O Conselho Europeu de Investigação (ERC) comemora dez anos desde a sua fundação. Anos de apoio a investigadores de todos os campos da ciência, tempos de incentivo à investigação da mais elevada qualidade através do financiamento competitivo e rumo ao progresso e à excelência científica. O aniversário foi lembrado por toda a Europa, com várias instituições de investigação e entidades a juntarem-se à “semana do ERC”, promovendo eventos de vários tipos. Seguimos o exemplo e fomos falar com as caras das bolsas ERC com ligação ao Técnico.
Luís Oliveira e Silva, professor do Departamento de Física e presidente do conselho científico do Técnico, já recebeu os prémios ERC por duas vezes. Em 2010 e 2016, alcançou duas “advanced Grant”, sendo o único português a atingir o feito. Para o investigador a importância dos prémios reside “na liberdade quase total que dá ao investigador”, e pela “estabilidade a longo prazo para explorar novas ideias, com risco elevado, mas com potencial para grandes avanços científicos e tecnológicos”, afirma.
Também da área da Física vem outro dos premiados. O professor Vítor Cardoso, investigador e professor do Centro Multidisciplinar de Astrofísica (CENTRA), no Departamento de Física, ganhou uma “starting grant” e uma “consolidator Grant”, em 2010 e 2015 respetivamente. “Esta é a minha segunda ERC, e tornou-se óbvio após o começo da primeira que só com projetos generosos, livres de burocracia e estáveis se consegue fazer ciência de ponta”. O professor Vítor Cardoso acredita que o “sucesso das bolsas ERC” está no facto de este programa ser imune a fatores externos que possam pôr em causa a sua transparência e rigor. Quanto às mais valias refletem-se no prestígio que confere aos projetos dando-lhes visibilidade, mas também pela estabilidade financeira que propicia. Mostrando ainda, “que vale a pena pensar sobre ciência e sobre o mundo que nos rodeia, e vale a pena apoiar quem se debruça sobre isso”, diz o professor Vítor Cardoso.
A primeira bolsa atribuída em Portugal, pelo programa ERC, na área da Matemática pertence à professora Patrícia Gonçalves. Em 2016 viu a teoria da probabilidade e processos estocásticos dar-lhe uma “starting Grant”. É na possibilidade de construção de uma equipa de trabalho, que lhe permita desenvolver o seu projeto, que encontra a maior vantagem deste reconhecimento: “o que mais aprecio nesta bolsa do ERC é poder contratar uma equipa, é poder escolher os melhores candidatos para desenvolverem atividades de investigação centradas nos tópicos do meu projeto ao longo dos próximos 5 anos”, transmite.
O professor Rodrigo Rodrigues propôs-se em 2012 a endereçar problemas que ainda não tinham sido pensados de forma sistemática relacionados com a computação em nuvem, conquistando um “starting Grant”. O professor de engenharia Informática e de Computadores acredita que além deste programa “possibilitar a realização de projetos de elevado risco e elevado potencial” é também crucial “para atrair o talento que está espalhado pelo mundo para trabalhar na Europa”.
Relativamente ao Técnico, e ao papel da instituição na investigação que foram produzindo ao longo dos anos, todos são unânimes. Para o professor Vítor Cardoso” não é uma coincidência o Técnico ter atraído já 6 bolsas ERC”, afirma, rematando que para ele “a qualidade da investigação no Técnico é indiscutível”. A mesma ideia segue o professor Luís Oliveira e Silva, explicando que dado que estas bolsas são “transportáveis, ao decidir estar no IST reconhecemos o valor da instituição para atingirmos os nossos objetivos”.
Cerca de 7.000 investigadores de topo têm sido apoiados pelo programa de bolsas ao longo destes dez anos, desafiados a expandir as fronteiras do conhecimento, procurando soluções para problemas de várias ordens e áreas da ciência. A missão e as expectativas imputadas ao ERC aquando da sua criação, em 2007, de tornar a Europa um lugar para os melhores cérebros do mundo, onde a liberdade de investigação dependesse apenas da excelência, vêm sendo cumpridas.