Veículos espaciais viajam através do nosso sistema solar beneficiando do efeito de fisga oferecido pelo campo gravitacional de planetas e do Sol. As equações de Newton têm sido suficientemente precisas para calcular as trajetórias das naves em viagens interplanetárias. Será esta a verdade definitiva?
Segundo Mario J. Pinheiro, do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico, a verdade pode não ser essa: a origem de uma fração ínfima da aceleração adquirida pelas naves espaciais (ou mesmo um asteróide) não é compreendida. A ESA e a NASA precisam de dados bastante precisos para delinear futuras missões.
Agora, este cientista propõe uma teoria com nova física (uma corrente de torção topológica), um tipo de fluido de corrente que pode puxar ou empurrar o veículo espacial. O trabalho foi publicado na prestigiosa revista de astrofísica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society no seu número de 5 de Julho de 2016.
Esta corrente age quando uma nave ou asteroide aborda um planeta com o mesmo sentido de rotação (chamada direção prograde), mas é anulada quando a abordagem ocorre no sentido inverso de rotação (direção retrógrada). Existe uma clara assimetria e é, em parte, por isso que os planetas se movem em redor do Sol todos no mesmo sentido.
Nos livros didáticos aprende-se que um incremento de velocidade resulta no incremento do momento linear, um elemento fundamental de conhecimento usado pelos rocket scientists. Mas, aparentemente, um quarto elemento de força tem estado ausente da nossa compreensão das leis da mecânica, relacionado com a conversão direta do movimento angular em movimento de translação. Possivelmente, a corrente de torção topológica, um componente imprevisto com as caraterísticas de uma força, poderá explicar o que tem sido até agora uma classe de fenómenos naturais incompreendidos, e eventualmente aplicá-la em novas tecnologias.