Nesta terça feira, 17 de setembro, celebram-se 341 anos desde que Anton van Leeuwenhoek, comerciante holandês, enviou uma carta à Royal Society of London, na qual relatava a primeira observação de organismos unicelulares. Em comemoração da efeméride, o Instituto Superior Técnico acolheu mais uma edição do Dia Internacional do Microorganismo, com um conjunto de atividades que envolveram professores da Escola e investigadores do Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB).
Ao longo do dia, o jardim do Pavilhão de Química do campus Alameda preencheu-se de mais de uma dezena de bancas com atividades que procuraram sensibilizar os mais jovens e a sociedade em geral para a importância dos microrganismos e do seu papel na saúde, no ambiente, na indústria, na economia e na qualidade de vida de todos. A programação do evento incluiu também duas palestras incidindo sobre as potencialidades das microalgas e sobre o papel da genética microbiana na tomada de decisões no ramo da saúde.
Na chamada ‘Rota da Microbiologia’, os participantes eram convidados a percorrer os doze postos instalados no jardim de Química, com direito a prémios no final, ao apresentarem o seu ‘passaporte’ carimbado por todos. Uma destas bancas falava dos diferentes tipos de leveduras que podem estar envolvidas na produção de vinho, cada uma conferindo aromas diferentes à bebida (floral, frutado…).
Num outro ponto da rota, falava-se na utilização de biochips para identificação de agentes patogénicos em amostras (se é um vírus, uma bactéria ou um fungo, e de que espécie), um projeto com o envolvimento do iBB e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: Microssistemas e Nanotecnologias (INESC MN). O desenvolvimento desta tecnologia abre a imaginação à ideia, no futuro, de vir a ser possível identificar também a que antibióticos ou outros fármacos o microrganismo é resistente, adaptando-se o tratamento do paciente em conformidade.
Noutra banca, com o envolvimento do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico (LAIST), eram apresentados os processos de tratamento de águas residuais, com placas contendo culturas nas quais se via o ‘antes’ e o ‘depois’ desses tratamentos nas populações de microrganismos. Dentro destas placas, as colónias foram orientadas de forma a representar Stitch, de Lilo & Stitch, a Porquinha Peppa e até a frase ‘We were on a break!’, conhecido adágio para os espectadores da série Friends.
O Clube de Cervejeiros do Técnico também marcou presença, dando a provar várias das suas cervejas artesanais e destacando o papel dos microrganismos nos diferentes processos necessários à produção desta bebida.
Enquanto aluna do Mestrado em Microbiologia, Margarida Costa sentiu-se curiosa para explorar o evento. “Acho interessante a forma como os laboratórios costumam expor as suas atividades, mostrando às pessoas aquilo que fazem”, partilha. “Estou só como visitante, mas tenho aqui alguns amigos e todas estas pessoas estão aqui para falar daquilo no qual estão a trabalhar, de forma a que as pessoas percebam – fazem disto algo interativo e chamativo”, elogiou.
Tiago Sousa, que frequenta o 2.º ano da Licenciatura em Engenharia Biológica, afirma que a atividade “é algo que está muito ligado ao [seu] curso”. A título de exemplo, refere que teve uma aula de Microbiologia nessa mesma manhã. “Isto é muito próximo daquilo que nós estudamos e as explicações que nos dão são muito compreensíveis”, acrescenta. Considera que “a maior parte das bancas é composta de grupos de investigação, o que permite aos estudantes “descobrir possíveis temas para tese ou grupos onde trabalhar”.