Um debate produtivo onde se informou, se aprendeu, e se traçaram desafios futuros teve lugar esta terça-feira, 6 de novembro, no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico. Organizado pela Autoridade para as Condições do Trabalho ( ACT) e pelo Técnico, o seminário “Agentes Químicos nas Novas Formas de Trabalho” contou com um quadro de oradores fortíssimo, ligados à temática e não só, despertando o interesse de empregadores e trabalhadores.
Coube ao presidente do Técnico, o professor Arlindo Oliveira, enquanto anfitrião proferir o discurso inaugural. Salientando a importância deste tipo de eventos, o presidente do Técnico assinalou que “a preocupação com as condições no trabalho e da segurança é também, claro, uma temática com muita relevância para o Técnico”. Por sua vez, Luísa Guimarães, inspetora geral da ACT, fez uma breve introdução às temáticas que iriam ser abordadas ao longo do evento e a sua preponderância: “Em 2015, 17% dos trabalhadores da União Europeia afirmaram estar expostos a substâncias químicas em pelo menos ¼ do seu tempo de trabalho”. Exortando a relevância de uma ação concertada para fazer face a estes riscos, lembrou exatamente porque é que estes devem ser encarados como tal: “Por um lado, pela componente técnica destas substâncias, por outro lado por a exposição às mesmas estar revestida de uma invisibilidade que torna difícil a deteção dos riscos a que estamos expostos”. Marcelino Pena Costa, representante dos empregadores no conselho de administração EU-OSHA, encerrava por fim a sessão de abertura incitando a criação de uma “onda maior, uma outra abordagem que faça chegar a mensagem a todas as empresas”. “Não se pode melhorar nada no ambiente do trabalho, nas relações de trabalho se todas as partes não forem envolvidos nisto, e convocados a contribuir para a resolução”, concluía.
O professor Arlindo Oliveira voltava depois a palco, mas desta vez enquanto orador e para falar à audiência sobre o futuro do trabalho. Através de uma apresentação simples e direta o docente foi explicando como a revolução digital vai afetar a forma como cada um verá o futuro das suas profissões. Num “mundo cada vez mais computacional”, onde as máquinas estão cada vez mais dotadas de inteligência, com “uma esperança média de vida que tende a aumentar”, em que até “as formas de comunicação se têm vindo a alterar”, e onde a competição é global, as competências dos trabalhadores têm também que sofrer algumas alterações e foi isso que as ideias lançadas pelo professor Arlindo Oliveira permitiram descobrir. “O chamado computational thinking é uma dessas competências”, começava por salientar o orador. “E isto vai muito para além do saber programar, é ser capaz de se olhar para um problema e para os dados que temos ao nosso dispor e aplicar pensamento crítico sobre esses dados, criando resultados”, explicava de seguida.
Profissionais socialmente hábeis e capazes de comunicar as suas ideias, com capacidade de inovar e uma formação cada vez mais indisciplinar serão na opinião do professor Arlindo Oliveira os mais bem-sucedidos no futuro. Quase a terminar a sua intervenção, o presidente do Técnico vincou que apesar de tudo isto “é extremamente difícil antever a evolução da tecnologia”, sendo esta “opaca até para quem a está a criar e a trabalhar nela”, alertou por isso para a necessidade de “não subestimarmos a evolução das novas tecnologias nem a necessidade de nos adaptarmos a elas”. O sucesso da apresentação do presidente do Técnico ficou bem expressa no aplauso que a encerrou e nos comentários que foi suscitando na audiência.
Emília Telo, coordenadora do Ponto Focal da EU-OSHA, subiu ao palco posteriormente para explicar quais os focos e objetivos desta Campanha Europeia 2018-19. “Estes químicos estão impregnados nos nossos postos de trabalho e é importante sabermos como assegurar a nossa segurança e a dos que nos rodeiam”, referia a determinada altura. A oradora alertou ainda para algumas substâncias carcinogénicas e para a presença das mesmas nos locais de trabalho. “O empregador tem que se preocupar com estes fatores de segurança, mas o trabalhador também tem que se envolver e estar informado para poder ter uma noção dos riscos a que está exposto”, concluía.
O debate, marcado por uma intensa troca de conhecimentos e alertas, prosseguiu pela tarde fora em nome da segurança e da saúde dos trabalhadores.