Ao entrar no auditório do Exploratório – Centro Ciência Viva de Coimbra, os olhares prendiam-se quase sempre no cartaz do projeto-piloto onde a mensagem do mesmo está bem presente: “Engenheiras por um dia, para o resto da vida”. A iniciativa apresentada esta terça-feira, dia 10 de outubro, é do Governo, e o Técnico terá um papel preponderante na mesma: mostrar às raparigas que as engenharias tecnológicas também são para elas. A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, a Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, a IBM, a Siemens e a Microsoft, são os restantes parceiros do projeto.
Nesta sessão, em que se deu o primeiro passo de “uma caminhada rumo à igualdade”, como mencionou o Ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, foi assinado o protocolo de cooperação com as dez escolas e agrupamentos do ensino público de nove localidades do continente: Porto, Matosinhos, Fundão, Figueira da Foz, Miranda do Corvo, Pombal, Vila Franca de Xira, Évora e Seixal, que participarão nesta fase do projeto. Serão estas mesmas escolas que nos próximos tempos serão invadidas por alunas do Técnico, numa promoção de experiências e do entusiasmo com que se estuda e se quer fazer engenharia. Depois disso, ficará sob a responsabilidade das escolas desenvolverem atividades ao longo do ano, como palestras, visitas a empresas e núcleos tecnológicos ou mesmo a universidades de engenharia, para promover o contacto com estudantes de engenharia.
Foi aliás uma engenheira, a professora Palmira Silva, vice-presidente para a Comunicação e Imagem do Técnico, a encarregada de apresentar o projeto “Engenheiras por um dia”. Visivelmente entusiasmada com o papel que o Técnico desempenhará, a vice-presidente do Técnico explicou que o principal objetivo da iniciativa é “desconstruir preconceitos e estereótipos sobre profissões tecnológicas”, “sensibilizando as escolas e os agentes educativos para a problemática da segregação”. Relembrando que “a igualdade de género é uma questão fundamental da cidadania”, realçou a intenção de que este projeto se alastre no futuro a todo o território nacional, e que em breve “os seus resultados se vejam no terreno, com mais mulheres a caminho da engenharia”.
A intervenção do Ministro-adjunto seguiu a mesma linha de raciocínio. Salientando que promoção da igualdade de género é uma das prioridades de ação do governo, Eduardo Cabrita disse que esta “rarefação da presença feminina nestas áreas” não é um problema exclusivamente português, mas é um problema que se deve extinguir. “Há um teto invisível que ainda se coloca às mulheres para atingirem o topo de várias carreiras”, declarou, afirmando que “o que estamos aqui a fazer é algo que tem a ver com a base de formação. É entre os 14 e os 16 anos que se verifica o afastamento das raparigas destas áreas e é aí que queremos e devemos agir”, acrescentou.
De acordo com dados que suportam o projeto, nos últimos três anos letivos, entre 2013 e 2016, a percentagem de inscritas nos cursos de licenciatura em engenharia “situou-se em cerca de 19%”. Se retirarmos desta listagem os cursos de Engenharia Química, Química e Biologia, Biomédica e Bioengenharia – que conseguem atrair um maior número de alunas – a percentagem passa para os 15%. Um número muito singelo quando elas são a maioria dos alunos no ensino superior.