O átrio do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) está cheio. Cheio de pessoas, de bancas com mesas e pósteres, de vozes que ecoam contra as paredes, o chão e o teto, falando de ciência. Não é um dia ‘normal’, até porque já nem ‘dia’ é – foi ao final da tarde de 29 de setembro que teve início mais uma Noite Europeia dos Investigadores (NEI), à qual os investigadores do Técnico levaram mais de trinta atividades de divulgação e interação com o público do evento.
Todos os anos, na última sexta-feira de setembro, a NEI realiza-se em simultâneo em centenas de cidades europeias. Financiada pela Comissão Europeia, a iniciativa tem como objetivo aproximar investigadores e cidadãos através de atividades desenvolvidas pelos primeiros, envolvendo os tópicos nos quais o seu trabalho se centra.
Em Lisboa, este ano, a NEI ocorreu simultaneamente em três espaços – o MUHNAC, o Pavilhão do Conhecimento e a Fundação Champalimaud. Além das exposições nas bancas dos investigadores, reuniu ainda palestras e atuações musicais, de dança e de comédia stand-up.
No MUHNAC, as atividades estenderam-se para além do edifício principal do museu, ocupando também uma parte do Jardim do Príncipe Real. Por esta altura do ano, as árvores do jardim já deram fruta, entretanto amadurecida ao sol. Com o calor que se fez sentir nesse dia, este espaço tornou-se um rebuliço de odores pungentes, tons dourados do sol de fim de tarde e ruídos de vozes e do trânsito de uma sexta-feira em hora de ponta. Os visitantes da NEI mostraram curiosidade redobrada em conversar com os investigadores e assistir às suas demonstrações, longe do ambiente controlado e isento de estímulos de um laboratório de investigação.
De volta à frescura do interior do MUHNAC, Roberta participa pela primeira vez na NEI, mas já fez várias atividades de divulgação pelo Técnico, onde é estudante de Doutoramento. Está satisfeita com a experiência, afirmando que “é bom ter este contacto com o público para perceber a ideia que este tem da nossa investigação”. A esse respeito, diz sentir que este “tem algumas ideias pré-concebidas [em relação aos tópicos de investigação ali presentes] por causa daquilo que vê nos media”.
Encontramos Mariana, também estudante de Doutoramento do Técnico, num corredor diferente e a meio de uma demonstração a um visitante. Tal como Roberta, é a primeira vez que participa na NEI e conta que “tem sido muito interessante porque, ao longo do evento, o público tem sido muito diversificado. Enquanto que noutros eventos, por vezes, o auditório é mais homogéneo – uma faixa etária mais específica, por exemplo -, aqui podemos adaptar o discurso a quem vai aparecendo”.
Ambas as estudantes de Doutoramento concordam que participar nestas atividades é benéfico para o seu trabalho de investigação. Mariana diz que “faz bem sair da bolha [do trabalho de investigação] e tentar expor o nosso trabalho às pessoas”, uma vez que “assim vemos como a nossa investigação será recebida pela comunidade e o impacto social que poderá ter”. Roberta acrescenta que há benefícios para o próprio trabalho, já que “podemos contactar com alguns dos problemas que as pessoas enfrentam no seu dia-a-dia e, a partir daí, retirar inspiração para a nossa investigação”.
Na Fundação Champalimaud, a atividade também se dividiu por vários espaços, separados por uma breve caminhada à beira do rio Tejo. O sol, já posto, ainda se despedia com um matiz rosado no horizonte quando António, investigador de pós-doutoramento, saiu do armazém onde tinha a sua banca para uma breve pausa. Lá dentro estão vários grupos entusiasmados de crianças que se puxam umas às outras em direção à atividade mais chamativa.
O investigador já fez vários eventos de divulgação para além de NEIs, incluindo o Dia Aberto do Técnico, e partilha que participar neles “é enriquecedor”, já que “transmitimos partes do nosso trabalho através de atividades com crianças e jovens”. O investigador considera desafiante ter de dar uma ideia geral do seu trabalho de investigação (“uma big picture”, nas suas palavras) em detrimento de falar de aspetos mais específicos e profundos.
Curiosamente, este ano, a data da NEI coincidiu com uma noite de ‘super lua’. Por esta hora, o satélite natural, alaranjado e inchado, já brilhava a oriente, refletido na superfície negra do Tejo. Após um compasso de silêncio pensativo, António deixa uma recomendação a colegas investigadores – “acho que deveriam participar nestas atividades. Os nossos projetos de investigação são uma maneira de contribuir para com a sociedade e estes eventos mostram esse trabalho. Com isto, passamos boas mensagens”.
Eis a lista das unidades de investigação associadas ao Técnico que participaram nesta edição do NEI em Lisboa:
- Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (C2TN)
- Centro de Física e Engenharia de Materiais Avançados (CeFEMA)
- Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior Técnico (CEGIST)
- Centro de Recursos Naturais e Ambiente (CERENA)
- Civil Engineering Research and Innovation for Sustainability (CERIS)
- Centro para a Inovação em Território, Urbanismo e Arquitetura (CiTUA)
- Centro de Química Estrutural (CQE)
- Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB)
- Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC)
- Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Microsistemas e Nanotecnologias (INESC MN)
- Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN)
- Instituto de Sistemas e Robótica de Lisboa (ISR-Lisboa)
- Instituto de Telecomunicações (IT)
- Instituto de Tecnologias Interativas (ITI)
- Laboratório de Águas do Instituto Superior Técnico (LAIST)