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Web Summit: Nem a vinda da robô Sophia ofuscou o sucesso do Gasparzinho

O robô do ISR-Lisboa tem captado a atenção dos participantes da Web Summit,despertando a curiosidade e sendo protagonista de muitas fotografias.

Resistir à simpatia do Gasparzinho tem sido uma tarefa difícil para a maioria dos participantes da Web Summit. À entrada ou saída de uma conferência, depois da paragem no stand o Técnico ou ainda que só de passagem pelo Pavilhão 3 da FIL são poucos, ou nenhuns,  os que lhe ficam indiferentes. Entre fotografias a solo ou selfies e na resposta às solicitações que lhe são feitas, o robô  do ISR-Lisboa tem tido dias agitados.

Esta quarta-feira, 6 de novembro, a Inteligência Artificial e a Robótica estiveram em cima da mesa na cimeira tecnológica, trazidas à baila por muitos oradores e por Sophia, a robô humanóide que já é presença assídua no palco do maior evento de tecnologia e empreendedorismo do mundo. A vinda desta celebridade do mundo da robótica, do seu irmão mais velho, Phil, não ofuscou a simpatia do Gasparzinho que recebeu várias visitas e continuou a ser adjetivado como “o mais querido dos robôs”.

João Pereira, investigador do ISR-Lisboa, tem sido, juntamente com Rute Luz, a voz que extermina as  muitas dúvidas em torno Gasparzinho, ajudando também a saciar a vontade de interagir com o mesmo. “As pessoas têm reagido muito bem, fazem muitos elogios, tiram imensas fotos, querem interagir com ele, saber mais sobre o que é capaz de fazer”, partilha o investigador. “A cara do Gasparzinho é muito expressiva e as pessoas não ficam indiferentes a isso”, refere ainda o investigador, explicando que os causadores desta particularidade são algumas crianças do IPO que ajudaram a desenhar o rosto deste robô.  A maioria das abordagens feitas a João Pereira ou a Rute Luz têm uma dúvida em comum: as funções domésticas que o Gasparzinho é capaz de realizar. O propósito com que este robô foi criado vai, na verdade, muito para além disso e deixa todos de sorriso no rosto:  o Gasparzinho foi feito para brincar com as crianças do IPO. “As pessoas com capacidades mais técnicas perguntam também em que linguagem é que foi programado,  e alguns aspetos do desenvolvimento”, refere João Pereira. “Alguns ficam surpreendidos por ser de uma escola portuguesa, e as pessoas que conhecem o Técnico revelam-se muito felizes por este ser um projeto do Técnico”, salienta o investigador do ISR.

 

Os interessados pela área da robótica tiveram oportunidade de saciar a curiosidade sobre o presente e o futuro da mesma num dos momentos mais aguardados do cartaz da Web Summit.  A robô Sophia voltou à cimeira tecnológica e a Altice Arena encheu para ver a sua voz e a cara humana cada vez mais afinadas e para conhecer o seu “irmão mais velho”. Desta vez, o propósito da vinda da celebre robô passava por desmistificar os ruídos que existem  em torno da IA e da robótica. Para isso os dois robôs, contaram com a ajuda de David Hanson, fundador da Hanson Robotics, e Ben Goerztel, da SingularityNET e responsável pelo sistema Sophia.

Para Hanson, a arte e a ficção – campos a que a IA se cingiu durante muitos anos – não podem ser desprezadas no processo criativo dos robôs. “Estes campos podem inspirar a Ciência e a Tecnologia e vice-versa”, referia de início.  Partilhando que foi o seu trabalho na Disney que inspirou o  seu trabalho na Hanson Robotics, o fundador da empresa salientava depois que há muito ruído em torno da inteligência artificial. “Para já é apenas um sonho”, sublinhava David Hanson. “A Sophia e o Phil exemplificam o meu sonho para a inteligência artificial. Máquinas vivas que sentem empatia para com seres humanos e compreendem a experiência humana”, dizia de seguida.

O criador de Sophia frisava depois  que “na Hanson Robotics queremos treinar robôs a serem os nossos amigos”.  Essa ideia seria prosseguida por Sophia na sua intervenção, declarando que um dia irá  “poder ajudar os humanos em tudo”. “Desde ajudar as pessoas a evitar filas de trânsito, a proteger espécies em vias de extinção, a combater o aquecimento climático e até burlas”, enumerou. Ainda assim,a robô salientava que ainda “há um longo caminho a percorrer”.  “Muitos dos meus pensamentos são construídos com a ajuda dos amigos humanos que tenho”, afirmou.

O momento alto da palestra foi a interação de Sophia com o seu irmão mais velho. Os dois desenvolveram uma conversa  temperada com algumas  piadas- dignas de um diálogo humano –  e que teve como foco os softwares e plataformas nos quais os dois assentam. A “reunião familiar” como foi apelidada por Sophia foi um sucesso, e ajudou a perspetivar um futuro onde este tipo de “humanóides” sejam parceiros dos humanos.

Enquanto se especula  e prepara o futuro, o Gasparzinho vai ganhando muitos pontos e conquistando a simpatia dos humanos.