As interações fortes são uma pedra angular do Modelo Padrão da física de partículas. Nesta área, a lista em perguntas fundamentais ainda por responder é muito rica, e o seu estudo teórico e experimental atrai uma comunidade muito ativa de cerca de 2500 investigadores na Europa que se juntam no Projeto STRONG-2020, recentemente aprovado pela Comunidade Europeia no quadro do programa Horizon-2020. Esta é uma iniciativa estruturada de forma abordar as questões em aberto no estudo da interação forte, nos planos teórico e experimental.
O consórcio STRONG-2020, que conta com um financiamento na ordem dos 10 milhões de euros, inclui 44 instituições participantes, entre as quais está representado o Técnico através do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP). O professor João Seixas, docente do Departamento de Física (DF) e presidente do Center of Physics and Engineering of Advanced Materials (CEFEMA), é o coordenador nacional do projeto e assegura a participação em dois grupos de trabalho, dedicados a experiências de alvo fixo no LHC e à estrutura do nucleão. Por sua vez o também docente do DF e investigador do LIP, professor Guilherme Milhano coordena o grupo de trabalho do projeto dedicado à física dos iões pesados. O envolvimento de investigadores do Técnico deve-se em grande medida ao esforço e mérito de ambos os docentes.
No total cerca de 12 investigadores do Técnico estarão envolvidos neste consórcio. “No meu caso, a parte experimental no toca a estrutura do protão e a preparação de uma experiência de alvo fixo no LHC com o nome AFTER@LHC”, explica o professor João Seixas. “No caso do meu colega Guilherme Milhano trata-se da Física (teórica) de jatos de partículas em experiências de colisões de iões pesados a altas energias”, adiciona de seguida.
Contando com o fulcral apoio do Nuclear Physics European Collaboration Committee (NuPECC), o STRONG-2020 reúne muitas das principais infraestruturas e grupos de investigação na linha da frente do estudo das interações fortes, assegurando o acesso transnacional a infraestruturas de investigação de topo na Europa nesta área, bem como acesso virtual a código e ferramentas de acesso aberto, e fomentando claro as relações entre físicos teóricos e experimentais de toda a Europa.
A investigação desenvolvida no âmbito deste consórcio contribuirá de forma incontornável para a procura de Física para além de Modelo Padrão, tendo impacto noutras áreas da Física. As ferramentas e métodos desenvolvidos no quadro do STRONG-2020 trarão melhorias às infraestruturas de investigação europeias, aumentando a sua competitividade. As tecnologias que resultarão de tudo isto terão também impacto direto na medicina, na indústria, e influenciarão sucessivamente avanços em computação e machine learning. O professor João Seixas não hesita em afirmar que este é “o mais importante consórcio nesta área na próxima década. O montante envolvido assim o indica”, lembrando ainda que o envolvimento do próprio CERN reitera essa mesma importância.