A Assembleia de Escola desta quarta-feira, 20 de novembro, onde o professor Rogério Colaço, candidato único à presidência do Instituto Superior Técnico, apresentou a sua candidatura contou com uma audiência diversa, numerosa e interessada. Alunos, investigadores, professores e funcionários marcaram presença na reunião para ouvir, questionar e até partilhar ideias com o docente do Departamento que Engenharia Mecânica (DEM) que se propõe a assumir o desafio de liderar a escola nos próximos 4 anos.
Congratulando a comunidade pelo enorme interesse em torno desta eleição, o candidato começava por dirigir as primeiras palavras da sua intervenção ao atual presidente do Técnico, o professor Arlindo Oliveira. “Queria agradecer-lhe a forma generosa, empenhada, competente e visionária como exerceu a função de presidente ao longo dos últimos anos”, declarava o professor Rogério Colaço.
O docente apontaria depois dois dos grandes desafios que atualmente se impõem à instituição, e por conseguinte ao novo presidente: a reestruturação dos cursos de mestrado integrado e a entrada em vigor do novo referencial contabilístico. Segundo o candidato, este contexto e o facto de o próprio no passado ter exercido o cargo de vice-presidente da área académica e posteriormente da gestão financeira, fizeram com que aos olhos de muitos tivesse a obrigação de avançar com esta candidatura. Ainda assim, só o fez quando percebeu que existiam “os apoios e a vontade para o fazer”, afinal como o próprio refere “ser presidente do Técnico exige alguma capacidade de sacrifício e muita vontade”.
Depois desta breve introdução e seguindo a proposta do professor João Azevedo, presidente da Assembleia de Escola, o candidato único à presidência da Escola resumiria de forma breve o seu programa de candidatura, apresentando algumas das ideias centrais contempladas no mesmo. O Ensino Superior, a Investigação, o Desenvolvimento e Inovação, a Transferência de Tecnologia, Operação Multipolar, a Internacionalização, a Comunicação, os Recursos Humanos, as Infraestruturas, os Processos e Qualidade, as Tecnologias da Informação e o Financiamento são as áreas de atuação em que o programa se centra, uma vez que, e como o candidato referiria, “estas são as áreas de intervenção do plano estratégico do Técnico que está em vigor neste momento”.
Começando pelo tópico da Investigação, Desenvolvimento e Inovação, o professor Rogério Colaço frisava que “além de esta ser uma das missões fundamentais da nossa instituição, é uma importante fonte de captação de receitas, e por isso, acho que temos espaço de manobra para aumentar a nossa participação em projetos nacionais e internacionais”. “Isto tem que ser feito claro pelos investigadores do Técnico, mas para isso é preciso aumentar os apoios e incentivos a quem decide entrar em grandes projetos”, declarou. Para o docente é essencial que quem tenha que quem queira abraçar grandes projetos não o sinta como um “castigo”, sendo por isso importante melhorar a eficiência e eficácia dos serviços de apoio.
“A Transferência de Tecnologia tem sido uma bandeira da anterior direção e é para continuar a aprofundar”, referia de seguida o professor Rogério Colaço. Partilhando o seu objetivo de abrir o programa de parcerias empresariais do Técnico a “mais empresas do sistema secundário, e abrir este programa a micro e pequenas empresas que neste momento não conseguem entrar”. Para que tal aconteça, o docente afirmava ser necessário baixar as cotas de entrada deste programa. Relativamente à Operação Multipolar, o candidato à presidência lembrava que sendo o Técnico constituído por mais do que um campus, e “temos que ter capacidade de investir e valorizar de igual forma os três campi , olhando para eles como uma oportunidade que já existe”.
