio chegou ao segundo dia do evento: a apresentação dos alunos às empresas. Mais de 200 representantes fizeram questão de estar presentes para ouvir os estudantes e aconselhá-los relativamente ao melhor caminho a seguir. Carla Quental, do Hospital Lusíadas Saúde é um desses exemplos. Alumna do Técnico e consciente do“papel fundamental” que pode ter perante estes jovens, compôs o leque de três elementos que preenchiam as mesas do átrio do pavilhão central, onde à vez os alunos se iam apresentando às empresas. Carla Quental afirma que é essa sensação de ajuda que a trouxe já a este evento duas vezes consecutivas: “Acho que é muito importante eles perceberem como é o mundo lá fora e o que é que podem efetivamente mudar na sua maneira de estar e de ser para ir ao encontro daquilo que é o mundo real. Já se sabe à partida que se tirou a licenciatura no Técnico, tecnicamente ele é bom e consegue aceitar desafios e resolver problemas, agora é preciso mais do que isso, é preciso que eles sejam pessoas comunicativas e que criem empatia”.
Nos poucos momentos em que o ritmo de trabalho abrandava, os alunos iam trocando impressões, ajudando-se mutuamente. Entre um e outro dia, as mudanças eram óbvias, tanto a nível de postura como de confiança. Tiago Eusébio do 5º ano de Engenharia Química conta os motivos que o trouxeram ao evento: “Estou a acabar o meu curso e considero que o Pitch Bootcamp é uma ótima maneira de conhecer empresas, de contatar com o mercado de trabalho. Além de que nos são dadas dicas muito úteis, formação e treino”, declara. Da mesma ideia partilha Sara Galhoz, estudante de Matemática Aplicada, que participou no Pitch Boot Camp@Tecnico na edição anterior e desta feita resolveu embarcar na aventura como voluntária da organização: “Gostei tanto que desta vez resolvi vir e estar do outro lado”, conta acrescentando que “quando participei foi tudo muito intenso foi um dos meus melhores dias e dos piores no Técnico… melhor pelo que me ensinou e pior porque me fez ter perceção dos meus medos, do que me faltava saber sobre mim e sobre o mundo lá fora”.
Miguel Gonçalves quase a fechar o evento deixou escapar algo que por si só o resumia: “Isto é de facto um sítio especial e vocês são mesmo muito bons, acreditem”.