A XI edição do Projeto Relâmpago decorreu entre 18 e 22 de fevereiro num antigo armazém ferroviário na antiga Vila Pereira, atualmente designado por no One16.
Estudantes e professores do Mestrado Integrado em Arquitetura do Técnico (MA-IST), em pareceria com a Junta de Freguesia de Marvila, a Trienal de Arquitetura de Lisboa e o Projeto Rock da Câmara Municipal de Lisboa, reuniram-se em Marvila para discutir e elaborar propostas para a revitalização de parte ou a totalidade do conjunto patrimonial de Pátios e Vilas Operárias das freguesias de Marvila e Beato.
O Projeto relâmpago, é uma experiência de aprendizagem única no panorama nacional do ensino da arquitetura. É fundada em dois pressupostos que o destacam de outras atividades similares: a organização do exercício ser da responsabilidade dos estudantes, com apoio de professores denominados para esse efeito e a escolha do tema ser relevante pela sua atualidade e ter alcance junto da sociedade.
Assenta num modelo de uma semana de trabalho de grupo intensivo em ambiente de estúdio de projeto, precedida de um primeiro dia de apresentações teóricas de contextualização do tema e local, por parte das diferentes entidades envolvidas. O Processo de projeto organiza-se segundo uma cadeia que vai desde a compreensão e resolução do problema à apresentação final da proposta, em cinco etapas: (1) análise (2) conceito, (3) estratégia, (4) projeto, (5) comunicação. Tem por objetivo o desenvolvimento de propostas de renovação e re-significação funcional e social do tecido urbano em análise. Os grupos de trabalho são obrigatoriamente constituídos por estudantes de vários anos, incluindo os estudantes em mobilidade.
Este ano, com o apoio dos Professores Teresa Heitor, Francisco Teixeira Bastos e Daniela Arnaut, procurou-se refrescar o modelo de organização do Projeto Relâmpago, introduzindo um novo elemento: os monitores. Os estudantes do quinto ano do MA-IST passaram a integrar a Semana Relâmpago, já não como elementos de um dos 18 grupos de trabalho, mas como monitores de apoio a cerca de três ou quatro grupos. Este destaque visou responsabilizar os estudantes em fim de percurso formativo e criar a possibilidade de cada grupo ter que lidar com uma maior diversidade opiniões e críticas. A sua ação foi no sentido de direcionar e fomentar para práticas de processo participativo, assim como o uso de vários elementos de processo de projeto (vídeo, maquete, desenho, colagem, fotografia, entre outros) para a comunicação final do projeto aos professores e a todos os intervenientes no processo
Para além das palestras do primeiro dia, houve uma série de conversas entre professores do MA-IST com artistas e arquitetos convidados, que contribuíram para aumentar o conhecimento dos estudantes sobre as temáticas das intervenções de carácter social e cultural no espaço urbano. Tiveram como objetivo o de dinamizar a semana de projeto e fornecer aos estudantes as ferramentas para entender o território de Marvila assim como a dimensão psicológica (memória, vivências) associada a estes pátios
O Input valioso e inspirador dos contributos teóricos apresentados e discutidos e os sistemáticos feedbacks por parte da equipa interdisciplinar ao trabalho desenvolvido pelos estudantes ao longo de todo o período do Workshop contribuíram muito para uma melhor compreensão por parte dos estudantes, da importância da valorização de um património e uma identidade atualmente em risco de desaparecimento, dos perigos e das consequências dos fenómenos de gentrificação que afetam aquela zona e da potenciação de pensar a cidade em termos da sua reutilização, segundo o ponto de vista da arquitetura.