“Temos que ter capacidade de investir e valorizar de igual forma os três campi , olhando para eles como uma oportunidade que já existe
A comunicação e os recursos humanos foram também abordados no discurso do candidato, merecendo o primeiro tópico largos elogios do professor Rogério Colaço que frisava que “neste momento há uma visão muito mais clara do valor do Técnico, e um peso muito maior na sociedade do que havia há 10 anos. Esse trabalho tem que ser aprofundado, rentabilizando os recursos que há para o fazer”. Ainda nesta área o candidato sublinhava a importância de concentrar as atividades de divulgação que já existem para que a mesma tenha ainda maior impacto. Em relação aos recursos humanos- um assunto que retomaria mais à frente no seguimento das perguntas que lhe seriam colocadas- o professor Rogério Colaço lembrava que está em vigor um plano de contratação e renovação dos recursos humanos docentes e de investigação que “foi recentemente reaprovado pelos órgãos de gestão da escola e que irá ser mantido porque o consideramos muito importante e transformador para o Técnico”. “Falta um programa de renovação e requalificação dos recursos humanos não docentes e não investigadores e comprometi-me no meu programa de candidatura a fazê-lo no 1.º semestre de 2020 e é isso que irá acontecer”, afirmou o candidato.
“Processos de qualidade e Tecnologias da Informação (TI) são áreas estratégicas do Técnico que estão sempre em velocidade de cruzeiro”, frisava o docente do DEM antes de relembrar a dificuldade acrescida de contratação e manutenção dos recursos humanos na área das TI. Relativamente a isto, o professor afirmaria ainda que é preciso estudar e tentar implementar alternativas para além dos mecanismos de contratação pública.
Na abordagem aos tópicos das infraestruturas e do financiamento o professor Rogério Colaço iria demorar-se mais um pouco, expondo não só as preocupações que o invadem face a estes dois domínios como também o seu plano de ação face aos mesmos. “O investimento na requalificação não tem sido grande, não temos tido capacidade para o fazer e neste momento a escola precisa disso”, começava por sublinhar. “Temos que arranjar uma forma de requalificar as infraestruturas do Técnico”, vincava de seguida. O candidato afirmava ainda que uma das primeiras coisas que irá fazer se for eleito será um plano de intervenções na área construída do Técnico no primeiro semestre, priorizando as intervenções que são prementes. Quanto ao financiamento, o professor Rogério Colaço explicava “que este é um problema real na escola e não existe uma solução evidente para o mesmo”. Por isso mesmo, o docente destacava que é fulcral “aumentarmos a nossa capacidade de captação de receitas próprias”. “Aquilo que somos na sociedade, a competência que nos é reconhecida pela sociedade em termos de capacidade de investigação, desenvolvimento e prestação de serviços tem que ser valorizada, e ajudar-nos a trazer investimento para a nossa escola”, reiterou de seguida o professor Rogério Colaço, afirmando que esta questão da sustentabilidade financeira é importantíssima para conseguir agir em outros domínios.
“A questão da acessibilidade para pessoas que tem mobilidade reduzida é extremamente prioritária para mim”
De forma breve, o candidato tentaria depois responder às 93 questões que foram colocadas online no formulário que foi disponibilizado para o efeito, versando a maioria das questões sobre o processo de reformulação dos cursos, o financiamento e sustentabilidade financeira, a precaridade do emprego científico, e a qualificação do pessoal não docente. Partilhando algumas das ideias que já foi traçando e que promete executar se for eleito, o professor Rogério Colaço não escondeu a sua disponibilidade para ouvir e apoiar novas ideias. “A questão da acessibilidade para pessoas que tem mobilidade reduzida é extremamente prioritária para mim”, reiterava a determinada altura no seguimento de uma das perguntas apresentadas. Revelando-se adepto da desburocratização, da proatividade, da delegação de competências, e de uma boa comunicação interna, o docente do DEM declarava que apoiaria todas as iniciativas de procura de novos alunos internacionais e ainda que irá propor a realização de reuniões executivas quinzenais entre as direções de serviços e o conselho de gestão de forma a desbloquear problemas e melhorar a comunicação entre serviços.
O imenso interesse na perspetiva e no plano de ação do candidato revelar-se-ia nas várias perguntas que se sucederiam ao longo de toda a manhã. O professor Rogério Colaço não quis deixar nenhuma pergunta sem resposta, tentando sempre entender o contexto em que as mesmas eram colocadas. Numa das suas respostas, afirmou que esta será uma postura manter se fosse eleito. “Tentarei ser um presidente com tempo para ouvir as pessoas. Não tenho soluções para tudo, e por isso considero muito importante saber ouvir”.