Maria Arez, estudante de doutoramento do Instituto Superior Técnico e investigadora do Instituto de Bioengenharia e Biociências (iBB) está entre os cinco vencedores da 4.ª edição do Prémio Maria de Sousa pela sua investigação na área da epigenética. A cerimónia de entrega do prémio ocorre esta tarde, 9 de outubro, às 17h, na Aula Magna da Reitoria da Universidade Lisboa.
A doutoranda do Técnico desenvolve trabalho na área das células estaminais pluripotentes induzidas, ou seja geradas em laboratório a partir de células do nosso corpo (como células sanguíneas ou da pele). “São células com capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula do nosso corpo, o que veio abrir portas a terapias celulares personalizadas e à medicina regenerativa, superando os problemas de rejeição que muitas vezes acontecem”, explica.
No entanto, a produção destas células “ainda não é perfeita” e podem ocorrer erros, nomeadamente em zonas reguladas pelo imprinting parental, o mecanismo que controla a expressão de genes específicos garantindo que sejam expressos só pela cópia paterna ou só pela cópia materna mas nunca por ambas como a generalidade dos genes. “Defeitos neste mecanismo levam ao aparecimento de doenças do desenvolvimento e, portanto, é essencial garantir que estes erros não ocorram na produção destas células. A minha linha de investigação foca-se em perceber que tipo de erros são estes, como e quando é que eles ocorrem durante a produção destas células e como é que podemos evitar ou corrigi-los”, acrescenta.
Maria Arez começou por estudar o fenónemo em células de ratinhos, tendo posteriormente passado para células humanas. Para o futuro, para além de cumprir um estágio internacional em França (no CNRS, Epigenetics and Cell Fate Center, Université Paris Cité) na sequência deste prémio, deseja estabelecer a sua própria linha de investigação para continuar “a corrigir os erros de imprinting parental que surgem durante a geração de células estaminais”.
O Prémio Maria de Sousa homenageia a médica e investigadora e é uma parceria entre a Fundação Bial e a Universidade Lisboa. Pretende apoiar monetariamente cinco investigadores até aos 35 anos de idade, em projetos de investigação na área das Ciências da Saúde e tem de incluir um estágio num Centro Internacional de Excelência.
Este ano, a entrega do prémio acontece na Conferência 30 Anos Fundação Bial que conta com António e Hanna Damásio como oradores.
Em 2022, Ana Melo, também investigadora do Técnico, foi uma das vencedoras do Prémio Maria de Sousa.