“Já reparou que a Amazon sabe exatamente os livros que gosta de ler? Não acha esquisito que o Facebook e o Twitter consigam adivinhar os assuntos que faz questão de acompanhar? Sabia que cerca de um terço dos casamentos nos EUA foram decididos por algoritmos de sites de encontros?” Estes foram alguns dos exemplos de como todos, os dias, sem sabermos os algoritmos de aprendizagem influenciam cada vez mais as nossas vidas, referidos na apresentação do livro “A revolução do algoritmo mestre” da autoria de Pedro Domingos. O livro que demonstra como a aprendizagem automática está mudar o mundo foi lançado, sexta-feira passada,6 de outubro, na FNAC Colombo.
Na sessão de apresentação da obra, o professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico, sublinhou que “esta área do “machine learning” vai trazer modificações profundas na sociedade, afectando toda a estrutura social”. Na prática “ a aprendizagem automática faz com que os computadores aprendam com a experiência”, acrescentou. Sublinhando que esta é a primeira obra de divulgação sobre o tema referido, afirmou que o autor refere cinco grandes tribos de aprendizagem automática. O livro parte depois em busca do algoritmo – mestre, que é o algoritmo que integra todos os algoritmos, capaz de descobrir qualquer conhecimento a partir de dados. O autor argumenta que só a aprendizagem automática poderá resolver grandes problemas, como encontrar a cura para o cancro.
Qual a motivação para escrever o livro? “Sentir que havia grande necessidade das pessoas de aprender o mínimo sobre a aprendizagem automática que vai marcar o futuro da maior parte das profissões”, responde Pedro Domingos. Para “além de saberem ler, escrever e matemática têm que perceber como funcionam os computadores, a informática, a inteligência artificial e a aprendizagem automática porque têm que interagir com essas realidades continuamente”, diz Pedro Domingos.
O professor de Ciências da Computação da Universidade de Washington sublinhou em entrevista, no final do lançamento do livro, que foi no Técnico que aprendeu todos os conceitos da Matemática e Informática que hoje utiliza na investigação que está a fazer. “Estive dois anos como professor no Técnico em que leccionei aprendizagem automática, ainda antes de ser dada em muitos países do mundo”, recorda.
Quantos aos cenários de um mundo controlado por máquinas, sublinha que “a inteligência artificial é muito diferente da humana e por isso haverá poucos perigos de ela querer tomar conta do poder”. “ A inteligência artificial vai ser sempre um instrumento dos seres humanos”, conclui.