A ideia surgiu como uma forma de atingir os objetivos propostos na unidade curricular de Gráfica Computacional e Modulação Geométrica, uma disciplina do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica. Apesar da liberdade de escolha na execução do projeto, foi pedido à turma de Sara Freitas e Luís Rita que aplicassem conhecimentos de eletrónica, modelação 3D e programação integrantes no plano curricular da disciplina. “Após leitura de alguns livros relacionados com Arduino, Raspberry Pi, Internet of Things (IoT) e comunicação sem-fios decidimos avançar para o projeto que nos pareceu tecnologicamente mais desafiante e original”, explica Luís Rita. “Tanto quanto sabemos, este deverá ser o primeiro carro 100% impresso a 3D e controlado remotamente a partir de uma app”, refere a colega de grupo Sara Freitas. Depois da ideia, e na passagem à prática foi fundamental a ajuda do professor Luís Sousa, a oportunidade de desenvolver o projeto na oficina da Formula Student e de fazer a impressão 3D do modelo no iStartLab.
Entregue o projeto e concluído com sucesso o desafio de obterem uma boa classificação na unidade curricular, os dois alunos conscientes da “qualidade e do potencial da app” decidiram submetê-la, no mês de julho, ao prémio MIT App Inventor App of the Month. Em agosto a boa notícia chegava, com a congratulação da equipa do MIT por terem sido os vencedores na categoria Inventor, sendo os primeiros alunos portugueses a receber a distinção.
Mas em que consiste afinal este inovador projeto? Não é nada mais nada menos que uma aplicação que permite conduzir um carro por controlo remoto através de uma ligação Bluetooth a um dispositivo móvel e controlar aspetos como mecanismos e tecnologias do carro: a velocidade do carro, a direção de deslocamento e ainda manusear outros componentes como música, luzes e até um sistema de GPS. Para a construção do mesmo utilizou-se o Arduino, uma das principais plataformas de prototipagem eletrónica mundiais, o MIT App Inventor 2 que revolucionou a forma como são criadas aplicações Android e, por fim, um dos softwares de CAD 3D mais reconhecidos – SolidWorks . Para além da aplicação gratuita para smartphone ou tablet – para já apenas disponível para o sistema operativo Android -, Sara Freitas e Luís Rita construíram um carro telecomandado que responde aos comandos da aplicação, com recurso a uma impressora 3D. O objetivo central deste projeto é que as pessoas possam construir o seu próprio carro low-cost, com recurso ao manual disponibilizado no site do projeto e que usufruam da aplicação para o controlar. “Queremos que este seja um marco, um impulso para a democratização desta nova forma de impressão e criação de aplicações Android”, afirma Sara Freitas. “A impressão completa do carro teve um custo inferior a 1€ e, considerando também a parte elétrica, o modelo completo pode ser construído por menos de 10€. Assim, demonstrámos e fazemos questão de enfatizar que a impressão 3D já não é proibitivamente cara e que com o manual de instruções completo, dispensam-se conhecimentos técnicos para criação de muitos destes dispositivos, bem como das respetivas apps”, salienta por sua vez Luís Rita.
“Imensamente gratos pela distinção do MIT e o reconhecimento do Técnico e da Ordem dos Engenheiros”, os dois alunos do Técnico asseguram que “continuaremos a trabalhar para levar este projeto ainda mais longe”. E quem sabe continuar a inovar cada vez mais, afinal e como bem lembra Luís Rita “se hoje construímos um carro controlado remotamente, amanhã poderá ser um barco, um avião…”