“A receita é entusiasmo”, defende Carlos Oliveira Cruz, docente do Instituto Superior Técnico. Ao longo de três dias de Web Summit 2025, essa parece ser também a fórmula que define a presença do Técnico no evento: entusiasmo em aprender, em pensar e em aplicar o conhecimento ao serviço da sociedade. “Quando vemos startups a serem fundadas, vemos o resultado desse ensinar a pensar”, explica o professor. “Os nossos alunos aprendem a resolver problemas e a aplicar soluções no mundo real. Isso é o que dá sentido à nossa missão enquanto docentes”.
No último dia do evento, a chuva cai de forma persistente no exterior do recinto, mas no stand do Técnico o olhar dos visitantes é frequentemente atraído para o alto, onde se ergue Amália, o primeiro rocket híbrido desenvolvido pelo núcleo de estudantes do Técnico AeroTéc, com combustível sólido e oxidante líquido. “A Amália competiu no nosso último desafio, embora o desfecho não tenha sido o melhor”, explica Tomás Ferreira, estudante do terceiro ano de Engenharia Mecânica do Técnico. “Durante a competição, o motor tinha uma pequena fissura e, por uma questão de segurança, não foi lançado. Mas o facto de o Técnico nos trazer para o seu stand significa que olha para nós e reconhece o nosso trabalho como um bom produto do que se faz na Escola, independentemente do resultado”, acrescenta.
À volta, as conversas multiplicam-se também em torno de novas aplicações e caminhos para a tecnologia. Entre os alumni presentes, João Januário, cofundador da StoneBrick, startup que desenvolve software de modelação para arquitetura e engenharia, viu no evento uma oportunidade de regressar ao ambiente que o formou. “A melhor ferramenta que o Técnico pode oferecer é a forma de pensar”, destaca. “Mais do que o conhecimento técnico, aprendemos a analisar, a questionar e a procurar soluções – e é isso que faz com que tantas boas empresas tenham nascido no Técnico”.

Na mesma linha, a GovHorizon, fundada por Guido Santos, alumnus de Engenharia Informática e de Computadores do Técnico, apresenta a sua plataforma de inteligência estratégica, baseada em dados públicos e inteligência artificial, atraindo a atenção pela capacidade de identificar tendências e sinais emergentes. “Se não tentarmos, nunca saberemos o resultado”, reforça Guido quando questionado sobre as dificuldades em criar uma startup. “A ideia é arriscar, experimentar e aprender com o processo. Ter connosco alunos de mestrado e doutoramento reforça a ligação entre investigação e aplicação prática”.
No Experience Stage, os projetos estudantis voltam a traduzir o espírito de equipa e de inovação que o Técnico cultiva. A equipa FST Lisboa, apresentou-se através de Beatriz Tomé, estudante de Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, em nome de uma equipa composta por 70 atuais estudantes do Técnico. “O espírito que se vive na FST é muito de entreajuda. Passamos horas e horas em testes e ensaios, mas sabemos que esse esforço coletivo é o que nos permite inovar e alcançar resultados”. Em agosto, a equipa sagrou-se tricampeã na competição Formula Student Portugal com o novo protótipo 100% elétrico e autónomo. Também Inês Silva, colega de equipa, sublinha a importância da continuidade e ambição do projeto: “Quero deixar uma equipa organizada e unida, para que os próximos membros saibam que podem alcançar resultados ainda mais elevados”.
Também a TLMoto marcou presença, levando o espírito competitivo e a engenharia aplicada até à Web Summit. Para Martim Carneiro, estudante de Licenciatura em Engenharia Mecânica, o convite para participar “é o reconhecimento do trabalho consistente que temos desenvolvido nos últimos anos”. Já Pedro Neves, estudante de Mestrado em Engenharia Aeroespacial, destacava a dimensão do evento: “Divulgar o projeto perante a comunidade internacional da Web Summit, com o apoio do Técnico, é uma oportunidade única de mostrar o que se faz na Escola”. O núcleo de estudantes apresentou a sua quarta mota elétrica com “a fiabilidade da engenharia no centro de tudo”.

Entre demonstrações e apresentações, a interação com os participantes mantém-se constante. Uma das atividades mais procuradas no stand é a roleta interativa, que convida os visitantes a refletir sobre o impacto do Técnico nas várias áreas do conhecimento. Ao girar a roleta, cada participante recebe um autocolante amarelo para colar no painel temático correspondente – da saúde à energia, da mobilidade às tecnologias digitais. Num quadro totalmente preenchido de autocolantes amarelos vemos a perceção geral sobre a missão do Técnico.
Ao longo dos três dias, cerca de uma centena de membros da comunidade Técnico participaram no evento, mais de 40 startups fundadas por alumni estiveram representadas, 5 protótipos foram exibidos no stand e 4 núcleos de estudantes subiram ao palco Experience pela primeira vez.
A participação do Técnico na Web Summit encerrou com a mesma energia com que começou – aquela que, nas palavras de Carlos Cruz, é a verdadeira “receita”: o “entusiasmo de aprender, pensar e transformar o conhecimento em valor acrescentado”.
Reportagem do 1.º dia de Web Summit: Tecnologia, investigação e comunidade estudantil do Técnico estão na Web Summit 2025
Reportagem do 2.º dia de Web Summit: “O Técnico não saiu de mim” – Núcleos de estudantes e rede alumni reforçam o espírito de comunidade na Web Summit 2025