Têm entre os 9 e os 13 anos e tratam a tecnologia por tu, dominam telemóveis, computadores, videojogos e não querem que os robôs sejam uma exceção à regra. Por isso mesmo, uma grande maioria dos 17 participantes da Semana Maker do ROB9-16, dedicada aos alunos do ensino básico, pediu aos pais para participar, e os restantes não se importaram “mesmo nada de vir” por sugestão dos mesmos.
O desejo de aprender reflete-se na expressão dos jovens participantes, é visível na atenção que prestam às explicações dos monitores, nas dúvidas que não deixam por esclarecer. Estão desejosos de aprender mais, ávidos de conseguirem fazer o robô “travar”, “contornar objetos”, “fazer trajetos definidos”. O entusiasmo apodera-se deles, e torna-se audível sempre que aquela linha de código surtiu o efeito desejado.
“Os robôs já são e vão ser ainda mais importantes no nosso futuro e é muito importante saber mexer neles, aprender a controlá-los”, diz, de uma levada só, Filipe Proença, um dos participantes do clube de robótica do Técnico para crianças e jovens. Ciente disso, não teve dúvidas nenhumas de que queria passar esta semana no campus do Taguspark para “aprender mais sobre estas áreas”. Tem apenas 11 anos, mas se nos guiássemos apenas pela convicção das suas palavras e a forma astuta como supera os desafios diríamos que tinha mais uns quantos.
“Estou a gostar mesmo muito de tudo, mas se tivesse que escolher algo em especial diria que a minha parte preferida foi aprender a linguagem em C”, refere Filipe Proença. Ainda assim, e confessando-se “surpreendido” pelo mundo da robótica, o participante sublinha que o seu futuro já está planeado, e apesar de querer que passe pelo Técnico, a área será outra: “quero ser físico teórico e não é porque ninguém me tenha influenciado, é um interesse próprio”, afirma, sem deixar margem para dúvidas. “Quero vir para o Técnico porque sei que é onde estão os melhores”. Por falar em melhores, o jovem já está de olho em alguns. “Não me lembro do nome de todos na verdade, só do Vítor Cardoso. A primeira vez que o vi foi num programa de televisão e fiquei mesmo fascinado”, conta.
Aliando o conhecimento ao divertimento, as atividades do ROB9-16 são pensadas ao detalhe para que cada momento propicie a aquisição de conhecimentos e estimule a vontade de saber sempre mais. O programa é estruturado em módulos temáticos curtos, que vão da robótica às telecomunicações, com uma forte componente prática, mas assentes em bases teóricas fornecidas no início de cada módulo, ao ritmo que cada faixa etária e perfil dos participantes o permite.
Pedro Maria e Miguel Oliveira, alunos de Engenharia Informática e de Computadores, são os monitores de serviço e os responsáveis por sossegar a euforia enquanto também alimentam com muito conhecimento a curiosidade dos participantes. No módulo desta terça-feira, 13 de julho, os participantes contactaram com o Arduino, a plataforma integrada de hardware/software, programado em C. O desafio era que cada um dos participantes tornasse o respetivo robô capaz de realizar de forma consecutiva um circuito estipulado. “Parece difícil?” – questionava Pedro Maria. Em uníssono é presenteado com um “sim”. “Ainda bem, porque é mesmo”, brincou, desconstruindo o semblante preocupado dos participantes. Depois da explicação que os ajudaria a resolver a primeira parte da tarefa, era hora de arregaçar as mangas, e inserir as linhas de código que orientariam os respetivos robôs.
Margarida Lopes esteve atenta a cada dica que foi sendo fornecida, e não sossegou até conseguir cumprir o desafio. Sempre que se adiantava no término de uma etapa, instigava-se a ela própria a ultrapassar novas barreiras, ou neste caso a fazer o robô contorná-las. “Gosto de aprender coisas novas e já tinha vindo uma vez ao ROB9-16 e gostei muito, por isso quis repetir”, conta a jovem de 11 anos. “Adoro ver o robô a funcionar à medida que fazemos o código”, acrescenta.
Tal com Margarida Lopes lembra, sem a pandemia “tudo isto era mais engraçado”, uma vez que como reitera “tinha oportunidade de conhecer melhor os colegas”. Certamente o diz porque as atividades que eram na sua maioria realizadas em grupos passam agora a ser individuais, cumprindo todas as normas de segurança.
Apesar dos seus 10 anos, Pedro Rodrigues não se coíbe de aconselhar os colegas mais velhos na sala, assim que percebe que a sua estratégia resultou no cumprimento do desafio lançado pelos monitores. Está genuinamente feliz e sedento de aprender e não o disfarça, pelo contrário conta-o. É a primeira vez que participa na iniciativa, mas trata de compensar isso com muita atenção e confessa que tem “adorado programar tudo do zero”. No futuro quer ser veterinário, mas quando o questionámos se nesta semana não se tinha sentido tentado a seguir Engenharia, presenteia-nos com um sorriso e solta: “se calhar ainda mudo de ideias e vou ser engenheiro”.
Ao lado de Pedro Rodrigues está Miguel Mota, veterano na experiência de participar no ROB9-16. “É a 3.ª ou 4.ª vez que venho. De todas as vezes, aprendi sempre alguma coisa nova e consigo também recordar-me melhor de coisas que aprendi em anos anteriores”, frisa o jovem de 13 anos. Ao contrário do seu vizinho do lado, sabe que um dia quer trabalhar nesta área, e conta-nos que já está a trabalhar para isso aplicando-se para ter as melhores notas possíveis.
A pouco e pouco, as linhas de código vão enchendo o monitor, mas a ânsia é por testar na prática, percebendo se o robô cumpre as tarefas desejadas. Conquista a conquista compõe-se o trajeto, a vontade de voltar e alimenta-se mais um bocadinho a paixão pela tecnologia. E assim continuará a ser ao longo da semana.
Na semana anterior, entre 12 e 16 de julho, foi a vez dos alunos do Ensino Secundário desfrutarem da experiência e do conhecimento propiciada pelo ROB9-16.