A sala principal do Técnico Innovation Center preencheu-se de mais de 150 pósteres elaborados por estudantes de doutoramento do Instituto Superior Técnico. A agenda da 10.ª edição do PhD Open Days incluiu ainda mesas redondas sobre inteligência artificial e o papel dos doutorados na sociedade, bem como encontros com alumni da Escola e uma palestra sobre saúde mental. Entre 4 e 5 de novembro, estes e outros atrativos foram oferecidos pela Técnico Doctoral School e dedicados a estudantes de doutoramento.
“Os doutorados são pessoas que conseguem pensar de diferentes formas, conseguem encontrar soluções, conseguem promover novos produtos, desenvolvimentos e ideias”, descreveu Rogério Colaço, presidente da Escola, no discurso de abertura do PhD Open Days, na manhã de 4 de novembro. “Vivemos um momento no país em que finalmente produzimos um número adequado de doutorados – mais de 1500 todos os anos”. “Mesmo assim”, preveniu o docente, “o nosso setor económico ainda não se apercebeu do valor de contratar doutorados”. “É nossa responsabilidade, enquanto Técnico, promover essa mentalidade junto do setor económico”, defendeu.
Para o efeito, o presidente do Técnico recordou o decorrer do Técnico Innovation Summit, evento incorporado no PhD Open Days onde foram dadas a conhecer as 21 ‘agendas PRR’ contendo projetos que envolvem o Técnico. Apontou ainda o evento “que pretende promover a aproximação entre estudantes de doutoramento e as nossas empresas parceiras nas ‘agendas PRR’, com o intuito de encorajar a empregabilidade de doutorados”.
Cecília Rodrigues, vice-reitora da Universidade de Lisboa, afirmou-se “muito orgulhosa da dedicação e trabalho árduo” demonstrados pelos estudantes na audiência. “As vossas contribuições”, prosseguiu, “reforçam seguramente o papel crucial da investigação, da ciência e da tecnologia na formação de uma sociedade melhor e o Técnico e a ULisboa aguardam ansiosamente o impacto do vosso trabalho”.
Para os estudantes que começam agora o seu percurso de doutoramento, foi apresentada a Técnico Doctoral School, organizadora do PhD Open Days. A nova Escola Doutoral do Técnico vai reformular a formação dos doutorados do Técnico, aumentando os estágios em empresas e a formação em competências transversais em temas como a inteligência artificial, o empreendedorismo e a comunicação de ciência.
Segundo o professor do Técnico Leonel Sousa, que conduziu a apresentação, esta é uma entidade “responsável por supervisionar a educação e treino” destes estudantes, oferecendo apoios ao longo do referido percurso como espaços de estudo, a realização de um conjunto de disciplinas opcionais e o PhD Fast Track, um programa que permite aos alunos com aproveitamento de topo fazer o mestrado e doutoramento em cinco anos.
Mesas redondas, competições de pitches e um cão-robot
Durante uma pausa para café, um pequeno robot quadrúpede trotava pelo recinto, suscitando a curiosidade dos participantes, que interrompiam as suas leituras de pósteres científicos por ali afixados. Estes períodos de descontração foram um dos motivos que trouxeram alguns dos estudantes de doutoramento ao PhD Open Days, empenhados em trocar impressões com colegas de outras áreas científicas. Para isso serviu, entre outros momentos, a sessão de apresentação de alumni da escola, que pôs os estudantes em contacto com doutorados do Técnico já inseridos no mercado de trabalho.
João Oliveira veio ao PhD Open Days mostrar os últimos quatro anos de trabalho que desenvolveu na área da robótica, inserido no Programa Doutoral em Engenharia Mecânica. “É sempre giro ver que técnicas são usadas pelos outros estudantes”, comenta, um sentimento partilhado também por Andrea Ferre. A anterior aluna da Universidade de Alicante, que ingressou, entretanto, no Programa Doutoral em Engenharia Civil, acrescenta que “se estivesse a fazer o doutoramento em Espanha, seria mais fácil”. “Por ser mais desafiante, o crescimento que consigo aqui no Técnico é maior”, acrescenta.
Mais tarde, a competição de pitches inserida no calendário do PhD Open Days – onde os estudantes expuseram o trabalho científico, tecnológico e inovador que têm desenvolvido – viria a premiar com o primeiro lugar o estudante Diogo Oliveira (Engenharia Mecânica), seguido de Hemaxi Narotamo (Engenharia Biomédica) e Matteo Piani (Física) nos seguintes lugares do pódio.
Enquanto o barulho da chuva contra o telhado do Técnico Innovation Center ecoava pelo seu interior, tornando-o ainda mais convidativo, a mesa redonda intitulada “Research in Artificial Intelligence: prospects, opportunities and caveats” juntava três professores do Técnico em torno do impacto da inteligência artificial na sociedade. Arlindo Oliveira, Mário Figueiredo e Chrysoula Zerva, moderados por Sara Sá (comunicadora de ciência do INESC-ID), discutiram sobre o entusiasmo em torno da inovação trazida pela inteligência artificial e comentaram a sua utilização em ambientes como a educação e a indústria. Para além de uma análise à atualidade, os três docentes apresentaram ainda perspetivas sobre a forma como o futuro poderá ser moldado por estas tecnologias ao nível do emprego, da saúde e da qualidade de vida.
O calendário do PhD Open Days incluiu também a já tradicional sessão Out Of The Box (‘Fora da Caixa’). Nesta edição, houve uma palestra conduzida por António Raminhos, na qual o humorista partilhou experiências pessoais em torno da saúde mental, trazendo a palco dois estudantes que também abordaram os seus percursos. Durante a conversa, foram discutidos tópicos como perturbações de ansiedade, estigmas em torno de doenças mentais e o papel da psicoterapia. Vários participantes colocaram perguntas ao painel, encorajados pelas partilhas dos convidados.
Resumindo os dois dias de atividades, Rogério Colaço foi categórico no breve discurso com que encerrou o evento – “é um orgulho ser presidente de uma escola com estes estudantes de doutoramento”.
Foi ainda durante este evento, na tarde de 5 de novembro, que teve lugar a tomada de posse do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), órgão consultivo do Governo em matérias de ciência, tecnologia e inovação. no qual se insere Inês Lynce, professora do Técnico e presidente e investigadora do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores: Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), foi uma das personalidades nomeadas.
A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que descreveu o Conselho como “um elemento essencial” para “ir ao encontro das expectativas de quem está na área da investigação e de quem quer transformar o conhecimento e a ciência em inovação e valor económico e social, em soluções aptas a criar mais bem-estar”. Presentes estiveram também o ministro da Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e o ministro da Economia, Pedro Reis.
O reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, antecedeu a tomada de posse do CNCTI, destacando as “pessoas muito ligadas à inovação e ao empreendedorismo que poderão ter um papel crucial no desenvolvimento do nosso tecido informacional”. Parabenizou ainda todos os presentes por “darem estes passos significativos para o nosso país” e “um sentido de futuro”.