Mudou-se o espaço, mas não se mudou o espírito. Desta vez foi o bar da Associação dos Estudantes do Técnico (AEIST) a acolher, esta quarta-feira, 3 de outubro, mais um jantar temático que a Associação dos Antigos Alunos do Instituto Superior Técnico(AAAIST) tem vindo a promover. As conversas, os abraços, sorrisos e a partilha de histórias envoltas nas recordações das várias gerações presentes sucederam-se pela noite adentro. O evento culminou, como vem sendo habitual, com uma pequena palestra centrada na temática: “A Engenharia ao Serviço da Mobilidade Sustentável”, e da responsabilidade do antigo aluno do Técnico e atual CEO da Carris, o engenheiro Tiago Lopes Farias.
Elogiando a iniciativa “por permitir que os antigos alunos desta casa se revejam, mas também por se assumir como um espaço onde podemos debater como ajudar o Técnico a continuar a progredir”, o alumnus fez questão de partilhar algumas memórias da “aventura” pela instituição que o formou e onde mais tarde exerceu as funções de investigador e docente. “O que me trouxe até esta escola foi a paixão por resolver problemas, que me perseguiu desde sempre”, dizia o CEO da Carris. “O Técnico foi depois a minha vida durante mais de duas décadas e que espetacular que foi tudo o que aqui fiz e aprendi”, exclamava de seguida. O regresso no tempo “aos momentos marcantes e desafiantes” não terminou sem que o antigo aluno afirmasse que espera “um dia voltar a esta casa para desfrutar daquilo que tanto gosto e me dá prazer: a transferência do conhecimento”.
Em resposta ao desafio que lhe foi lançado pela AAAIST, Tiago Lopes Farias prosseguiu depois a sua apresentação, conjugando na mesma a experiência de quem trabalha na área dos transportes com os desafios impostos à Engenharia em matéria de sustentabilidade. “É ao pensar as cidades que vamos conseguir deixar o planeta mais saudável para as gerações futuras, mas pode também ser com as cidades que podemos perder esta guerra”, assinalava o CEO da Carris. Demarcando os desafios que impõem na área, nos dias de hoje, o alumnus assinalava que “uma das prioridades da Engenharia deve ser trazer valor para o espaço público deixando, porém que a sociedade possa desfrutar do mesmo”. Não esquecendo a forma como a tecnologias está a influenciar o mercado da indústria automóvel, o engenheiro mecânico de formação focou as novas tendências que passam necessariamente por veículos conectados, cada vez mais autónomos, eletrificados e tendencialmente partilhados por vários utilizadores. Ao desvendar alguns dos principais “players” na indústria automóvel atual, frisou ainda que são cada vez mais as “empresas disruptivas focadas na engenharia de ponta”.
No decorrer da apresentação e quando se falava de inovação, o orador trouxe “à baila” o projeto Formula Student Lisboa (FST Lisboa) que na sua opinião é um exemplo puro de que “numa escola muitas vezes vista como pouco prática, são feitas coisas geniais pelos próprios alunos que ajudam a contornar essa teoria”. “A revolução da engenharia também acontece aqui, quando 40 jovens se propõem a construir um carro de raiz, com este rigor e qualidade”, acrescentava de seguida. Numa antevisão do futuro, o CEO da Carris não hesitou em afirmar que o mundo da mobilidade “vai mergulhar para dentro do nosso smartphone”, e nesta “revolução tecnológica há muito a ser feito pelos engenheiros, e pelos do Técnico em especial”.