Campus e Comunidade

O projeto dos alunos do Técnico que deu outra vida ao Areeiro

O “Estaciona-te” foi um dos projetos finalistas do Programa “Areeiro Empreende”, promovido pela Junta de Freguesia do Areeiro em parceria com o Instituto Superior Técnico.

A ideia por detrás do “Estaciona-te” é simples, mas extremamente rica. Através de um módulo de mobiliário urbano, a comunidade do Areeiro foi convidada a conviver, a contactar com artistas e o comércio local, participando civicamente na vida da Freguesia. Raquel Teixeira dos Santos, Elzbieta Hamadyk e Rui Colares de Oliveira foram os alunos do Técnico por detrás desta ideia que não deixou ninguém indiferente e que foi um dos projetos finalistas do Programa “Areeiro Empreende”.  O “Estaciona-te” foi visto pelos alunos como uma “oportunidade de ampliar, num contexto real, alguns conceitos refletidos durante o curso de Arquitetura, especificamente sobre o espaço público, e decorrente de uma tese de mestrado de um dos membros da equipa”, como recorda Raquel Teixeira dos Santos, líder da equipa. “Pretendia-se igualmente ir ao encontro dos objetivos da Junta de Freguesia do Areeiro tais como a Participação Cívica e Comunitária, o Comércio Local e as Cidades Ecológicas”, frisa a líder da equipa.

 O projeto dos alunos do Técnico convidou as pessoas a estacionarem-se literalmente no espaço público, quer fosse para conviver, esperar por alguém ou simplesmente para desfrutar de um espaço diferente e acolhedor ao invés dos típicos bancos de rua. Presente em 5 localizações “chave” do Areeiro – Praça de Londres, Praça Francisco Sá Carneiro (2 espaços diferentes), Alameda e Avenida de Roma, o projeto deu durante 3 meses, entre 27 de junho a 1 de outubro, uma nova dinâmica às ruas do Areeiro, dando a oportunidade aos moradores e visitantes de utilizarem este espaço de forma diversificada, quer individualmente, quer coletivamente. “Dada a flexibilidade dos módulos construídos, verificou-se uma maior convivência entre conhecidos como também entre estranhos”, sublinha Raquel Teixeira dos Santos. Além disto, o projeto incentivou também a partilha de atividades por parte dos comerciantes locais de forma a darem a conhecer melhor o seu negócio. “Estas atividades foram bastante diversificadas abrangendo a leitura, desporto, arte, costura, saúde e bem-estar”, relembra a líder da equipa responsável pelo “Estaciona-te”.

Para Raquel Teixeira dos Santos o contacto direto e indireto com a população foi “um dos aspetos mais positivos do projeto”, conseguindo a equipa “perceber o impacto que uma simples mobília com encosto, vegetação e atividades tem/poderá ter no quotidiano dos residentes e trabalhadores do Areeiro”. De acordo com a líder do projeto, a aprovação e recetividade ao projeto foi geral. “Todas as utilizações, comportamentos, conversas e satisfação sentida pelos seus utilizadores, fez com que o ‘Estaciona-te!’ deixasse de ser um pequeno projeto de espaço público para um projeto comunitário com consequências positivas para a população”, declara Raquel Teixeira dos Santos.

São muitos os ensinamentos que o grupo retira desta experiência Neste caso, na carreira de arquitetura ou ainda mesmo de urbanismo, foi bastante relevante entender o que significa “colocar em prática um projeto real”, com consequências, com impacto nas pessoas, com degradação ao longo do tempo, problemas e situações imprevistas e a capacidade de adaptação constante que tem de existir de forma a que o projeto continue e evolua positivamente. “De facto, nem tudo correu exatamente como planeado, mas, acima de tudo, temos noção que os obstáculos foram ultrapassados e saímos desde projeto com ambição em fazer mais e melhor pelas pessoas criando espaços mais adequados para as mesmas, em prol de uma cidade mais humana”.

O projeto terminou no passado dia 1 de outubro, mas deixou a nítida lição de que um simples módulo de mobiliário urbano pode fazer toda a diferença numa comunidade.