As camisolas multicolores circulam pelo Técnico. Amarelo é energias, verde é produção, o azul simboliza os sistemas, o cor-de-rosa representa a multidisciplinariedade. São mais de 60 os alunos que as vestem e que organizam o MecanIST que decorre desde segunda-feira, 12 de março, e que tem cativado centenas de alunos do Técnico e não só. É desta pluralidade de temáticas, além das cores que as representam, que se faz esta VII edição da atividade organizada pelo Fórum Mecânica.
Os flyers do evento espalhados pelo Técnico, rapidamente chegam às mãos dos alunos através de algum dos elementos da organização. Além do papel, os elementos do Fórum Mecânica oferecem sempre uma boa argumentação para não faltar ao evento. “Hoje há convidados geniais”, diz um dos rapazes de camisola verde. “Há também gelados e amostras de outros produtos na feira de empresas, além de várias oportunidades de estágio e quem sabe emprego”, diz-se de seguida. Os gelados servem apenas de aperitivo para os mais preguiçosos, mas se não chegar a argumentação continua, e faz parte da estratégia deste ano da organização, tal como partilha Filipa Pinto, vice-coordenadora do evento: “esta tem sido a nossa estratégia, temos abordado as pessoas, mostrado tudo o que preparamos, e é assim que as temos cativado”.
Com as mesmas cores das camisolas se pintam as mesas das várias empresas da feira que ocupou o átrio do Pavilhão Central. “Este ano tentamos inovar também no conceito da feira de empresas”, frisa João Araújo, presidente do Fórum Mecânica. E quando fala de inovar não se refere apenas às cores, fala também dos vários adereços que dão vida às bancas e das propostas que convidaram as empresas a trazer. “Além de tudo isto até quarta-feira temos empresas de todas as áreas, e nos últimos dois dias optamos por trazer startups, algumas que integram a comunidade spin-off do Técnico, e também por convidar os projetos dos núcleos a mostrar-se na nossa feira”, explica o presidente do Fórum Mecânica.
“E além das palestras temos round tables onde podes estabelecer conversas com os oradores convidados”, continua a argumentar o aluno de camisola verde, mesmo que a outra interlocutora já esteja perfeitamente convencida. Não ficamos até ao fim da conversa, mas com certeza se seguiu a abordagem dos vários workshops que preenchem o cartaz durante toda a semana, e que têm como público alvo os alunos e interessados da área, ou ainda outras atividades mais surpreendentes como “um test-drive num carro da McLaren que nós conseguimos trazer”, como exemplifica Filipa Pinto.
No leque de inovações surge o painel dedicada às Women in Tech que ocupou a manhã de terça-feira, 13 de março. Depois de um debate entre Anabela Peixoto, responsável pelo Departamento de Materiais Isolantes na EDP Labelec, e Sandra Augusto, diretora do departamento de logística da Autoeuropa Automóveis, moderado pela aluna Joana Antunes, foi a vez de Paula Panarra conduzir uma palestra repleta de genuinidade. A diretora-geral da Microsoft Portugal orientou os alunos pelo itinerário da sua carreira, partilhando histórias e motivações que nortearam as escolhas que foi fazendo. “Escolhi Engenharia Química, porque queria um curso que me abrisse o espetro para que mais à frente eu pudesse escolher melhor o que queria fazer”, começou por frisar. Numa “destas jornadas fui desafiada a concorrer à Procter&Gamble e fui chamada. Suspendi a minha bolsa de doutoramento e decidi arriscar”, conta de seguida. Depois de 15 anos nessa empresa volta a aventurar-se e aceita o convite da Microsoft, iniciando um novo capítulo. “Sou apaixonada por aquilo que faço e pelo lema da minha empresa”, confessa a alumna do Técnico.
Seguiu-se um misto entre a positividade que lhe é caraterística e lufadas de conselhos que fizeram os 45 minutos da palestra voar. A engenheira não se cansou de relativizar o medo de arriscar, de exaltar as valências que se levam do Técnico e que são reconhecidas pelo mercado ou de incentivar os alunos a tentarem até serem profissionais realizados. “O mais importante é acordarmos todos os dias com a certeza de que fazemos aquilo que nos apaixona”, frisa a diretora da Microsoft Portugal. “Se vos posso desafiar, aconselho-vos a que sejam protões na vossa vida. É isto que peço todos os dias às minhas equipas”, colmata.
E se a talk de Paula Panarra teve uma audiência média, outras houve em que os lugares vazios quase eram disputados. Foi o caso da palestra de Paulo Vidal, um alumnus do Técnico, que hoje exerce funções enquanto Manager da Segurança de Veículos na McLaren e da palestra do professor J. N. Reddy, professor de Engenharia Mecânica na Texas A&M University e um dos investigadores mais conceituados na área da Mecânica Aplicada. “Este orador é uma presença que nos orgulha bastante, e sabemos que além de muitos alunos vamos também ter muitos professores na audiência”, antevia João Araújo, acertando em cheio.
Diariamente e segundo a organização cerca de 800 pessoas passam pelas atividades do MecanIST. Até ao final da semana o número pode subir, tendo em conta que será em torno do empreendedorismo que o programa vai girar esta quinta e sexta-feira, 15 e 16 de março. “Se tivéssemos que definir este evento escolheríamos: plural e profissional”. Se dúvidas houver, um dos elementos das camisolas às cores espalhados pelo Técnico vai convencê-lo.