“Uma visita guiada pelo Laboratório de Análises Do Técnico, antes de tudo”, é com esta frase, seguida pela simpatia que a carateriza, que a engenheira Cândida Vaz, contemplada recentemente com a Medalha de Mérito Científico, atribuída pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, nos recebe. Sendo ela o foco da notícia, não o quer ser só sozinha, aliás diz que só o é graças ao laboratório e a todos os que ao longo dos anos trabalharam com ela. Guia-nos pelos corredores do Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico (LAIST), narrando os detalhes deste crescimento, os esforços que tiveram que ser feitos, pedindo ajuda nas explicações daquilo que não domina, enfatizando o trabalho de equipa, “destacando as caraterísticas que fazem deste laboratório uma unidade de referência”.
Sentiu-se surpreendida quando o professor Manuel Heitor lhe ligou a informar que seria uma das contempladas deste ano. “Disse-lhe que não era preciso”, partilha a antiga diretora do LAIST. “Fiquei, no entanto, muito grata por o professor Manuel Heitor se ter lembrado de mim”, refere de seguida. Agora que já tem a medalha na sua posse, fará questão “a partilhar com os colegas do Laboratório”, afinal “foi graças ao apoio e trabalho de todos que conseguimos colocar o laboratório na posição de referência que ocupa”, refere a engenheira Cândida Vaz.
“Impulsionadora do Laboratório de Análises do Técnico, em Lisboa, distinguiu-se pelo controlo analítico e a inovação e metodologias de análise, bem como pelo estímulo contínuo à qualidade das águas em Portugal”, foi assim que o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, se referiu à engenheira Maria Cândida Vaz, minutos antes de lhe entregar a medalha. “Manteve um Laboratório de Análises de referência nacional e internacional num contexto académico, estimulando a interação com estudantes e investigadores”, referiu ainda o governante na altura. “Eu acho que dei um contributo importante para o laboratório crescer, mas não fui a única”, comenta a ex-diretora do LAIST.
“O Laboratório de Análises existe desde que o Técnico existe. Aliás até foi criado antes, em 1892 no Instituto Industrial de Lisboa”, vai contando a engenheira Cândida Vaz, à medida que mostra os primeiros laboratórios, a que ao longo do tempo tantos outros se foram acrescentando. Licenciada em Engenharia Química pela Universidade do Porto, chega ao Técnico para um estágio com o professor Fraústo da Silva, um especialista na área da química. “Quando cheguei cá, o laboratório era uma coisa muito pequenina”, relembra. “Um dia, numa das suas visitas ao laboratório, um dos antigos diretores do laboratório, o professor Herculano de Carvalho pediu-me para não deixar morrer o seu laboratório e isso, de facto, para mim pesou brutalmente e foi isso que tentei fazer”, partilha a galardoada que ocupou o cargo de diretora do LAIST entre 1984 e 2004. “Considero uma honra ter dirigido o laboratório, e sinto que cumpri o que prometi ao professor Herculano”, declara.
O gosto pela investigação “levou-me a procurar para o laboratório meios para que este estivesse o mais possível na vanguarda do conhecimento e da tecnologia”, explica a engenheira, justificando toda a dedicação que lhe apontam. “O laboratório permitiu aplicar estes conhecimentos analíticos, muito no controlo ambiental e em áreas ligadas à saúde”, acrescenta de seguida. Hoje em dia, apesar de já aposentada, continua a vir todos os dias ao LAIST. Abraçou recentemente um novo desafio: “estou a tentar fazer o inventário do espólio e publicar a história do laboratório”, conta enquanto nos mostra algumas das peças que já recuperou. “Não sei se vou conseguir cumprir”, exclama de seguida, mas quem com ela priva por breves minutos facilmente percebe que fará tudo para o conseguir. “O LAIST é hoje em dia um laboratório que se distingue pela qualidade da análise e pelo leque alargado de análises que faz”, enfatiza mais uma vez. “Quando estiver a beber água e se reparar no rótulo da garrafa vai perceber o quão longe levamos o nome do Técnico”, diz-nos à despedida para o caso de ainda termos dúvidas do orgulho que tem e na dimensão daquilo que ajudou a construir.