As horas intermináveis em busca de um lugar para estacionar o carro prometem ter os dias contados com a Parqist- a aplicação (app) idealizada por um aluno de doutoramento do programa MIT Portugal no Instituto Superior Técnico, Pedro Fraga, e que tem como objetivo criar uma comunidade que assinale lugares de estacionamento livres, permitindo que outros utilizadores na mesma área saibam quais os espaços que estão desocupados em determinado momento, evitando assim as infinitas voltas à procura de estacionamento.
Parece estranho ou quase utópico? Não é, tem apenas por base um sistema de colaboração gratuito que para resultar depende apenas da adesão da comunidade à mesma. Ao registar-se na aplicação, o utilizador recebe de imediato três Parqs – a moeda virtual da app– e consequentemente sempre que encontrar um lugar de estacionamento através da aplicação um Parq é descontado. Por outro lado, sempre que ceder um lugar a outro utilizador, recebe Experience Points além da moeda virtual. Nesta lógica de troca dos desejados e escassos lugares de estacionamento, os ‘Parqs’ são obrigatoriamente necessários para reservar uma vaga de estacionamento, podendo a pontuação individual dar vantagem aos utilizadores mais colaborativos.
“A ideia surge numa tarde e por causa do constante problema de tentar encontrar lugar no parque do Técnico”, recorda Pedro Fraga. Como quase sempre na cabeça de um engenheiro, o problema espicaçou uma procura de soluções: “nessa tarde acabei por ficar com o lugar de um colega o que me levou a questionar se seria possível aplicar um conceito de colaboração numa grande escala, com a criação de uma plataforma para esse fim”, explica o aluno de doutoramento. A escolha do nome da aplicação foi automática e faz a justa homenagem ao momento que está na génese da ideia: “Estava no Parque do IST, e Parqist surgiu talvez por analogia e porque soa bem”, partilha Pedro Fraga. “Acabei um protótipo muito simples e formei uma equipa com mais três pessoas”, adiciona de seguida.
A versão Alpha do Parqist, disponível apenas para sistema Android, foi lançada dia 25 de fevereiro, e funcionou com uma espécie de teste de mercado como explica Pedro Fraga: “sempre achei que um protótipo simples a partir do qual é possível ter feedback é melhor que um questionário, o que eu subestimei completamente foi a resposta, o que originou problemas, grande parte deles relacionados com a base de dados, quando de repente houve a adesão que houve ao Parqist”. Ainda que já resolvidos estes problemas, o aluno de doutoramento do Técnico explica que “ainda existe muito trabalho pela frente, tanto em termos de robustez e performance, como para tornar a app mais apelativa com a melhoria do design das interfaces e também com a criação de novas funcionalidades e novas colaborações”. Assim, e com os devidos ajustes, a versão Beta, já disponível para iOS, será lançada dia 10 de junho. “Todos os membros ativos da comunidade que se inscreveram até lá, receberão um bónus”, adianta Pedro Fraga.
Para um futuro não muito distante e de forma a fortalecer o projeto, Pedro Fraga avança algumas das metas definidas pela equipa que, entretanto, formou: “implementar um mercado interno que permite os utilizadores “comprarem” e “venderem” “parqs” uns aos outros; criar um sistema de valorização dos lugares conforme a procura e oferta, divulgar o projeto internacionalmente e gerar parceiras com entidades da área.
A comprovar o sucesso da iniciativa está não só a recetividade que o público demonstrou face ao projeto, mas também o facto de a equipa ser finalista no concurso de Mobilidade da Brisa, disputando o primeiro lugar com mais 2 equipas.
Grande parte do sucesso do projeto depende da adesão e proatividade do utilizador e, portanto, em vez de reclamar da falta de estacionamento pode sempre começar já a começar a dar o seu contributo, cedendo um lugar ao próximo e ainda por cima ganhando pontos com isso.