Inovar é a palavra de ordem nos dias que correm, e são os negócios disruptivos, criativos e escaláveis que fazem mexer a economia mundial. Por isso mesmo, e tendo em conta o papel da Academia neste domínio, o projeto europeu Innovation Capacity Building for Higher Education in Europe’s Outermost Regions (INCORE) procurará estimular as instituições de ensino superior das regiões ultraperiféricas da União Europeia a participar proativamente nos ecossistemas de inovação locais e regionais, contribuindo para o seu desenvolvimento e crescimento.
Com uma duração de 2 anos, o projeto conta com um financiamento de 1,2 milhões de euros pela União Europeia, canalizado através do European Institute of Innovation & Technology (EIT). Tirando partido da rede de parceiros nacionais e internacionais, o INCORE procurará fomentar a troca de boas práticas e introduzir um novo conjunto de medidas e ações abrangentes com vista a estimular a capacidade empreendedora das instituições de ensino superior.
O Técnico lidera o consórcio que inclui mais 3 instituições de ensino superior, a Universidade da Madeira, Universidade Europeia das Canárias e Universidade de La Reunion; uma pequena média empresa de base tecnológica sediada nos Açores, a Trisolaris Advanced Technologies; e ainda um centro de investigação sediado nas Canárias, o La Palma Research Centre.
O foco de ação do projeto serão as ilhas, arquipélagos e um território continental (Guiana Francesa) de 3 países da União Europeia: Portugal, Espanha e França. “São regiões que estão geograficamente muito dispersas e isoladas da europa continental e que estão identificadas como regiões inovadoras emergentes, classificação atribuída a regiões cujo desempenho em termos de inovação é inferior a 50% da média da União Europeia”, explica o professor Nuno Almeida, docente do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos (DECivil), e coordenador do projeto.
Ao Técnico enquanto líder do projeto caberá a gestão global deste, assegurando que os trabalhos previstos são executados conforme estabelecido no contrato com a entidade financiadora e dentro dos custos e prazos previstos, alcançando o maior impacto possível. O professor Nuno Almeida faz, no entanto, questão de salientar “que todo o trabalho está a ser feito com um espírito colaborativo extraordinário”. “Todos os parceiros têm interesse em reforçar parcerias com as regiões ultraperiféricas e apoiar-se mutuamente na concretização de novas oportunidades de mobilidade, geração e fixação de talentos nestas regiões, nomeadamente nas Canárias, Açores, Madeira e La Reunion, que é onde estão sediados os parceiros do Técnico neste consórcio”, complementa.
Plano de trabalho divido em quatro domínios de ação
Num primeiro momento, a equipa do projeto INCORE reunirá esforços para promover o envolvimento e mudança institucional, “desenvolvendo estruturas de apoio internas e multidisciplinares, laboratórios de ensaio e/ou outras infraestruturas para fomentar inovações, incluindo a criação ou melhoria de centros de transferência de tecnologia”, como partilha o professor Nuno Almeida.
Para fortalecer parcerias e a integração do “triângulo de conhecimento” – ensino superior/ investigação e tecnologia/negócio – será necessária uma reconfiguração das instituições de ensino superior para aumentar e melhor a colaboração com parceiros externos, “incluindo investidores, empresas, centros de desenvolvimento tecnológico, organizações governamentais, ONGs e outros parceiros sociais”, defende o docente do DECivil.
O terceiro domínio do projeto incide na contribuição para o desenvolvimento de inovações e negócios, quer através de estruturas e condições para que os alunos ou outras pessoas da comunidade académica possam criar ou desenvolver os seus negócios e startups, quer, por exemplo, para que pessoas ou entidades externas às instituições de ensino superior possam aceder às infraestruturas existentes nas universidades.
Por fim, e tendo como objetivo também aumentar a qualidade da inovação e da educação em empreendedorismo, está no plano de trabalhos desta equipa o desenvolvimento de cursos de formação em inovação e empreendedorismo e esquemas de mentoria para alunos, pessoal docente e não docente das instituições de ensino superior.
Primeiros resultados do projeto começam a aparecer
Neste momento, encontra-se a decorrer a primeira fase do projeto, procurando-se “principalmente avaliar as capacidades atuais das instituições de ensino superior das regiões ultraperiféricas em termos de inovação e empreendedorismo e identificar as oportunidades de melhoria”, como destaca o docente do Técnico. “Pretende-se também analisar o contexto de cada região, tendo-se já constatado que, embora existam algumas diferenças de região para região, há muitos desafios comuns”, salienta o professor Nuno Almeida.
Até ao final do ano, e como adianta o coordenador do INCORE “contamos ter este trabalho concluído e ter um programa de ações concretas ajustadas às necessidades globais e também específicas de cada região, para implementar na fase 2 do projeto, que decorrerá em 2022 e durante o primeiro semestre de 2023”.
Técnico transportará para o projeto o seu exemplo no estímulo à inovação e ao empreendedorismo
No passado mês de novembro, realizou-se o primeiro evento regional do projeto, organizado pela Universidade da Madeira, com o apoio do Técnico e dos demais parceiros. O professor Nuno Almeida partilha que este encontro contou “com intervenções importantes de docentes e investigadores de diferentes departamentos do Técnico e com cobertura e divulgação pelos meios de comunicação locais e nacionais e nas redes sociais a nível global”. “Foram três dias de trabalhos intenso, mas também com muitas oportunidades para convívio criativo e para reforçar laços pessoais e institucionais”, revela o coordenador do INCORE.
Começam já a aparecer os primeiros resultados do projeto em termos de empresas, alunos e pessoal docente e não docente que estão a beneficiar com as atividades do projeto. “Estamos confiantes que estes resultados irão melhorar ainda mais quando realizarmos mais eventos abertos e conforme os parceiros forem implementando localmente todas as ações e os programas de formação e de mentoria previstos no projeto”, destaca o professor Nuno Almeida.
De acordo o professor Nuno Almeida, na fase de formação do consórcio e de preparação da proposta de financiamento “o Técnico afirmou-se naturalmente como o melhor parceiro para coordenar este projeto colaborativo”. “As instituições de ensino superior envolvidas no processo realizaram uma autoavaliação das suas capacidades em termos de inovação e empreendedorismo, tendo por base os critérios da EIT. Nesse processo, confirmou-se a perceção geral de que o Técnico se vem de facto destacando em matéria de ensino e estímulo da inovação e do empreendedorismo”, relata o docente do DECivil.
Além das suas competências e do caminho que vem percorrendo neste domínio, pesou ainda na decisão, e como denota o coordenador do INCORE, “o facto de o Técnico ter uma localização privilegiada para atuar como ponte entre as regiões ultraperiféricas e as regiões mais centrais da União Europeia”.