A Associação Portuguesa de Aeronáutica e Espaço (APAE), uma associação de alunos de Engenharia Aeroespacial do Técnico focada na divulgação e desenvolvimento de atividades na área da aeronáutica e espaço, tem sido a responsável por esta atividade. O primeiro passo para os jovens dos 12 aos 17 anos que participam é perceberem o que compõe um rocket. A partir daí, trata-se de pôr as mãos na massa: com madeira, cordel, cola e papel, muitos erros e risos à mistura, têm três horas para criar um mini-foguetão que sobrevoará o campus.
“Estão todos muito motivados”, confirma Mafalda Magro, uma das monitoras que acompanha o grupo que trabalha naquele momento. E isso vê-se à distância: não há um elemento que não trabalhe, dê opiniões ou corrija os colegas. O resultado, esse, só chegará no final da semana, no tal lançamento de todos os modelos construídos.
A atividade que este ano compõe o verão na ULisboa é baseada num workshop introdutório de construção de rockets que, há vários anos, faz parte do programa da Semana Aeroespacial, uma das que compõem as famosas IST Career Weeks. O facto de ser dirigido a pessoas que não sabem nada sobre foguetes e foguetões aplica-se perfeitamente a estes jovens do Ensino Básico e Secundário. Enquanto houver material, os erros são bem-vindos, e o que interessa é que aprendam qualquer coisa naquelas horas de diversão.
A APAE é um dos dois núcleos de estudantes da área de Aeronáutica e Engenharia Aeroespacial que existem no Técnico. Trabalha sobretudo na divulgação destes temas, ao passo que a S3A – Secção Autónoma de Aeronáutica Aplicada – se foca nos projetos e participação em competições internacionais.
Samuel Franco, presidente da S3A, explica que os dois núcleos se “complementam” e trabalham em áreas distintas. “A S3A nasceu no rescaldo da participação de duas equipas do Técnico no Air Cargo Challenge, uma competição de aeronáutica. Decidimos formar um núcleo que garante a transmissão de conhecimentos nesta área dos mais velhos para os mais novos.”
Neste momento, a S3A tem como principal missão a participação na competição bienal Air Cargo Challenge, que este ano decorreu em Estugarda, na Alemanha, mas não se fica por aí: organiza também uma competição de aeromodelismo aberta a toda a comunidade da Universidade de Lisboa, o Flying Ideas, um curso semestral de introdução ao aeromodelismo, o CIA, e edita uma revista, a Aeroespacial, com artigos sobre a área.
Os dois núcleos de estudantes dependem da entrada regular de novos membros para garantir a manutenção das suas atividades e projetos. Como afirma Samuel Franco, “o motivo pelo qual a S3A foi criada foi precisamente o de facilitar a passagem de conhecimento entre os elementos mais antigos e os novos membros, entre pessoas que queiram aprender”.
Uma das preocupações do grupo – uma secção autónoma da Associação de Estudantes do Técnico – é garantir que os novos membros se sentem integrados na equipa e trabalham na área em que se sentem melhor. “Começamos sempre por dar pequenas tarefas aos novos membros, para que percebam o que gostam de fazer e onde estão mais à vontade. A partir daí são depois colocados em determinada área de um dos projetos.”
Todos os vinte membros da S3A trabalham, de alguma forma, no aeromodelo que compete no Air Cargo Challenge – e onde são avaliadas várias dimensões, como a capacidade de transportar carga, o design do avião, a estabilidade, etc. – mas apenas seis (e um piloto externo) se deslocam até à competição, realizada sempre no país do último vencedor. Os restantes estão, de certa forma, distribuídos pelos restantes projetos levados a cabo pelo núcleo.
A competição Flying Ideas surgiu, precisamente, dessa necessidade de manter toda a equipa ocupada, e para preencher os anos em que não participam no Air Cargo Challenge. “A ideia do Flying Ideas é que cada equipa construa um modelo, indoor ou outdoor, para participar nesta competição interna”, refere Samuel Franco. “Já tivemos aviões totalmente diferentes, com ideias totalmente loucas – alguns funcionaram, outros não.”
Um júri avalia o voo dos aviões, a estabilidade, as acrobacias e, no final, as pontuações decidem o vencedor: “Este é o projeto que nos traz mais visibilidade”, explica o estudante de mestrado em Engenharia Aeroespacial, acrescentando que conseguem captar membros junto dos participantes da competição. “E não queremos só alunos de Aero, há muitos alunos de outros cursos que se interessam por esta área e nós estamos à procura deles.”
O que esperar deste tipo de núcleos? Samuel só pode falar do que conhece: “Juntei-me à S3A porque senti a necessidade de fazer algo mais além do curso. Queria ganhar um pouco mais de experiência e outras softskills”. “A S3A funciona como uma forma de complementar o curso, de uma forma mais prática. Acabamos por trabalhar em máquinas de laboratório, ou com programas de modelação e estruturas. São tudo conhecimentos que adquirimos no curso mas que depois aplicamos num projeto específico.”
E é fácil conciliar o estudo com os projetos? “Sim, desde que haja organização. Claro que depende de pessoa para pessoa, mas cada um gere o seu trabalho e o seu tempo como quiser, desde que cumpra as deadlines. Parece-se perfeitamente possível, até para alunos do primeiro ano.”