Na edição de 2017 do Young Scientist Award for Socio- and Econophysics atribuído pela German Physical Society o contemplado foi um investigador do INESC-ID e docente do Técnico, o professor Francisco Santos. O prémio reconhece “contribuições originais notáveis” para desenvolver uma melhor compreensão de determinados problemas socioeconómicos. O professor do Técnico afirmou que receber “um prémio desta natureza é sempre gratificante, pois indicia que o trabalho realizado em colaboração com vários colegas é apreciado e tem relevância”, e “nesse sentido, é um estímulo para o futuro”, salientou.
Num trabalho que tem conjugado com colegas de várias áreas, o professor Francisco Santos tem-se focado na compreensão e na previsão de dinâmicas coletivas, desde o nível celular ao comportamento humano. “Como exemplo, temos trabalhado na identificação dos mecanismos subjacentes aos altos níveis de cooperação que frequentemente se observam, tanto na natureza como nas sociedades humanas”, começa por explicar. “Estes trabalhos recorrem a técnicas de simulação computacional, teoria dos jogos e inteligência artificial”, detalha. A evolução e a estabilidade de comportamentos e de normas sociais que promovem ações cooperativas, seja em pequenas comunidades ou em redes sociais de grandes dimensões, são alguns dos objetos de estudo destes modelos. “Isto leva-nos, entre outras coisas, a identificar paralelismos úteis entre os sistemas ecológicos e os sistemas sociais e económicos, particularmente no que diz respeito à evolução e desenvolvimento das suas estruturas e organizações”, esclarece o investigador do INESC-ID.
Outro dos focos de trabalho do professor Francisco Santos tem sido a busca da cooperação internacional em torno das alterações climáticas recorrendo à computação. A solução para este problema sugerida pelos modelos computacionais aponta para uma maior eficiência no que respeita a acordos locais. “Os resultados sugerem que se adotarmos uma perspetiva policêntrica ou bottom-up na abordagem deste tipo de problemas globais, provavelmente seremos mais bem-sucedidos do que se continuarmos unicamente com o tradicional paradigma top-down, apoiado em grandes cimeiras mundiais”, expõe o professor. “Através de modelos teóricos alicerçados em resultados experimentais, abordamos também o impacto da incerteza em relação aos objetivos a atingir, assim como as importantes dinâmicas sociais criadas pela desigualdade na riqueza”, acrescenta. Tirar partido dessa heterogeneidade para promover a cooperação internacional, é um dos objetivos da investigação que conduz.
Destacando o papel da computação no Século XXI “como uma das linguagens de excelência da investigação interdisciplinar”, o investigador do INESC-ID destaca a relevância que Técnico tem assumido nestas demandas e por conseguinte na sua investigação: “o Técnico tem sabido reagir a essa alteração de paradigma, reconhecendo a importância do ensino e da investigação em informática aplicada a outras engenharias e ciências, da biologia e medicina às ciências sociais”, frisa. “Estamos no bom caminho”, colmata posteriormente.